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Valéria  Monteiro. | Dennis Romano    /    PMN
Valéria Monteiro.| Foto: Dennis Romano / PMN

"Sou Valéria Monteiro. Pré-candidata a presidente do Brasil." Com essas palavras, a consagrada ex-jornalista da TV Globo encerra seus vídeos nas redes sociais, onde já discorreu, em tom crítico, contra os atuais líderes nessa disputa, segundo as pesquisas: Bolsonaro e Lula. Ela se filiou ao Partido da Mobilização Nacional (PMN), um partido nanico sem representação no Congresso Nacional e que recebeu uma cota do Fundo Partidário de R$ 4,4 milhões, em 2017.

Seu currículo profissional é um rol de realizações: foi a primeira mulher a apresentar o Jornal Nacional, em 1992, depois de passar pela bancada do Fantástico, para onde voltou em 1993. Esteve na Globo de 1986 a 1993. 

Sua beleza sempre chamou a atenção. Foi modelo e atriz – atuou na minissérie global 'Incidente em Antares' (obra do escritor Érico Veríssimo). Valéria já foi capa da Playboy, em janeiro de 1994, publicação que  trazia o título: "linda como sempre, sensual como nunca". Também foi capa da prestigiada revista "Imprensa", que tratava do universo do jornalismo. Essa foi em 1990, com a seguinte chamada: “O preço da beleza: é duro ser bonita na imprensa brasileira”, reportagem que citou outras jornalistas nas suas páginas internas. 

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Valéria Monteiro mal chegou na disputa e parece ter escolhido seu inimigo preferido: Bolsonaro. Num dos vídeos que publicou nas redes, ela critica duramente o opositor e o comparou a Adolf Hitler. 

"Bolsonaro, quero falar com você. Você é mentiroso, não respeita as diferenças. Hitler começou assim. Pegou um povo pobre, descrente, sem autoestima e, através do medo, fez acreditar nas suas mentiras. Você acha engraçado brincar de guerra, apontar a arma para as pessoas. Não vou deixar você fazer isso. Bolsonaro, seus quinze minutos de fama acabaram", disse a pré-candidata em seu vídeo. 

Numa conversa com a Gazeta do Povo, Valéria se refere ao adversário como um candidato “perigosamente competitivo”. Uma curiosidade: logo que Bolsonaro anunciou a troca do Patriota pelo PSL, Valéria foi procurada para substituí-lo na antiga legenda. O Patriota foi atrás dela para ocupar a vaga de presidenciável de Bolsonaro. Não aceitou. 

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“O Patriota veio conversar comigo sobre o espaço vazio deixado pela saída do Bolsonaro. Mas já tinha me comprometido como PMN, onde, aliás, estou bastante feliz. É um partido que já tem alguma tradição e não está envolvido na Lava Jato. Foi amor à primeira vista”, disse ela, que evitou as grandes legendas. 

“Lógico que seria mais fácil se eu fosse para um partido que tivesse cinco congressistas e aí teria direito de participar dos debates (uma imposição da lei eleitoral). Mas também não procurei os partidos grandes porque estão em descrédito junto à sociedade.”

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A candidata do PMN lamenta a ausência da mulher na política brasileira. Coloca essa deficiência na conta de um país que considera “machista, patrimonialista e paternalista”. 

"Gostaria de mudar isso. Vim para mudar isso. O Brasil é um país difícil para mulher, de uma maneira geral. Em qualquer ambiente de trabalho que seja, não só na política". 

Valéria quer combater polarização entre esquerda e direita

Ainda se aprofundando nos temas do país, Valéria diz que tem o propósito de buscar a união e reconciliação, num momento em que o país talvez viva sua mais relevante divisão, que viu crescer nos últimos anos uma certa intolerância. 

“A polarização no Brasil hoje é muito forte entre esquerda e direita. É preciso compreender esse cenário e superá-lo. Há necessidade dessa reconciliação. Os políticos precisam parar de subestimar a sociedade, os eleitores, o povo em geral”, entende. 

A postulante ao Palácio do Planalto viveu nove anos em Nova York. Ela acredita que essa experiência nos Estados Unidos pode ser um diferencial entre ela e seus adversários na corrida presidencial. Valéria Monteiro conversou com a Gazeta do Povo por meia hora. 

“Essa vivência nos Estados Unidos foi muito enriquecedora do ponto de vista pessoal e profissional. Entendi por exemplo o que é ser imigrante. Esse é um ponto positivo para mim. Nenhum dos outros candidatos detém essa experiência de ser imigrante. Vivi de perto com eles. Não gostariam (os brasileiros que vivem lá) de ver o Brasil como um país não promissor. Todos querem estar perto de suas famílias”, contou. 

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Valéria apresentava o Fantástico, em 1989, ano em que o Brasil voltou a ter eleições diretas para presidente da República, após duas décadas de ditadura. Devido ao nascimento de sua única filha, Vitória, ela não conseguiu votar. Seu título eleitoral era do Rio de Janeiro e foi dar à luz em Campinas (SP), sua terra natal. Mas, quem era seu candidato: 

“A tendência era votar no Lula!”, revelou. 

Hoje, o sentimento em relação ao petista mudou. Para ela, Lula representou a esperança no Brasil, mas decepcionou. Ela pede a ele que não se candidate este ano. 

“O Lula virou uma máquina de disputar eleições. Essa história de que sua ausência será uma fraude...Discordo disso. O governo Temer é uma continuidade dos governos do PT. Lula, o Brasil precisa de um tempo sem você, para oxigenar.” 

Dos anos de apresentadora, a presidenciável tem como triste lembrança ter que noticiar as muitas mortes registradas no Rio nos finais de semana. Era apresentadora do RJ TV, da Globo no estado. 

“Na época tinha me mudado para o Rio. Eram 70 e tantas mortes na Baixada Fluminense num final de semana. Chegava a 90. Era muito triste. Hoje a gente vê uma situação bem parecida com aquela.” 

Valéria vê o jornalismo hoje com outros olhos. 

“Gostaria que pudéssemos transformar o jornalismo e o Brasil ao mesmo tempo. Com mais notícias boas.”

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