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     |     MIGUEL SCHINCARIOL     /     AFP   
    | Foto:     MIGUEL SCHINCARIOL /     AFP   

O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) foi sabatinado por influenciadores digitais e apoiadores de sua campanha nesta quinta-feira (2), em entrevista transmitida pelo YouTube. Inicialmente, Bolsonaro daria entrevista no programa Central das Eleições, da Globonews, no mesmo horário, mas pediu para trocar a data. O candidato confirmou, no fim da sabatina, que falará à Globonews nesta sexta (3).

“Vão usar todas as armas possíveis para me desconstruir”, disse o capitão da reserva. Segundo ele, o sorteio para a ordem das participações no programa foi manipulado para que Bolsonaro fosse entrevistado antes de Geraldo Alckmin (PSDB), motivo pelo qual o deputado desistiu de comparecer na quinta ao programa da Globonews.

Durante a sabatina, que durou cerca de duas horas e meia, Bolsonaro não enfrentou críticas dos entrevistadores e não foi colocado em situações delicadas. O fato não passou despercebido. “Isso parece um bate papo, não uma entrevista”, disse um internauta que acompanhava a sabatina pelo YouTube.

O deputado federal voltou a defender a ditadura militar e o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, chefe da unidade que foi palco de prisões e torturas de presos políticos, entre 1970 e 1974. “É um herói nacional”, defendeu o capitão da reserva. “Por que nos atacam? Porque nós das Forças Armadas somos o último obstáculo para o socialismo”, disse Bolsonaro. 

A transmissão precisou ser encerrada logo no início da sabatina, por causa de problemas técnicos. Já na primeira parte da entrevista, Bolsonaro começou falando de segurança pública, defendendo o excludente de ilicitude para policiais militares que matarem alguém enquanto estiverem em serviço. O candidato já havia falado nesse assunto em entrevista ao Roda Viva, na segunda-feira (30)

Política

Bolsonaro admitiu a dificuldade em encontrar um vice para a chapa, mas garantiu que a questão deve ser solucionada até a convenção estadual do PSL em São Paulo. Ele admitiu que a possibilidade de ter a advogada Janaína Paschoal (PSL), autora do pedido de impeachment de Dilma Rousseff (PT), como vice é “mais remota”. Ele alegou problemas familiares de Janaína para não aceitar a vaga. 

Outros dois cotados para a vaga, segundo Bolsonaro, são o príncipe Luiz Philippe Orleans de Bragança, membro da família imperial brasileira, e o general Hamilton Mourão (PRTB). 

Em mais de uma oportunidade, o deputado admitiu a necessidade de trabalhar em conjunto com o Congresso, caso eleito. Por isso, fez um apelo para que seu eleitor escolha parlamentares alinhados ideologicamente com ele. Segundo Bolsonaro, não adianta votar nele para presidente e em “um cara do PSOL” para a Câmara. 

“Se o parlamento aprovar o aborto um dia, a minha caneta vai vetar. Mas se o Parlamento derrubar o veto, eu não posso fazer nada”, disse, pedindo novamente que os eleitores escolham deputados alinhados com as posições de Bolsonaro. 

Bolsonaro também aproveitou a sabatina para voltar a fazer críticas ao centrão, conjunto de partidos formado por DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade, que resolveu apoiar a candidatura do tucano Geraldo Alckmin. O deputado federal afirmou aos entrevistadores que há um “grande acordo” entre PT e PSDB: “Um compromisso com um indulto”. O próprio Bolsonaro chegou a tentar uma coligação com o PR, tendo o senador Magno Malta (PR-ES) como vice, mas o acordo foi barrado pelo partido do senador. 

Durante a sabatina, Bolsonaro voltou a criticar o que chamou de ideologia de gênero e defendeu um incentivo para o ensino a distância no país. O deputado também atacou a Lei Rouanet e defendeu uma regulação na programação da TV aberta. “Quer fazer esses programas mais avançados? Faz a noite, não faz na Fátima”, em referência ao programa global Encontro. 

O deputado defendeu exploração de terras indígenas. Pela proposta de Bolsonaro, os povos indígenas ficariam com royalties da exploração de minérios em suas terras. O presidenciável citou a polêmica frase sobre quilombolas e disse que foi “uma colocação infeliz”, mas “paciência”. O capitão da reserva também falou em juntar Ministério da Agricultura com o do Meio Ambiente 

Supremo 

Bolsonaro também criticou o ativismo do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele voltou a falar em aumentar o número de ministros da Corte de 11 para 21, mas admitiu que a possibilidade está fora de questão. “Fui massacrado de um lado, quem entendeu elogiou do outro”, disse o presidenciável sobre a proposta. “Basicamente descartamos essa possibilidade”, admitiu Bolsonaro. 

O presidenciável deu pistas de como deve preencher as vagas que serão abertas no STF no próximo mandato, caso seja eleito. “Por que em um pais 90% cristão, não tem um ministro cristão no Supremo Tribunal Federal”, questionou o capitão da reserva. 

Entre os casos julgados pelo Supremo, Bolsonaro falou sobre o julgamento em relação ao aborto, marcado para esta sexta-feira (3). “Não tem cabimento o Supremo decidir. Quem tem que decidir somos nós [deputados]”, criticou. 

Economia 

Na hora de falar em economia, Bolsonaro se absteve e deixou que o economista Paulo Guedes respondesse em seu lugar. Guedes defendeu uma economia liberal para o país. O economista criticou corrupção e apontou como uma das causas para a crise econômica. 

“Esse sistema econômico que está aí na verdade corrompeu a política e estagnou a economia. O Bolsonaro pode reabilitar a economia”, disse Guedes. Ele também voltou a defender privatizações e a necessidade de reformar a Previdência. 

Ele também afirmou que a governabilidade de um eventual governo de Bolsonaro seria mantida não pelo loteamento de cargos, mas pelo repasse de recursos do âmbito federal para Estados e municípios: "A descentralização de recursos é o eixo da governabilidade. Bolsonaro pode ser o primeiro presidente que vai amputar seus próprios poderes, vai regenerar a classe política. Até o prefeito do PT vai querer votar nele, porque está precisando de dinheiro (para administrar o município). A classe política finalmente vai se reaproximar do povo", previu. 

Apoiadores

O candidato estava acompanhado por seu filho Flávio Bolsonaro e pelo economista Paulo Guedes, mentor do presidenciável no campo econômico e provável ministro da Fazenda caso Bolsonaro seja eleito. Havia três entrevistadores: Allan dos Santos, Bernardo Kuster e Flávio Morgenstern, todos influenciadores digitais que declaram apoio ao candidato.

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