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Wilson Witzel deixou a magistratura no último dia 2 de março, após 17 anos de serviços prestados, para se candidatar nas eleições deste ano. | Facebook/Reprodução
Wilson Witzel deixou a magistratura no último dia 2 de março, após 17 anos de serviços prestados, para se candidatar nas eleições deste ano.| Foto: Facebook/Reprodução

Favorito na disputa do segundo turno para o governo do Rio de Janeiro, o candidato Wilson Witzel (PSC) começou a disputa com 1% das intenções de voto, em agosto. Dois meses depois, terminou o primeiro turno com 41% dos votos, isolado em primeiro lugar. O ex-juiz federal passou importantes figuras políticas do estado na disputa, como o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (DEM), que liderava todas as pesquisas até a votação e ficou em segundo lugar, o senador Romário (Podemos), ex-jogador campeão do mundo, e o ex-governador Antony Garotinho, que acabou sendo impedido pela Justiça Eleitoral de concorrer.

Até a véspera da eleição, as pesquisas mostravam que o segundo turno seria disputado entre Paes e Romário, mas Witzel passou os dois na reta final. Com discurso linha dura, o ex-magistrado aparece com reais chances de vitória nas sondagens do segundo turno no Rio de Janeiro.

Entre as promessas de Witzel estão “enquadrar os corruptos” e dar carta branca para a polícia atirar. Segundo o jornal O Globo, o candidato do PSC esteve no ato em que bolsonaristas quebraram uma placa em homenagem a vereadora Marielle Franco (PSOL). Ela foi assassinada em março e o crime ainda não foi solucionado.

Apoio a Bolsonaro impulsionou candidatura

Para o cientista político da PUC-Rio Ricardo Ismael, muitos fatores explicam a virada de Witzel no Rio de Janeiro. O principal é aproximação com o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). “Houve uma associação do Witzel com o Jair Bolsonaro. O Flavio Bolsonaro [filho do presidenciável eleito senador no estado] passou a fazer algumas aparições públicas com o Witzel”, ressalta.

Outra vantagem para o ex-juiz, segundo o cientista político, é o fato de não ter pertencido a nenhum governo. Enquanto isso, Eduardo Paes foi prefeito da capital do estado e acabou desgastado em uma série de escândalos que envolveram o seu ex-partido, o MDB, e antigos correligionários.

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Witzel deixou a magistratura no início do ano para concorrer à vaga. “De certa maneira, aqui no Rio de Janeiro está se encerrando o ciclo do MDB. O Witsel não está envolvido em nenhum escândalo, não participou de nenhum governo”, ressalta.

Além disso, as pautas defendidas pelo candidato do PSC encontram eco no eleitor do estado, que passa por uma intervenção federal na área da segurança. “Aqui você tem um problema muito grave de segurança pública e a ideia de ter uma política mais forte nessa área tem repercussão”, diz Ismael.

Trajetória dos votos em Witzel

Na primeira pesquisa Ibope divulgada após o registro das candidaturas, Witzel tinha 1% das intenções de voto – 3% dos votos válidos. O ex-juiz ficou abaixo dos 10% dos votos válidos até a véspera da eleição. Na pesquisa realizada pelo Ibope e divulgada no dia 6 de outubro, ele aparecia em terceiro lugar, com 12% dos votos válidos – 10% dos votos totais.

Até então, o segundo turno estava desenhado entre Paes, que no dia 6 de outubro tinha 32% dos votos válidos, e Romário, que tinha 20% na mesma pesquisa. A pesquisa boca de urna divulgada pelo Ibope assim que as urnas foram fechadas, porém, apontava uma surpresa. Witzel apareceu com 39% dos votos válidos, seguido por Paes, com 21%. Romário, nesse levantamento, caiu para 9%.

O resultado consagrou a surpresa apontada pelo Ibope. Witzel terminou a disputa com 41% dos votos e Paes, com 19,5%. Agora, o candidato do PSC tem chances reais de vencer a corrida pelo governo. Um levantamento Ibope para o segundo turno mostrou que ele tem 51% das intenções de voto – 60% dos votos válidos.

Perfil

Ex-titular da 6ª Vara Federal Cível, o juiz Wilson Witzel deixou a magistratura no último dia 2 de março, mesma data em que se filiou ao Partido Social Cristão (PSC). Ele atuou por 17 anos como magistrado, julgando processos criminais em varas do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. Witzel também atuou em varas de execução fiscal e foi presidente de turmas recursais do Rio de Janeiro entre 2014/2016.

Nascido em 1968 em Jundiaí (SP), é formado em Agrimensura pela Escola Técnica Estadual Vasco Antonio Venchiarutti e trabalhou como topógrafo na construção de estradas em São Paulo. Mudou-se para o Rio de Janeiro aos 19 anos após concluir o curso de formação de oficiais da Marinha do Brasil.

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Começou a vida pública como 2.º tenente de artilharia do Corpo de Fuzileiros Navais, foi servidor do município no Previ Rio e também defensor público do Estado. Em 2001, ingressou na magistratura. De 2014 a 2016, ele exerceu o cargo de presidente da Associação dos Juízes Federais do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Ajuferjes).

Ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Witzel declarou possuir apenas uma casa no valor de R$ 400 mil. Até agora, o candidato já declarou ter gasto R$ 2,2 milhões em campanha. Ele arrecadou R$ 2,4 milhões, segundo a prestação de contas parcial disponível na Justiça Eleitoral. A maior parte dos recursos veio do PSC: R$ 1,8 milhão. Witzel também arrecadou outros R$ 329 mil em doações de pessoas físicas. Ele tirou do próprio bolso R$ 230 mil para gastar na campanha.

Metodologias das pesquisa citadas

20 de agosto: Pesquisa realizada pelo Ibope de 17/ago a 20/ago/2018 com 1204 entrevistados (Rio de Janeiro). Contratada por: Rede Globo. Registro no TSE: RJ-03249/2018. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Confiança: 95%.

10 de setembro: Pesquisa realizada pelo Ibope com 1.204 entrevistados (Rio de Janeiro). Contratada por: REDE GLOBO. Registro no TSE: RJ-01952/2018. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Confiança: 95%.

19 de setembro: Pesquisa realizada pelo Ibope de 16/set a 19/set/2018 com 1.512 entrevistados (Rio de Janeiro). Contratada por: REDE GLOBO. Registro no TSE: RJ-00470/2018. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Confiança: 95%.

25 de setembro: Pesquisa realizada pelo Ibope com 1.512 entrevistados (Rio de Janeiro). Contratada por: REDE GLOBO. Registro no TSE: RJ-08813/2018. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Confiança: 95%.

3 de outubro: Pesquisa realizada pelo Ibope de 30/set a 02/10/2018/ com 2.002 entrevistados (Rio de Janeiro). Contratada por: EDITORA GLOBO E REDE GLOBO. Registro no TSE: RJ-04634/2018. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Confiança: 95%.

6 de outubro: Pesquisa realizada pelo Ibope de 4/out a 6/out/2018 com 2.002 entrevistados (Rio de Janeiro). Contratada por: REDE GLOBO. Registro no TSE: RJ-02500/2018. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Confiança: 95%.

7 de outubro: Pesquisa realizada pelo Ibope/Boca de Urna em 7/out com 2.600 entrevistados (Rio de Janeiro). Contratada por: IBOPE INTELIGENCIA PESQUISA E CONSULTORIA. Registro no TSE: RJ-06174/2018. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Confiança: 99%.

17 de outubro: Pesquisa realizada pelo Ibope de 15/out a 17/out/2018 com 1.512 entrevistados (Rio de Janeiro). Contratada por: REDE GLOBO. Registro no TSE: RJ-04021/2018. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Confiança: 95%.

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