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| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Os debates e sabatinas com presidenciáveis já começaram, apesar da incerteza em torno dos nomes que vão de fato aparecer na urna eletrônica em 7 de outubro. Curiosamente, os dois principais nomes da disputa ao Palácio do Planalto, segundo as pesquisas eleitorais, vivem dilemas opostos: Jair Bolsonaro (PSL) tem faltado aos eventos em que é convidado, deixando seu espaço vazio. Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está preso pela Lava Jato, briga na justiça para participar de entrevistas feitas com presidenciáveis. 

Ao menos três grandes eventos ocorreram entre abril e maio para reunir os principais pré-candidatos. Nos três, Bolsonaro não compareceu. O gabinete do deputado informou que os eventos foram realizados em dia de sessão na Câmara. “Como o deputado Bolsonaro não se ausentou do cargo, ficaria impossível comparecer [aos eventos], pois receberia falta. A falta ocasiona perda de salário”, afirmou a assessoria. 

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O pré-candidato, que é o segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto, logo atrás de Lula, tem usado a estratégia de não se expor em locais onde precisa expressar opiniões e propostas, optando por comparecer a eventos para os quais é convidado por apoiadores.

Nesses casos, o parlamentar tem assumido as faltas. “Quando ele assume o compromisso e existe sessão, leva falta. Normalmente. Não justifica”, afirmou sua assessoria. Segundo o site Ranking dos Políticos, Bolsonaro tem 25 faltas não justificadas nesta legislatura (desde 2015) e cinco com justificativa. 

No Fórum da Liberdade, realizado em Porto Alegre no dia 9 de abril, o presidenciável do PSL foi convidado e primeiramente aceitou o convite, mas depois não compareceu. Participaram do evento Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT), João Amoêdo (Novo), Flávio Rocha (PRB), e Geraldo Alckmin (PSDB).

No dia 8 de maio, ele também faltou em evento em Niterói (RJ), promovido pela Frente Nacional dos Prefeitos (FNP). Dois dias depois, Bolsonaro também não compareceu a outro evento em Porto Alegre, promovido pela União Nacional dos Legisladores e Legislativos (UNALE). 

Nesse dia, Bolsonaro viajou para Belo Horizonte, para evento com apoiadores. Em suas redes sociais, ele divulgou manifestação de apoio que recebeu ao embarcar no avião, rumo ao aeroporto da Pampulha, e também ao ser recebido na capital mineira aos gritos de “mito!” e “o capitão chegou”.

Na Justiça, PT tenta obrigar imprensa a fazer entrevistas 

Preso na Polícia Federal, em Curitiba, desde 7 de abril, Lula tem tentado viabilizar sua participação nos eventos pré-eleitorais, sem sucesso. No dia 9 de maio, equipe de advogados do Partido dos Trabalhadores ingressou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com pedido para que um representante do ex-presidente seja entrevistado nas sabatinas promovidas pela Folha de S. Paulo, SBT e UOL, alegando que isso promove uma “disputa justa, limpa e isonômica”. O pedido foi negado pelo ministro Og Fernandes. 

No pedido, os advogados do PT reclamavam do fato de Lula não ter sido convidado, o que indicava que tais veículos “ignoram que a candidatura do ex-Presidente Lula representa, para além de suas ideias e propostas enquanto pessoa, um projeto de governo e gestão do próprio Partido dos Trabalhadores que, por sua vez, possui toda a possibilidade e interesse de enviar um representante de sua candidatura para participar do ciclo de entrevistas promovido”, em trecho da petição. 

Bolsonaro e Lula lideram as pesquisas. Segundo pesquisa CNT/MDA, divulgada na segunda-feira (14), Lula, apesar de preso, segue na liderança, com 32,4% das intenções de voto. Ele é seguido por Jair Bolsonaro (PSL), 16,7%, Marina Silva (Rede), 7,6%, Ciro Gomes (PDT), 5,4%, Geraldo Alckmin (PSDB), 4%, e Alvaro Dias (Podemos), 2,5%. Nos cenários sem Lula, Bolsonaro sai na frente, sempre seguido por Marina Silva. 

O PT insiste em manter como seu pré-candidato o ex-presidente, o que pode ser uma estratégia arriscada, ao deixar o partido sem representação em tais eventos. Nos três mais recentes debates, o PT ficou de fora. Sem Lula, Ciro Gomes se aproximou dos candidatos Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D´Ávila (PC do B). 

No debate promovido pela Unale, Ciro e Manuela fizeram uma dobradinha. Sentados lado a lado, trocaram comentários e risadas. Quando Manuela pediu um copo d’água à produção do evento, o presidenciável do PDT se encarregou de levá-la a sua concorrente, que agradeceu e afirmou que ele merecia a “amizade” por ser “gentil e dedicado ao Brasil”. 

O ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tem se colocado como o representante do legado do governo Michel Temer nesses eventos, em campo separado ao dos outros candidatos, críticos ao governo.

Metodologia

A pesquisa CNT/MDA foi realizada entre os dias de 9 a 12 de maio e ouviu 2002 pessoas em 137 municípios de 25 unidades federativas. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais com 95% de nível de confiança. A sondagem foi encomendada pela CNT ao instituto MDA e registrada no TSE sob o número BR-09430/2018.

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