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Os candidatos a presidente estão travando um jogo duro nos bastidores. Em disputa, as alianças partidárias – que, na verdade, significam muito além do que simplesmente ter apoio político. Representam mais tempo na propaganda eleitoral no rádio e tevê, mais verba do Fundo Eleitoral, palanques nos estados e um exército de cabos eleitorais.

Por enquanto, porém, há muitas siglas sendo disputadas por mais de um concorrente. As definições terão de ocorrer dentro de um mês, até 5 de agosto, quando termina o prazo para a realização das convenções partidárias. Confira como estão as negociações dos principais candidatos a presidente para ter mais partidos em sua chapa:

Lula (ou quem quer que seja do PT) possivelmente vai estar sozinho na campanha

A insistência do PT em manter a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem inviabilizando as negociações dos petistas com outros partidos. Há um forte receio de outras siglas em se coligarem com uma legenda que carrega todo o peso da Operação Lava Jato nas costas e que pode trocar de candidato no meio da campanha – especialmente por um nome mais fraco e que venha a “naufragar”. Desse modo, ao que tudo indica o PT vai estar sozinho na disputa presidencial – seja com Lula como candidato ou com outro nome.

Ainda assim, o PT não desistiu de contar com a adesão de outros partidos. E mantém o desejo de ter ao seu lado o PSB e o PCdoB. Mas o PSB indica estar mais perto de Ciro Gomes (PDT) do que do PT. E, até o momento, o PCdoB tem a deputada Manuela D´Ávila como candidata a presidente. E os comunistas já propuseram, juntamente com Ciro, uma união dos partidos de esquerda com candidatura única – que possivelmente não seria a do PT, mas sim a do pedetista.

Bolsonaro precisa fechar alianças para deixar de ser nanico na propaganda de TV

O deputado federal Jair Bolsonaro, candidato a presidente pelo pequeno PSL, por enquanto está sem nenhum outro partido relevante ao seu lado. Se ele disputar a eleição só pelo PSL, deve ter no máximo 8 minutos de tempo de propaganda na tevê durante todo o primeiro turno.

Bolsonaro publicamente vem desdenhando da necessidade de fechar uma aliança que lhe dê espaço maior no programa eleitoral gratuito. Diz que fará campanha pela internet. Mas ele sabe que precisa de pelo menos um partido médio em sua chapa para ter mais musculatura.

A principal articulação de Bolsonaro é para ter o senador Magno Malta, do Espírito Santo, de vice. Com isso, iria atrair o PR – uma sigla que somaria mais 87 minutos de televisão ao longo da campanha para o PSL. Até o momento, é o “namoro” do candidato que mais tem chance de dar certo.

Bolsonaro também tem aliados em outros partidos do Congresso: PP, PTB, DEM, PRB e Solidariedade. O deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS) vem afirmando que o candidato do PSL teria o apoio de cerca de 100 parlamentares da Câmara de várias siglas.

Porém, muitos desses partidos parecem se inclinar para oficialmente apoiar outros candidatos. O DEM de Lorenzoni, por exemplo, vem mantendo conversas mais consistentes com Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT). E até mesmo com Alvaro Dias (Podemos).

Marina é outra que vive o drama de ter pouca visibilidade

A ex-senadora e ex-ministra Marina Silva passa por uma situação semelhante à de Jair Bolsonaro. Ela está num partido pequeno, a Rede, que terá direito ao longo de todo o primeiro turno a apenas cinco minutos de propaganda eleitoral na tevê.

Por enquanto, a principal aposta da candidata para mudar esse cenário de isolamento e pouco tempo de propaganda eleitoral é o PPS – partido com direito a 29 minutos de programa eleitoral na tevê ao longo do primeiro turno. As costuras da rede para formar uma chapa com o PPS estão em curso e o presidente nacional da sigla, o ex-ministro e ex-deputado Roberto Freire, chegou a ser cotado para ser o vice de Marina.

Mas Geraldo Alckmin (PSDB) também tenta atrair o PPS para sua chapa e dá como certo o apoio do partido. O problema é que a sigla de Roberto Freire estaria descontente com a aparente estagnação do ex-governador de São Paulo nas sondagens eleitorais feitas até agora.

Uma hipótese altamente improvável,mas possível, seria Marina ter o PSDB em sua chapa, com Alckmin ou outro tucano de vice. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vem tentando articular uma união de candidatos de partidos de centro. Para integrantes do grupo de FHC, o ideal seria ter Marina na cabeça de chapa. A avaliação é de que ela teria mais chances de vencer a eleição. Mas esse parece ser mais um desejo de FHC do que do PSDB – que hoje é controlado por Alckmin.

Ciro Gomes atira para todos os lados: da esquerda para a direita, o que vier é lucro

O ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) é quem tem negociado com o maior espectro de partidos relevantes no cenário político, da esquerda à direita. Por enquanto, a sigla que parece estar mais próxima de Ciro é o PSB, de centro-esquerda. Inicialmente, o PSB pretendia ter candidato próprio: o ex-ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF). Mas Barbosa desistiu de concorrer. E partido passou a ser cortejado por PSDB, PDT e PT.

O PDT é quem indica estar mais avançado nas negociações com o PSB, muito em função do racha que ocorreu no grupo de Alckmin em São Paulo. O atual governador de São Paulo, Márcio França (PSB), que era vice do tucano, pensava em levar seu partido a apoiar o PSDB na eleição presidencial. Mas o PSDB lançou o ex-prefeito paulistano João Doria para governador de São Paulo, cadeira na qual França pretende permanecer em 2019. E Doria vem criticando duramente o atual governador e candidato à reeleição. França então passou a sinalizar que não se opõe mais a uma aliança do PSB com Ciro. O candidato do PDT também vem aparando arestas com o PSB nos estados para fechar uma coligação na disputa pelo Planalto.

Outra possibilidade de Ciro é o PCdoB, sigla com uma candidata (Manuela D´Ávila), mas que já demonstrou a disposição de integrar uma coalizão de partidos de esquerda em torno de uma candidatura única a presidente. Ciro seria o nome natural para encabeçar essa chapa, sobretudo em função da inelegibilidade de Lula (PT).

Ciro também tenta atrair o DEM, partido à direita no espectro político – que tende a desistir de lançar candidato próprio (no caso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia). O candidato do PDT também faz sondagens com outros partidos do chamado “centrão”: PP e Solidariedade, por exemplo.

Quieto, Alckmin vai fechando alianças e aumentando o tempo de tevê

Oficialmente, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) não fechou nenhum apoio. Mas no início do mês ele disse que já teria fechado aliança com outros quatro partidos (PTB, PSD, PPS e PV) que lhe asseguram, junto com o PSDB, 20% do tempo da propaganda eleitoral na tevê. O tucano cortejou na última semana siglas do Centrão, como DEM, PP, Solidariedade, PSC e PRB, mas apenas este último teria demonstrado interessa numa composição. Os demais foram claros: hoje, a tendência é apoiar Ciro Gomes, do PDT. Já no PRB, o maior empecilho é a existência de um pré-candidato da legenda: o empresário Flávio Rocha. O DEM – sigla tradicionalmente aliada dos tucanos nas eleições presidenciais – também é um dos alvos de Alckmin.

O tucano também gostaria de ter o MDB do presidente Michel Temer em sua chapa. Mas, para isso, precisa que o ex-ministro Henrique Meirelles desista de ser o candidato a presidente pelo antigo PMDB. Meirelles já foi sondado sobre a possibilidade de ser ser vice de Alckmin. Disse que não. Mas, como sua campanha não está engrenando e dentro do próprio MDB há quem não queira Meirelles, uma aliança com o PSDB não é uma hipótese fora de cogitação.

Quem também recusou a possibilidade de ser vice de Alckmin foi Alvaro Dias (Podemos). Uma aliança do tucano como senador do Paranás, neste momento, parece ter menos chances de se concretizar do que com Meirelles. O Podemos é um partido muito menor que o MDB e com menos interesses divergentes para dividir a candidatura de Alvaro Dias.

O PSB, outra sigla que está na mira de Alckmin, se distanciou do candidato tucano e hoje pende mais a apoiar Ciro Gomes (PDT). Mas ainda não está completamente fora de cogitação.

Alvaro Dias já negociou até mesmo com outro candidato a presidente

O senador Alvaro Dias (Podemos) busca se viabilizar como cabeça de chapa de uma coligação de partidos de centro-direita. Até mesmo porque, sozinho, sua legenda terá no máximo 15 minutos de propaganda na tevê ao longo de todo o primeiro turno.

O candidato tem como alvos DEM, PRB, Solidariedade, PR e PP – todos partidos que são cortejados por outros concorrentes.

Alvaro Dias começou a negociar em maio uma possível coligação com o DEM. O interlocutor era o presidente da Câmara, Rodrigo Maia – que também é pré-candidato ao Planalto, mas tende a desistir. Nas conversas, os dois discutiram uma união para “isolar” o PSDB e o MDB. Porém, o problema para Alvaro Dias é que o DEM hoje está mais perto de fechar um acordo com Geraldo Alckmin (PSDB) ou com Ciro Gomes (PDT) do que com ele.

Outra negociação que se tornou pública do senador do Podemos é com o PRB, que tem o empresário Flávio Rocha como candidato a presidente. A união entre os dois, contudo, encontra uma divergência de interesses. Rocha acredita que a coligação também teria de envolver o PSDB e o MDB – exatamente o contrário Alvaro Dias diz querer (ao menos nas negociações com Rodrigo Maia). Ainda assim, o empresário foi convidado oficialmente pelo senador para ocupar o cargo de vice em sua chapa, segundo o presidente do PRB, o ex-ministro Marcos Pereira.

Henrique Meirelles navega sozinho. E pode naufragar antes do início da campanha

O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles navega sozinho no MDB e, até o momento, não tem nenhuma perspectiva de conseguir a adesão de outros partidos a sua candidatura.

O primeiro motivo é que sua campanha não está deslanchando e poucos analistas acreditam que ele tem alguma chance de se eleger presidente – inclusive porque será o candidato do mal avaliado governo Temer. Depois, porque dentro do próprio MDB há há um movimento forte para que o partido se coligue com o partido de um candidato que realmente tenha chances de chegar ao Planalto. Por consequência, outras siglas não nem mesmo negociam com um candidato que encontra dificuldades inclusive para se viabilizar internamente.

Ainda assim, mesmo que não tenha uma aliança, Meirelles teria um bom espaço de propaganda na televisão se efetivamente for candidato. O MDB é o segundo partido mais tempo na propaganda eleitoral: 161 minutos ao longo de todo o primeiro turno. Só perde para o PT, que tem 171 minutos.

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