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General Antônio Mourão (PRTB) é o vice na chapa do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República | Maicon J. Gomes/Gazeta do Povo
General Antônio Mourão (PRTB) é o vice na chapa do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República| Foto: Maicon J. Gomes/Gazeta do Povo

Conhecido por manifestações polêmicas, o general da reserva Antônio Hamilton Martins Mourão (PRTB), de 64 anos, foi escolhido para ser vice-presidente na chapa do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República. O nome do general foi confirmado no domingo (5), último dia para realização das convenções. Ele desbancou o Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PSL), descendente do imperador Dom Pedro II, que havia sido cogitado após a recusa da advogada Janaína Paschoal.

Mourão ganhou notoriedade no ano passado após defender a atuação das Forças Armadas em situação de caos no país. “Ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós teremos que impor isso”, afirmou em setembro de 2017, quando ainda era secretário de Economia e Finanças do Exército. 

A afirmação foi feita em uma palestra na Loja Maçônica Grande Oriente, em Brasília, um dia após o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciar pela segunda vez o presidente Michel Temer por obstrução de Justiça e participação em organização criminosa. Mourão também disse, na mesma ocasião: “Os poderes terão que buscar uma solução, se não conseguirem, chegará a hora em que teremos que impor uma solução e essa imposição não será fácil, ela trará problemas”.

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Em dezembro, também durante uma palestra em Brasília, o general fez duras críticas a Michel Temer. Ele disse, na época, que o presidente governava o país aos trancos e barrancos e mediante um balcão de negócios. “Nosso atual presidente [Michel Temer] vai aos trancos e barrancos, buscando se equilibrar, e, mediante o balcão de negócios, chegar ao final de seu mandato.”

As suas declarações polêmicas o colocaram em saia-justa com o comandante do Exército, o general Eduardo Villas Bôas, e causaram seu remanejamento. Villas Bôas decidiu ainda em dezembro do ano passado retirar Mourão do posto de secretário de Economia e Finanças da instituição e designá-lo para o cargo de adido na Secretaria-Geral do Exército.

Dois meses depois, Mourão anunciou a sua aposentadoria – ou, no jargão militar, a ida para a reserva – após 49 anos de serviços prestados. Na cerimônia, que aconteceu no dia 28 de fevereiro deste ano, voltou a fazer declarações polêmicas e não poupou nem mesmo colegas de farda. “O general Braga Netto não tem poder político, é um cachorro acuado e não vai conseguir resolver dessa forma. É uma intervenção meia-sola”, disse ao comentar, na época, a recém deflagrada intervenção militar no Rio de Janeiro.

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Defensor do coronel Carlos Brilhante Ustra

Assim como Jair Bolsonaro, Mourão é um defensor do período militar e da atuação do coronel Carlos Brilhante Ustra. Ainda em fevereiro, logo após se aposentar, o general disse que Ustra – ex-chefe do DOI-CODI do II Exército, um dos principais órgãos da repressão durante o governo militar – é um herói por ter combatido o terrorismo.

Ustra é reconhecido pelo Poder Judiciário, em ação declaratória, como torturador e é acusado pelo Ministério Público Federal de crimes como assassinatos e desaparecimentos. A Comissão da Verdade contou ao menos 45 casos relacionados a ele.

Carreira militar

Apesar de seu estilo verborrágico e de já ter causado saia-justa com colegas de farda, Mourão é respeitado nas Forças Armadas. Nascido em 1953 em Porto Alegre e filho do também general Antonio Hamilton Mourão e de Wanda Coronel Martins Mourão, entrou para o Exército em 1972, em pleno regime militar. Comandou o Comando Militar Sul (CMS) por cerca de um ano e meio, mas, em 2015, foi removido do CMS após fazer homenagem póstuma ao coronel Brilhante Ustra.

Após deixar o CMS – comando do Exército responsável pelos estados de Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, foi transferido para a Secretaria de Economia e Finanças do Exército, cargo que ocupou até dezembro de 2017, quando foi transferido para o cargo de adido na Secretaria-Geral do Exército. 

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Em sua carreira, cumpriu ainda missão de paz em Angola e foi adido militar do Brasil na Venezuela. Além disso, comandou divisões do Exército no Rio Grande do Sul e no Amazonas e foi instrutor na Academia Militar de Agulhas Negras.

Depois que foi para reserva, o que aconteceu em fevereiro deste ano, foi eleito presidente do Clube Militar. O clube é formado por 38 mil associados e frequentado, segundo o próprio media kit da instituição, por “militares e civis de muito bom poder aquisitivo e excelente padrão sociocultural”. O objetivo é participar dos grandes acontecimentos da vida nacional. O clube foi fundado em 1887.

Entrada na política

Em maio deste ano, Mourão entrou para a política e filiou-se ao Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), de Levy Fidelix. Desde então, vinha afirmando que não iria concorrer a nenhum cargo eletivo, mas que estava sentado no “banco de reservas aguardando o chamamento, se necessário” de Bolsonaro para um cargo executivo.

Também disse que a eleição 2018 é o momento de os militares voltarem ao poder pela via direta. “Chegou o momento de nós (militares), por dentro, modificarmos a situação que o país está vivendo”, afirmou em entrevista à Gazeta do Povo em junho deste ano

Ele também disse que a população busca valores intrínseco aos militares. “O meio que nós (militares) vivemos é um meio em que a gente presta um juramento no momento que ingressa na vida militar, onde ali está colocada a honestidade, a lealdade, o patriotismo e principalmente, o servir ao país.” E completou: “nós desejamos gestores comprometidos com a correção do gasto público e honestidade no emprego dos recursos públicos. Bolsonaro está buscando em alguns companheiros esses valores”.

Mas, antes de ser anunciado como vice de Bolsonaro, chegou a fazer duras críticas à campanha do PSL. Em entrevista ao Estadão, afirmou que a companha é “meio amadora” e que há um “certo radicalismo nas ideias, até meio boçal”, entre os apoiadores do candidato. Apesar das críticas, minimizou dizendo que o imprensa trata Bolsonaro com “preconceito” e uma “má vontade” e que o capitão da reserva precisa mostrar “que não é um troglodita”, que é um” homem que criou os filhos de forma correta, que não nasceu em berço de ouro”.

Histórico de polêmicas

Mas, apesar de algumas declarações amenas, Mourão segue com um estilo polêmico, principalmente quando fala para uma plateia formada por militares. Em junho deste ano, durante um evento em Curitiba, o general afirmou que, caso sejam registrados indícios de fraudes nas eleições deste ano, seria justificável uma atuação do Exército.

Ele também disse que os problemas do Brasil têm origem na cultura indígena e africana e sugeriu que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso na capital paranaense para cumprir a pena imposta pela Lava Jato, deseja se tornar um mártir, como Getúlio Vargas.  

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