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| Foto: Nelson Almeida/AFP

Quem lembra do cronograma seguido pelo PSDB depois da derrota no segundo turno da disputa à Presidência da República, em 2014, consegue ter uma ideia do que esperar no pós-eleição deste ano. O PT já fala em tomar iniciativas semelhantes e dá mostras de que não aceitará o resultado de derrota.

O caminho percorrido pelos tucanos naquele ano começou com questionamentos do pleito e um pedido de auditoria. Seguiram-se ações na Justiça Eleitoral alegando abuso de poder econômico na campanha petista. Além, claro, de todo o trabalho do partido pelo impeachment de Dilma Rousseff, que petistas insistem em chamar de “golpe”.

O PT segue na luta para não deixar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que inicialmente deveria ser o candidato da sigla na corrida ao Palácio do Planalto, nas sombras. Mas a chapa que deve chegar às urnas de fato é Fernando Haddad e Manuela D'Ávila. A legenda aposta na capacidade de Lula de transferir votos para levar a dupla ao segundo turno. Entre analistas, há quem fale, inclusive, que o partido, apesar de toda a crise que percorre especialmente neste ano, tem grandes chances de vitória no pleito. 

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Mas, se isso não ocorrer, já existem correntes internas mais radicais do PT que falam em uma eleição sem legitimidade e em várias ações para, ou impedir a posse caso um adversário venha a ser eleito, ou fazê-lo cair nos próximos quatro anos – por vias legais, obviamente. 

Um dos argumentos dessa ala do PT parte da prisão de Lula, que chamam de injusta, para chegar à conclusão de falta de legitimidade do pleito. É por esse caminho que, caso um adversário do PT seja eleito em outubro, pretende-se dar início a uma nova batalha jurídica e proceder tal qual os tucanos em 2014. 

Ainda sob essa alegação é que já se fala na formulação de um pedido de impeachment contra um futuro presidente, se for de outro partido. A ideia circula entre a galera do “tudo ou nada”, entre os quais se situam nomes relevantes no partido, como a presidente petista, senadora Gleisi Hoffmann (PR). 

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Claro que o andamento de um impeachment de presidente da República depende de uma série de fatores – aprovação do presidente da Câmara, maioria de deputados e senadores favoráveis. Contudo, é um sinal de que, após a eleição mais conturbada desde a redemocratização, não haverá tranquilidade na política. 

Como foi o pós-2014?

Em uma eleição que teve apenas três milhões de votos de diferença entre o primeiro e o segundo colocados, o resultado foi colocado sob suspeita desde o seu anúncio e os tucanos pediram autorização ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para realizar uma auditoria na votação eletrônica. Esse foi o primeiro passo do PSDB no plano de desgastar o segundo governo Dilma. 

Um ano depois, em outubro de 2015, o partido apresentou um relatório afirmando que não havia conseguido provar fraudes. Mas ponderou que o resultado da auditoria não é conclusivo. "A auditoria constatou, entre outros problemas, que o sistema eletrônico de votação imposto pelo TSE não foi projetado para permitir uma auditoria externa independente e efetiva, já que o modelo de auditoria é comandado pela própria Corte", informou o PSDB na ocasião. 

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Nesse momento, a sigla também já havia entrado com quatro ações no TSE, que foram relatadas pelo ministro Herman Benjamin. Três delas alegavam abuso de poder econômico e político – uma com pedido de impugnação de mandato, outra solicitando investigação judicial eleitoral e uma representação –, captação ou gasto ilícito de recursos na campanha. 

Por 4 votos a 3, em junho de 2017 os ministros do TSE negaram o pedido de cassação da chapa Dilma Rousseff e Michel Temer. 

Juntando esses argumentos com o que chamaram de "pedaladas", tucanos conseguiram aliados, especialmente no MDB, para iniciar o movimento pelo impeachment.

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