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Um dos desafios de Alckmin é descolar sua imagem do governo Temer | NELSON ALMEIDA    /    AFP
Um dos desafios de Alckmin é descolar sua imagem do governo Temer| Foto: NELSON ALMEIDA / AFP

Deu no Ibope* e o Datafolha comprovou**: as pesquisas de intenção de voto mostram empate no segundo lugar entre quatro candidatos a Presidência da República. Agora, os presidenciáveis lutam para definir e acertar na sua estratégia nesta importante altura da campanha. Mas entre os presidenciáveis, Geraldo Alckmin (PSDB) está com grandes problemas.

O tucano precisa dosar sua principal aposta para angariar votos, que eram os ataques a Jair Bolsonaro (PSL). O motivo: o atentado sofrido pelo capitão da reserva gerou comoção nacional.

Ele também terá de tentar escapar da imagem de corrupção que atinge seu partido, com figuras como o ex-governador do Paraná Beto Richa preso na manhã desta terça-feira (11), e o senador Aécio Neves (MG) denunciado por corrupção e obstrução de justiça no Superior Tribunal Federal.

Durante sabatina nesta terça promovida pelo UOL, Folha de S.Paulo e SBT, Alckmin evitou falar sobre a prisão de Richa. Questionado pelos entrevistadores sobre o caso, o presidenciável disse não conhecer as denúncias. 

VEJA TAMBÉM: Por que o ex-governador Beto Richa foi preso? 

“Não é porque é do partido e é candidato que eu vou saber do que fez. E se a justiça considerar que há problemas, que seja cumprida”, disse Alckmin, sobre Richa, na sabatina. “Quem deve, paga”, continuou. Após o evento, Alckmin ainda admitiu que a prisão de Richa "fragiliza o partido". "Acho que todos os partidos estão fragilizados”, disse. 

Ainda pesa sobre o presidenciável tucano as acusações contra secretários de seu governo na obra do Rodoanel. 

Bolsonaro voltará a ser alvo

Mesmo tendo de conter o discurso contra Bolsonaro nos primeiros momentos após o atentado, os estrategistas da campanha de Alckmin devem voltar a mirar em Bolsonaro.

A pesquisa Datafolha** realizada após o atentado mostrou apenas uma variação de apenas dois pontos percentuais nas intenções de voto a Bolsonaro - ou seja, variando apenas dentro da margem de erro. Também houve pouca mudança no nível de rejeição do militar (43%). A esperança dos aliados de Bolsonaro era que a rejeição caísse após a facada em Juiz de Fora, a partir de uma possível vitimização do candidato. Neste cenário, é provável que as propagandas tucanas voltem a criticar Bolsonaro, mesmo que em tom mais leve. 

Dentro da campanha do PSDB, a visão é que Alckmin está evoluindo nas pesquisas, o que demonstraria que o caminho de ataques a Bolsonaro está funcionando. “Estamos animados. Nosso programa está indo bem. Temos a indicação de que os resultados são positivos”, avalia o deputado Silvio Torres (PSDB-SP), próximo à campanha tucana. 

Alckmin ao lado da vice na chapa, Ana Amélia (PP)EVARISTO SA/AFP

Apesar disso, a evolução ainda é tímida. Na pesquisa do Datafolha divulgada no dia 10, o tucano registrou 10% das intenções de voto, crescimento de 1 ponto percentual ante pesquisa anterior***, empatado tecnicamente com Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Fernando Haddad (PT). 

Torres também destacou que “a campanha continua”, o que pode significar que os tucanos avaliam continuar a mirar os ataques a Bolsonaro, mesmo após o atentado. Apesar de Alckmin não admitir isso explicitamente. “A campanha vai falar com o eleitor. Na política você não obriga, você conquista”, disse. “[Ataque] não é o caminho. Vamos falar com o eleitor”, disse na sabatina nesta terça-feira. Porém , o presidenciável do PSDB deixou claro: poderá trazer informações que interessem o eleitor.

Um sinal disso foi dado durante nessa mesma entrevista. Ele fez questão de frisar que as pesquisas mostram que Bolsonaro perde de todos os oponentes no segundo turno. “[Bolsonaro] é um passaporte para a volta do PT. E esse é um grande problema”, disse em entrevista para o UOL. 

Essa declaração de Alckmin sinaliza quais serão os dois principais pontos da campanha neste momento: seguir com o ataque a Bolsonaro e mirar também no PT, colocando-se como alternativa a Bolsonaro contra a esquerda petista. 

Debandada do Centrão 

Alckmin também terá de correr para tentar evitar que os partidos que apoiam sua candidatura (que conta com os partidos do chamado Centrão – DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade) passem a desacreditar na viabilidade do tucano e comecem a debandar, para apoiar outros candidatos. 

Outro grande desafio de Alckmin e de sua candidatura será se dissociar do governo de Michel Temer (MDB) e ainda conseguir que não cole nele a imagem de corrupção, com diversas figuras de seu partido sendo investigadas e com integrantes de seu secretariado do governo de São Paulo. 

Nesse cenário, e após ser forçado a amenizar sua principal estratégia do começo da campanha de rádio e TV, o tucano terá de reavaliar qual caminho tomar na campanha. Com dificuldade para mudar seu perfil sério e sem afetar emoções (que rendeu a ele o apelido de “picolé de chuchu”, por ser sem sabor), restará a Alckmin fortalecer sua campanha nessas próximas semanas, tentando angariar votos do eleitorado de centro/direita que veja em Bolsonaro um radicalismo exacerbado. 

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Entre os aliados tucanos, já começaram a surgir alguns ruídos e especula-se entre analistas um desembarque da aliança de apoio a Alckmin. Nos estados, partidos pouco programáticos que fazem parte da coligação de Alckmin tem dificuldade em manter quadros de apoio ao tucano, principalmente no Nordeste onde o PT e o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva são fortes. Um sinal disso foi a presença do senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP (partido da chapa tucana), em ato de campanha petista no dia 17 de agosto. 

Alckmin terá de mostrar que pode ter fôlego para chegar ao segundo turno e convencer o Centrão a manter apoio.

Metodologias

* O Ibope ouviu 2.002 eleitores, em 142 municípios, entre os dias 1º e 3 de setembro. A margem de erro do levantamento é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos, e o intervalo de confiança é de 95%. Isso significa que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem o atual momento eleitoral, considerando a margem de erro. O registro na Justiça Eleitoral foi feito sob o protocolo BR‐05003/2018. Os contratantes foram o Estado e a TV Globo.

**Pesquisa Datafolha com 2.804 entrevistas presenciais em 197 municípios, realizada no dia 10 de setembro de 2018. A margem de erro máxima é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança de 95%; A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR 02376/2018. Contratantes: Folha de S.Paulo e TV Globo.

** Pesquisa Datafolha com 8.433 eleitores feita em 313 municípios entre os dias 20 e 21 de agosto de 2018. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. Levantamento registrado na Justiça Eleitoral sob o protocolo BR 04023/2018. 

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