Onde ficam os maiores redutos bolsonaristas do Brasil?

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O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) conquistou a confiança da população da região sul do país de uma forma impressionante. Nos três estados - Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul -, venceu com mais de 60% dos votos válidos (veja infográfico). 

Só em Santa Catarina, ele recebeu 75,92% e em mais de dez cidades desse Estado obteve mais de 80% da preferência do eleitor. Inclusive, o governador eleito de Santa Catarina, Comandante Moisés, com 71% dos votos válidos, pertence ao partido do novo presidente.

A cidade que teve a mais expressiva votação em favor do pesselista, em proporção dos votos válidos, fica na serra gaúcha e tem pouco mais de 2.500 habitantes. A pequena cidade de Nova Pádua registrou 92,96% dos votos válidos para o capitão reformado do exército. De um total de 1.904 votos realizados no município, 1.770 foram em favor de Jair Bolsonaro.

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Nova Pádua foi colonizada por italianos da região de Vêneto, em 1866. Os imigrantes fugiam da miséria imposta pela guerra contra austríacos, que tentava para unificar o país. Inicialmente chamada de 16ª Légua do Campo dos Bugres, o nome da cidade foi modificado após tornarem benta a imagem de Santo Antônio de Nova Pádua. A emancipação do município, que primeiro foi distrito de Caxias do Sul e depois de Nova Trento–Flores da Cunha, aconteceu em 1992 após a aprovação em plebiscito.

Com economia predominantemente agrícola, a cidade preserva ainda hoje a tradição de usar o Dialeto Vêneto, marca cultural dessa região italiana. Também da Itália vem a predominância da religião Católica, evidente em várias festas que homenageiam santos e padroeiros. A indústria local investe na produção de vinhos, e 27 vinícolas empregam boa parte da mão de obra paduense. 

O município se desenvolveu rapidamente e recebeu, , no ano de 2006, o 1º lugar da UNICEF como o município com o melhor Índice de Desenvolvimento Infantil. Com o título, Nova Pádua tornou-se conhecida em todo o Brasil.

Em Santa Catarina

O Estado que mais apostou no governo de Jair Bolsonaro teve como cidade mais fiel ao futuro presidente o município de Rio Fortuna, que registrou 89,63% da preferência para o candidato do PSL. Dos 3.663 votos computados, 3.283 foram a favor do presidente eleito.

Com população estimada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de pouco mais de 4.600 pessoas, o município tem na agropecuária sua maior fonte econômica. Suas principais culturas são o cultivo de milho, fumo, feijão e, mais recentemente, tem aumentado o plantio de florestas de pinus e eucalipto. A produção de gado leiteiro é a base também da indústria na cidade, que é uma das principais fornecedoras de laticínios do Estado.

Há pouco tempo descobriu-se um enorme potencial da cidade na extração do minério fluorita, base para produção de flúor industrial. Essa descoberta fez a economia da cidade dar um salto significativo. De acordo com os dados do IBGE, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) da cidade, que era 0,65 no ano de 2000, hoje é de 0,80. E o PIB per capta que era de R$ 20,5 mil em 2012 mais do que dobrou: em 2015, já era de R$ 50 mil.

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Rio Fortuna teve seu nome originado de uma caçada dos colonizadores da região. Segundo o livro “Rio Fortuna: Nossa Terra, Nossa Gente” (Recorde: 1997), de autoria de Roberto João Tenfen, os primeiros imigrantes que vieram colonizar a região de Rio Fortuna, também se encontravam açorianos. 

Vindos de São Pedro do Capivari (SC), estes desbravadores tinham na caça, abundante na região, seu sustento. Na época, topógrafos da Empresa de Terras e Colonização estavam na região para demarcar as terras para os colonos. Com o auxílio de caçadores, os topógrafos mataram duas antas. Os animais caíram no rio, que até então não tinha denominação. Diante da façanha, os caçadores exclamaram: Glückfluss (Que Fortuna! Rio da Sorte). Assim o rio recebeu o nome de Fortuna que posteriormente seria o nome da cidade.

Além dos açorianos, a cidade foi colonizada, em 1872, por descendentes de alemães que vieram de Anitápolis, Teresópolis, Tubarão e São Pedro do Sul (atual Armazém). Ao chegarem às terras de Rio Fortuna, os pioneiros da colonização se depararam os índios, pertencentes à tribo Xöklen, os quais foram os primeiros moradores do município.

No Paraná

No estado paranaense, a população dedicou 68,43% da preferência pelo capitão da reserva. Mas também houve cidades que votaram maciçamente no pesselista. A maior votação de Bolsonaro foi no município de Quatro Pontes, que dedicou 2.509 votos em favor do capitão, dos 2.913 votos registrados. O equivalente a 86,13% dos votos válidos. 

Com cerca de 4000 mil habitantes, a pequena cidade do Oeste tem apenas 25 anos e foi colonizada nos idos de 1950, por uma empresa madeireira que loteou a terra em terrenos de 25 hectares e convidou colonos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina para trabalhar na abertura da mata e beneficiar a produção de madeira. 

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Porém, após a finalização do desmatamento, os lotes e a terra acabaram inapropriados para a cultura do café, principal produto da época no Estado. A suinocultura foi a solução para conseguir produzir renda na região, cultura que até hoje rende bons frutos para a cidade.

Com a modernização agrícola de 1970, o cultivo de soja passou a ser viável na região, mas os lotes ainda eram pequenos para o manejo da produção. Então, os proprietários passaram a arrendar terrenos vizinhos, ou comprá-los, para viabilizar a nova cultura.

Em 1993, deixou de ser um distrito de Marechal Candido Rondon e se tornou o município de Quatro Pontes. Sua população é de origem predominantemente alemã, a qual mantém a tradição em festas.

Grandes cidades

Jair Bolsonaro também teve expressiva votação nas maiores cidades do país. Das cinquenta cidades com maior número de eleitores, garantiu maioria dos votos em 45. Vale destacar o desempenho em Brasília, onde obteve 69,99% dos votos válidos, em Curitiba, cidade em que computou 76,54%, e Goiânia, em que teve 74,20%.

Em Joinvile, município de Santa Catarina com quase 400 mil eleitores, Bolsonaro conquistou 83,18% do eleitorado. Ou seja, dos pouco mais de 315,5 mil votos da cidade, o capitão recebeu cerca de 262,5 mil.