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Gustavo Bebianno dirigia o PSL durante a campanha eleitoral do ano passado: candidatos laranja receberam verba pública mesmo sabendo que não se elegeriam. | Valter Campanato/Agência Brasil
Gustavo Bebianno dirigia o PSL durante a campanha eleitoral do ano passado: candidatos laranja receberam verba pública mesmo sabendo que não se elegeriam.| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro responsabilizou Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência, pela escalada da crise envolvendo a revelação de candidaturas laranjas bancadas pelo partido de ambos, o PSL. Bolsonaro quer uma solução rápida para o caso, discutiu com o ministro e o fez cancelar agendas, o que aumentou a pressão entre aliados pela saída de Bebianno do governo.

A situação do ministro se complicou com a revelação de que o PSL, que era dirigido por Bebianno durante a campanha eleitoral, destinou verbas milionárias do Fundo Partidário para candidatos com votações insignificantes a deputado federal pelo país.

Internado em São Paulo para recuperar-se da terceira cirurgia decorrente do atentado que sofreu em setembro, Bolsonaro mostrou especial contrariedade com o caso da candidata de Pernambuco com 274 votos que amealhou o terceiro maior naco de verba pública destinada aos postulantes do PSL no Brasil. A Polícia Federal investiga o caso.

Demonstrando irritação a assessores, o presidente discutiu o caso com Bebianno, que vem tentando empurrar a responsabilidade para o então presidente licenciado da sigla, o deputado federal Luciano Bivar (PSL), que é o dono do PSL.

Balança, mas não cai

Dois generais que trabalham sob a alçada do ministro, mas são vistos pela ala militar do governo como garantidores do funcionamento da secretaria, foram informados da situação. São eles Floriano Peixoto e Maynard Santa Rosa, este visto por observadores do Planalto como um candidato natural a substituir Bebianno caso o ministro peça demissão.

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Um militar que os conhece bem aposta, contudo, que eles trabalharão para tentar amainar a crise e evitar uma baixa expressiva no governo. Conhecido pelo estilo arestoso, Bebianno tem se destacado por notável tranquilidade no cargo, a que aliados creditam ao convívio com os generais.

Nesta terça (12), a notícia publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo de que Bebianno levaria dois ministros para discutir obras na região amazônica também desagradou o presidente, que determinou o cancelamento da viagem que ocorreria nesta quarta (13).

Oficialmente, Bebianno informou por meio de sua assessoria que a ida ao Pará foi suspensa porque Bolsonaro requisitou que todos os ministros com assento no Planalto estejam em Brasília no dia de sua volta à capital – o presidente deve deixar São Paulo, onde está internado desde o dia 27 de janeiro, na quarta.

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A tensão entre presidente e ministro levou também ao cancelamento, por ordem de Bolsonaro, de agendas de Bebianno ao longo do dia – em especial uma reunião marcada com o vice-presidente de Relações Institucionais da Rede Globo, emissora que é vista pelo núcleo familiar do mandatário como hostil ao governo. Além do encontro com Paulo Tonet Camargo, foi cancelado também conversa com o presidente da Federação Brasileira de Bancos, Murilo Portugal.

Desafeto da família Bolsonaro

Bebianno é uma figura polêmica. Advogado de Bolsonaro, ele aproximou-se bastante do presidente durante sua internação após o atentado, quando passou a controlar toda sua agenda. Se não é um desafeto, tem relação conflituosa com os filhos do presidente, especialmente o deputado federal Eduardo (PSL-SP) e o vereador carioca Carlos (PSL).

Durante a transição, família e dirigente se estranharam na formação da área de comunicação do governo, que acabou ficando com um indicado por Eduardo, seu ex-assessor Floriano Barbosa. Ele foi colocado na chefia da Secretaria de Comunicação da Presidência, que foi retirada do guarda-chuva de Bebianno e transferida para o do ministro Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo).

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