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| Foto: Marcelo Camargo/ AFP

Ciro Gomes (PDT) lançou-se candidato à Presidência da República nesta sexta-feira (20), mas a festa não parecia completa. Para ele. Faltaram ali os aliados que lhe escaparam à mão no minuto final. Aliados de um espectro político estranho ao seu. Faltou ali a turma do Centrão, com o qual vinha negociando, de quem ouviu promessas, mas que não teve o acordo selado. A festa de Ciro foi sob um gosto amargo de traição. 

O agora candidato fez o discurso de certa competência que tem o hábito de fazer. É estudioso do Brasil, como gosta de se apresentar, mostrou números da economia que não vai bem, falou da desigualdade social, das carências e do drama da saúde e educação. Mas o sentimento de frustração reinava. 

A notícia de véspera, de que o Centrão estava encaminhando uma aliança com o adversário Geraldo Alckmin (PSDB), foi um balde de água fria. E justo na véspera da convenção pedetista. "Parece ter sido feito de propósito", disse um parlamentar pedetista. 

Se algo ali simbolizava o sentimento do presidenciável era a animação da plateia nas apresentações culturais. Grupos de maracatu, pífanos e samba se alternavam no palco sem uma viva alma para assistir. O desânimo da turma foi detectado pelo presidente do PDT, Carlos Lupi, que pediu vibração à plateia pedetista. 

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"Vamos gente! Tem que tomar vitamina. É Brizola na veia", disse Lupi, numa referência ao líder maior do partido, que tem sua foto espalhada por todos os lados, até na porta do banheiro masculino para identificar que ali é para os homens. 

No encontro do PDT não tinha nem mesmo a presença protocolar de líderes de outros partidos, como é comum, independentemente de apoiar Ciro ou não. É um gesto da boa convivência política. Mas nem isso. 

Em dois discursos que fez, Ciro repetiu, ainda que tardia, ser um político que comete erros, sim. "Não tenho a pretensão de ser anjo. Sou filho de José e Maria e criado em Sobral (CE)". 

O maior adversário de Ciro é o próprio Ciro

Ciro Gomes, como em eleições anteriores, volta a ser o principal adversário de Ciro Gomes. Seu conhecimento e capacidade de administrar não é tão questionável quanto o seu temperamento. Fala mais que deve. E se prejudica. Coube a Lupi, de novo, explicar. Ou tentar. "A maior crítica ao Ciro é que ele é duro com as palavras. Claro, não dá para ser mole com tanta corrupção por aí". 

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No mais, Ciro agradeceu à sua "consagradora" escolha, falou do problema do desemprego, da violência, do egoísmo do sistema financeiro, do colapso da indústria nacional e reconheceu não ser fácil nem simples resolver tudo isso. 

Ciro atacou os ricos. Ele disse que o pobre e a classe média já deram sua contribuição. E que chegou a vez dos endinheirados. E do governo. "O povo e a classe média já pagaram demais. Quem tem que pagar agora, na proporção justa, é o governo e o mundo mais rico. Não se fala de mundo rico aqui por discriminação". 

Ciro fez seu papel. Seu nome agora está na rua. E é conferir o que o destino o reserva. Mas sem o Centrão a seu lado.

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