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| Foto: Ricardo Stuckert/PT

Tribunal Superior Eleitoral (TSE) barrou a candidatura de Lula à Presidência da República, mas o PT insiste em mantê-lo na disputa, ao menos no discurso. Podcast Eleições, programa semanal da Gazeta do Povo que analisa a sucessão presidencial, discutiu nesta quarta-feira (5) o que o PT pretende com essa estratégia. E também suas consequências: é suicídio político ou uma jogada de mestre?

Participantes do podcast, os jornalistas Fernando Martins, Sérgio Luis de Deus e Renan Barbosa concordam que o PT acabará sendo forçado a abrir mão do ex-presidente Lula para lançar o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad como candidato ao Planalto. Caso contrário, o partido corre o risco de ficar sem concorrente na disputa – o que abriria brecha para o PT perder a hegemonia sobre a esquerda e centro-esquerda brasileira para outro candidato desse campo, possivelmente Ciro Gomes (PDT).

Lula até pode conseguir liminar no STF para concorrer, mas tendência é que seja barrado no mérito. E o PT ficaria sem candidato

Os jornalistas avaliaram que até é possível que Lula consiga uma liminar para ser candidato, por meio de algum dos recursos que sua defesa impetrou no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão do TSE. Mas, no entendimento dos jornalistas, a tendência seria de que o ex-presidente, no julgamento do mérito do caso pelo plenário do STF, tenha sua candidatura cassada – pois a Lei da Ficha Limpa é clara no caso do ex-presidente.

Nessas circunstâncias, Lula poderia ter sua candidatura cassada após o prazo final para a troca de nome na urna eletrônica (dia 11 de setembro, conforme determinado pelo TSE, ou dia 17, como prevê a lei). E o PT ficaria sem candidato. Por esse motivo, os jornalistas concluíram que, necessariamente, o PT vai substituir Lula por Haddad. Caso contrário, estaria cometendo suicídio político.

A questão, agora, é saber quando será feita a substituição do candidato. Se for mais rápida, Haddad terá mais programas eleitorais para ser apresentado como o candidato de Lula e, assim, tentar receber os votos dos eleitores que já haviam escolhido o ex-presidente para votar. Se for no prazo limite, o PT perderá alguns programas eleitorais no rádio e na TV para buscar a transferência de votos.

LEIA TAMBÉM: Nos bastidores, PT já programa data e local para trocar Lula por Haddad. Saiba quando e onde

Por que o PT decidiu retardar ao máximo a troca de candidato?

Os jornalistas da Gazeta do Povo também analisaram por que o PT vem retardando ao máximo a troca de candidato. Uma hipótese levantada na discussão é de que essa é uma estratégia que atende menos aos interesses do PT e mais aos anseios de Lula, que comanda o partido como se fosse seu “dono”. Possivelmente o partido também pretende reforçar o discurso do “golpe”. 

O PT pode ainda ter feito o seguinte cálculo eleitoral: a substituição tardia de Lula por Haddad poderia dar menos chances para os adversários tentarem desconstruir a imagem do ex-prefeito de São Paulo. Se ele herdasse todos os votos de Lula, seria uma jogada de mestre. 

O problema, contudo, é que Haddad hoje divide com Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) uma proporção rigorosamente igual (15%) de eleitores que originalmente pensavam em votar em Lula, segundo pesquisa BTG/FSB divulgada na segunda-feira (3). Desse modo, a estratégia petista pode ter sido equivocada. O risco é não haver tempo de campanha suficiente para Lula transferir seus votos para Haddad, já que o primeiro turno das eleições está marcada para daqui a um mês, 7 de outubro.

Ouça a íntegra do Podcast Eleições e fique por dentro de outras discussões, tais como: o que esperar de Fernando Haddad

Ouça outras análises do Podcast Eleições

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Metodologia da pesquisa BTG/FSB

A pesquisa citada na reportagem foi encomendada pelo banco BTG e feita pelo Instituto FSB Pesquisa. Foram entrevistados 2.000 brasileiros em todo o Brasil, por telefone, entre os dias 1.º e 2 de setembro de 2018. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. O registro no TSE é BR-01057/2018.

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