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| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

O pré-candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) deu palestra sobre a conjuntura política e econômica brasileira na Associação Comercial do Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (21). Ele falou para uma plateia de cerca de 350 empresários, que pagaram R$ 180 (associados) e R$ 220 (não associados) para ouvi-lo. Veja o que de mais importante disse o presidenciável que aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso e condenado na Operação Lava Jato.

Reforma trabalhista

Bolsonaro defendeu a flexibilização das leis trabalhistas como forma de reduzir o desemprego. “Aos poucos a população vai entendendo que é melhor menos direitos e emprego do que todos os direitos e desemprego”, disse. O presidenciável do PSL defendeu que as leis trabalhistas no Brasil devem “beirar a informalidade” e que, se eleito, pretende implementar no país “algo parecido com o que ocorre nos Estados Unidos”, onde empresas e funcionários negociam diretamente, sem a predominância de acordos coletivos entre patrões e sindicatos.

Ele afirmou ainda que pretende, se eleito, estimular o crescimento da economia por meio de privatizações “com critério” e de um processo de desburocratização que estimule investimentos. “Os ministros da Fazenda e da Economia precisam ser um só, e ter porteira fechada. Tem que desburocratizar, facilitar a vida de quem quer investir. Tem que partir para privatização com critério, não botar tudo para o mercado. Temos que acreditar nesse homem ou nessa mulher que por ventura irá assumir esse megaministério.” O principal conselheiro econômico de Bolsonaro é Paulo Guedes, que foi um dos fundadores do banco BTG Pactual.

Privatização da Eletrobras

O pré-candidato disse ter reservas quanto a uma possível privatização da Eletrobras. Apesar de ter escolhido um economista de inclinação liberal para assessorá-lo no discurso econômico, Bolsonaro tem dito que é favorável a privatizações de estatais desde que não de áreas estratégicas para o país. Ele tem criticado, por exemplo, a compra de ativos de mineração e energia por empresas chinesas.

Questionado se concorda ou não com a privatização da Eletrobras, Bolsonaro disse que “tem que ver o modelo [de venda]”, mas, a princípio, se estivesse na presidência atualmente, “reagiria” à iniciativa. “Temos que ver o modelo. A princípio eu reagiria a isso aí. O Brasil não pode ser um país em leilão”, disse ele. Minutos antes, durante seu discurso, ele chegou a dizer que o “Brasil não pode ser inquilino dele mesmo”, numa crítica a venda de ativos e recursos naturais do país a empresas estrangeiras.

Preço dos combustíveis

Bolsonaro criticou ainda o alto preço dos combustíveis no país, mas evitou fazer críticas diretas ao modelo de formação de preços da Petrobras. Segundo ele, o combustível é caro no Brasil por fatores que vão desde a alta carga tributária ao que ele chamou de “indústria da multa”. Ele não sinalizou para uma possível mudança na política de combustíveis da estatal, caso eleito. Reclamou, contudo, da forma como a empresa é administrada atualmente. “Não pode a Petrobras tirar o atraso da roubalheira em cima do consumidor”, afirmou. A estatal anunciou nesta segunda mais um aumento de combustíveis, em meio a protestos de caminhoneiros em todo o país.

Invasões de terra

Para o presidenciável do PSL, as invasões de propriedade promovidas pelo Movimento Sem Terra (MST) e o Movimento Sem Teto (MTST) devem ser tipificadas como ações “terroristas”. “Nós temos que tipificar como terroristas as ações desses marginais”, afirmou. “Proriedade privada, é privada. É sagrado e ponto final. Invadiu, garantindo que é ato ilegal, chumbo”, disse. De acordo com Bolsonaro, é preciso ser “radical” com essas questões. Ele classificou os militantes do MST e do MTST como “vagabundos e marginais”. Ele defendeu ainda o porte de armas para população civil e o endurecimento no combate à criminalidade.

Veja também: O que propõem oito pré-candidatos a presidente sobre o porte de arma

Janaina Paschoal

Após a palestra, Bolsonaro foi questionado sobre a formação de sua chapa. Ele negou ter convidado a advogada Janaina Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, para ocupar o cargo de vice. Segundo ele, houve apenas uma conversa entre os dois, por telefone, e a eleição presidencial não foi um dos assuntos abordados. Filiada ao PSL, Janaina chegou a ser especulada como possível candidata ao governo do estado de São Paulo. Mas ela declinou do convite e disse que não pretende entrar na política. Depois disso, passou a ser cotada para compor chapa com Bolsonaro. O preferido dele para a função, porém, é outro: o senador Magno Malta, do PR.

Ciro Gomes

Sobre as palavras de Ciro Gomes, pré-candidato à presidência pelo PDT horas antes, Bolsonaro não quis polemizar. Ele questionou se “alguém ainda acredita no Ciro Gomes?”, referindo-se ao episódio em que Ciro sugeriu que Lula deveria ser “sequestrado” para fora do Brasil em caso de a Justiça decidir pela sua prisão. “Ele falou que ia sequestrar o Lula e não fez”, afirmou Bolsonaro.

Ciro disse em sabatina da Folha de S.Paulo, UOL e SBT, na manhã desta segunda, que Bolsonaro seria o adversário menos difícil de ser derrotado no segundo turno. “É lógico que ele está desdenhando de mim. Eu não tenho fundo partidário, não tenho tempo de TV e estou com 20%”, disse Bolsonaro.

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