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| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O primeiro fim de semana de agosto, prazo final para realização de convenções partidárias, será movimentado. Alguns dos principais candidatos à Presidência da República e partidos oficializam entre sábado (4) e domingo (5) como se comportarão na disputa eleitoral deste ano.

O PT fará algo inédito: lançar um candidato a presidente que está preso. Já o PSDB confirmará a chapa completa, com apoio de uma grande aliança de centro-direita. Também vão confirmar seus candidatos o Podemos e a Rede. Outros partidos como Novo, PSB e PR se reunirão neste fim de semana para esse ato formal, exigido pelo Código Eleitoral.

Em anos anteriores, o comum era que as convenções apenas chancelassem o destino articulado pelos partidos até aquele momento. Nesse ano atípico, porém, algumas convenções serão mais uma oportunidade para fazer discursos e promover uma festa entre a militância.

ACOMPANHE: Veja em tempo real a cobertura das convenções partidárias deste sábado

Ainda há indefinições sobre candidatos a vice em algumas chapas presidenciais. E há também possibilidade de que novos acordos sejam selados até 15 de agosto, aproveitando uma brecha na legislação vigente. 

Veja abaixo o que esperar das principais convenções deste fim de semana: 

PT faz ato inédito e lança candidato preso 

Palco, telões, sistema de som e material gráfico para distribuição já estão em ordem – é só chegar. O PT vai realizar sua convenção nacional neste sábado, às 10 horas, em São Paulo. E, em um ato inédito, na Casa de Portugal, confirmará o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde o início de abril, como candidato à Presidência da República. 

O que também já está pronto é o discurso do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, o nome mais cotado para assumir a cabeça da chapa petista num futuro próximo. Dando continuidade à estratégia da sigla de reiterar Lula como candidato, Haddad vai apostar na defesa de seu padrinho político, com frases de efeito sobre "estado de exceção" e negativas em torno de qualquer substituição. 

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O estado de incerteza e de insegurança jurídica que virou a candidatura petista afastou aliados históricos do partido. Mas ainda pode haver surpresas. Na sexta-feira (3), a deputada Manuela D'Ávila, que lançou seu nome para concorrer ao Planalto pelo PCdoB, foi convidada extraoficialmente para compor com ele na vaga de vice. O próprio Lula, porém, vetou o anúncio oficial – ele ainda sonha em uma composição com o PDT de Ciro Gomes, que teve a candidatura desidratada pela decisão do PSB de anunciar neutralidade da disputa nacional. Há ainda quem defenda que o próprio Haddad seja ungido a vice. 

Toda essa indefinição deve-se à possibilidade de que a inelegibilidade de Lula seja confirmada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em observância à Lei da Ficha Limpa, uma vez que ele é condenado por um tribunal colegiado da Justiça.

A direção petista, liderada pela senadora Gleisi Hoffmann, defende que o nome do vice seja formalizado só na véspera do prazo para registros de candidatos (15 de agosto), quando, inclusive, o PT pretende inscrever Lula. No entanto, os advogados do partido acreditam que essa decisão representa um risco à candidatura petista nas eleições 2018, já que, na quinta-feira (2), o TSE determinou que a escolha dos vices também ser oficializada até segunda-feira (6). “Não houve nenhuma mudança jurisprudencial na Justiça Eleitoral”, justificou a senadora sobre uma possível modificação de entendimento de Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinando que o nome de vice seja homologado 24h após as convenções partidárias.

Gleisi acredita que são necessárias mais conversas para definir a composição final. Mas a convenção deste fim de semana pode trazer alguma surpresa nesse sentido, apontando quem, na teoria, estaria ao lado de Lula. 

PSDB comemora, mas é cobrado por discurso atraente 

O pré-candidato Geraldo Alckmin chega à convenção do PSDB com candidato a vice-presidente já anunciado – a senadora Ana Amélia (PP-RS) – e o apoio de uma amplia aliança partidária de centro, com destaque para as siglas do chamado Centrão. O ex-governador de São Paulo também deve ser aclamado entre seus correligionários como candidato à Presidência, em um momento especial para os tucanos, com outros nomes que já disputaram pré-candidaturas ao Palácio do Planalto escanteados (os senadores Aécio Neves, de Minas Gerais, e o paulista José Serra).

Porém, esse clima de festa terá de ser respaldado por conteúdo e por uma demonstração de Alckmin de que sabe o quanto está sendo investido nele pelo Centrão e que ele precisará se esforçar para superar suas fraquezas, notadamente a falta de carisma. 

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“Alckmin está surfando a onda boa, colhendo boas notícias. Ganhou musculatura. Fechou com Ana Amélia. Avança no eleitorado feminino, avança no sul. E agora ele tem de ir além da falta de carisma. Aproveitar o momento simbólico, que é o de uma convenção, fazer um discurso forte, de conteúdo, elencar alguns temas”, avalia o cientista político André César, da Hold Assessoria Legislativa. 

A convenção marca o começo da campanha, quando Alckmin e o PSDB terão de mostrar a seus apoiadores que têm condição de ser a força de centro-direita nesta eleição. “A cobrança em cima do Alckmin será grande. Aliados vão cobrar muito dele. Tem um custo para todo mundo. Ele tem de entregar. Se ele não der resultado, pode ser abandonado”, avalia César.

“O desafio dele é ganhar voto. Precisa saltar dos 10% de intenção de voto que está hoje. E esse avanço tem de ser tirando votos do Jair Bolsonaro. Ele pode, por exemplo, focar seu discurso em segurança pública, que é um dos assuntos fortes do Bolsonaro”, disse o analista.

Hora de Marina e a Rede mostrarem propostas 

A Rede, de Marina Silva, fará sua convenção em Brasília, disputando as atenções com Alckmin e Lula. Também já apresentou sua opção de vice-presidente, com o médico Eduardo Jorge, do PV. Essa escolha de vice já deixa entrever bastante do que será a campanha de Marina, com perfil similar entre ela e Jorge. Ou seja, haverá pouco espaço para o crescimento da chapa fora do eleitor que tradicionalmente vota na Rede ou no PV. 

Por isso, a convenção da Rede terá como desafio mostrar algo novo, que avance para além dos temas que Marina e Jorge já dominam, como os ligados ao ambientalismo. Para André César, Marina deve tentar expor mais propostas, programas e planos, o que ainda não foi evidenciado até esta fase da pré-campanha. 

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“Marina continua batendo na mesma tecla de não ser incisiva nos pontos importantes. Tudo fica para discutir. Isso mostra um certo assembleismo, uma herança de esquerda. Tem muitos assuntos que são fundamentais para o país, como a reforma da Previdência e a tributária, que já foi debatido e ela poderia se posicionar mais”, avalia o cientista político. 

Como optou por uma chapa de perfis parecidos entre presidenciável e seu vice, Marina precisa agora batalhar para conseguir votos fora de seu eleitorado tradicional. 

“Precisamos olhar se ela vai dar um salto, transcender o eleitor dela. E começa por uma convenção forte é o caminho, optando por dois ou três temas, mostrar para o eleitor e deixar claro tais pontos, além dos temas que ela tradicionalmente já é forte. A convenção seria esse momento, de dar um salto, de ter esses tratamento de assuntos novos estampando os jornais no dia seguinte”, disse César. 

Com pequena estrutura, Podemos vai confirmar Alvaro Dias 

O senador Alvaro Dias passou meses sendo sondado sobre a possibilidade de desistir de sua candidatura, mas desde o início rejeita essa hipótese. Apesar do pouco tempo de televisão e de alianças apenas com partidos nanicos (PSC e PTC), o parlamentar manteve o nome na disputa. O projeto eleitoral dele é desejo antigo, alimentado quando ainda estava no PSDB, de onde saiu em 2016, para o PV, e depois para o Podemos. 

Alvaro é conhecido no Sul do país e tem boa avaliação na região. Por isso, foi um dos nomes sondados por Geraldo Alckmin para a vaga de vice na chapa tucana. Após sucessivas negativas, o senador do Podemos conquistou o apoio do PSC e convidou Paulo Rabello de Castro, ex-presidente do BNDES, para vice. Nesta sexta, o senador ainda conseguiu atrair para sua coligação co PTC do ex-presidente Fernando Collor.

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No fim das contas, com todas as dificuldades advindas especialmente do seu tamanho e estrutura reduzidos, o Podemos confirmará o nome de Alvaro Dias na corrida ao Palácio do Planalto na convenção em Curitiba. A candidatura, no mínimo, servirá para puxar votos para deputados do partido, acreditam integrantes. 

PSB vai à convenção no domingo tentando driblar divergências internas 

O PSB realiza sua convenção no domingo (5), em Brasília. O partido fechou um pacto de neutralidade com o PT no âmbito nacional e costurou acordos regionais para viabilizar algumas de suas candidaturas com essa legenda. Não irá lançar candidato à Presidência da República, mas tem problemas a resolver. 

O acordo com o PT gerou problemas ao partido, em especial em Minas Gerais. O ex-prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda, cotado para ser vice de Ciro Gomes, do PDT, teve a candidatura ao governo do estado rifada e foi oferecida a ele uma vaga de senador na chapa do governador Fernando Pimentel, do PT, que tentará a reeleição. 

Há também questões que envolvem o governador de São Paulo, Márcio França. Candidato à reeleição no estado, ele quer ainda mudar a posição do partido e levá-lo a apoiar Geraldo Alckmin, do PSDB.

Calendário

Veja todas as convenções do fim de semana: 

Sábado, 4 de agosto 

Geraldo Alckmin (PSDB) - Brasília 

Marina Silva (Rede) - Brasília 

Lula (PT) - São Paulo 

Alvaro Dias (Podemos) - Curitiba 

João Amoêdo (Novo) - São Paulo 

PPS - Brasília 

PR - Brasília 

Domingo, 5 de agosto 

PSB - Brasília 

João Vicente Goulart (PPL) - São Paulo 

Levy Fidelix (PRTB) - São Paulo

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