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| Foto: Evaristo Sa/AFP

Com dificuldade de encontrar um nome com viabilidade eleitoral que aceite o rótulo de “candidato do governo”, o MDB discute com partidos aliados esconder o presidente Michel Temer durante a campanha presidencial. A proposta na mesa é que o candidato apoiado pela sigla terá de pregar as reformas e iniciativas da atual gestão, mas não precisará defender diretamente o presidente ou colocá-lo em palanques eleitorais e propagandas televisivas.

Segundo relatos de amigos e aliados, o emedebista já se conscientizou que seu apoio é tóxico, ou seja, mais prejudica do que ajuda na disputa presidencial. Com governo considerado ruim ou péssimo por 70% dos brasileiros, segundo o Datafolha, Temer anunciará a sua desistência de concorrer à reeleição.

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Embora insista publicamente em uma candidatura própria ou do ex-ministro Henrique Meirelles, o partido reconhece em conversas reservadas que o caminho mais natural é que apoie um nome de outra legenda da chamada de centro-direita. Temer pode anunciar a desistência de sua candidatura à reeleição nesta terça-feira (22).

Nas conversas com partidos da base aliada, o MDB tem aceitado a possibilidade de que pré-candidatos presidenciais evitem defender ou citar o emedebista em discursos. Nas palavras de um dirigente do partido, o papel do presidente no processo eleitoral será “permanecer no Palácio do Planalto”.

A postura representa uma mudança no discurso do MDB, que antes cobrava uma defesa pessoal ao presidente dos partidos aliados que reivindicavam uma aliança com a legenda. A alteração deveu-se principalmente ao receio de um desgaste ainda maior de imagem.

Novo tom agrada

A avaliação negativa do governo é um dos principais fatores para que legendas como PSDB e DEM, por exemplo, venham mantendo certo distanciamento do Palácio do Planalto. Com o novo tom do MDB, os prováveis aliados já não se sentem mais obrigados a utilizar a imagem ou citar o nome do presidente durante a campanha presidencial, o que deve facilitar uma composição com os partidos de centro, entre eles, o PSDB.

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Em negociação com o MDB, o pré-candidato tucano à Presidência da República, Geraldo Alckmin, tem sentimentos dúbios sobre uma aliança com o partido do presidente. Se por um lado ele tem interesse no acréscimo de 1min26s que uma aliança poderia trazer ao seu tempo de propaganda televisiva, há um temor de que sua imagem ligada a Temer possa prejudicar o seu já frágil desempenho eleitoral. Segundo a última pesquisa Datafolha, Alckmin tem entre 6% e 8% das intenções de voto. 

Os tucanos não são os únicos procurados pelo MDB. Lideranças da legenda têm negociado com o PRB, do empresário Flávio Rocha, e com o Podemos, do senador Álvaro Dias. Apesar das conversas, os caciques emedebistas acreditam que as alianças só serão costuradas em julho. Até lá, o DEM deve manter o nome do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ), como seu pré-candidato e o MDB, o de Meirelles.

Temer deve anunciar desistência de reeleição nesta terça

O presidente Michel Temer avalia anunciar oficialmente nesta terça-feira (22) a desistência de uma candidatura à reeleição. No mesmo evento, ele deve comunicar seu apoio ao ex-ministro Henrique Meirelles como o nome do MDB para disputar o Palácio do Planalto em outubro. A ideia é de que o anúncio seja feito em evento que lançará o documento “Encontro com o Futuro”, que será usado como a plataforma do partido para a sucessão presidencial.

Em conversas reservadas, o presidente reconhece não ter viabilidade eleitoral para disputar o cargo. Ele tem dito que aumentou o volume de críticas desde que manifestou interesse em seguir no posto. Apesar de já ter sido convencido a formalizar na terça-feira (22) sua saída da disputa, Temer disse a assessores e auxiliares que só tomaria a decisão final na noite de segunda-feira (21), quando fechará seu discurso para o encontro.

A ideia inicial do presidente era confirmar a sua desistência apenas em julho, às vésperas das convenções partidárias. Sob pressão de seu próprio partido, contudo, ele decidiu antecipar o anúncio. A cúpula da sigla vem reclamando que a insistência dele de manter a candidatura estava atrapalhando as negociações com partidos aliados para a formação dos palanques nacionais e estaduais.

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Na última pesquisa Datafolha, de abril, o governo do emedebista apareceu com 2% das intenções de voto e 64% não votariam nele de jeito nenhum. O ex-ministro da Fazenda também tem um percentual baixo, de 1%, mas o seu índice de rejeição é bem menor, de 17%, o que indica uma margem de crescimento.

Com a decisão de não ser candidato, Temer já escalou o presidente do conselho nacional do Sesi (Serviço Social da Indústria), João Henrique Almeida Sousa, e o marqueteiro Elsinho Mouco para a campanha presidencial de Meirelles.

O documento que será lançado é uma espécie de continuação do “Ponte para o Futuro”, de outubro de 2015, criado às vésperas do impeachment da então presidente Dilma Rousseff. O texto de 2015 trazia uma análise conjuntural do país e estabelecia metas a serem cumpridas. Ele foi usado como base para o governo de Michel Temer, que assumiu o comando do Palácio do Planalto em maio de 2016.

Metodologia da pesquisa

A pesquisa eleitoral do Instituto Datafolha foi feita entre os dias 11 e 13 de abril. Foram entrevistados 4.194 brasileiros com 16 anos ou mais em 227 municípios brasileiros. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BR-08510/2018 e foi encomendada pelo jornal Folha de S.Paulo.

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