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Ex-ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes pediu demissão do cargo de presidente da Investe SP. | FETHI BELAID/AFP
Ex-ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes pediu demissão do cargo de presidente da Investe SP.| Foto: FETHI BELAID/AFP

Após ser alvo de uma nova fase da Operação Lava Jato nesta terça (19), o ex-chanceler e ex-senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) pediu demissão ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP). Ele era presidente da Investe SP, agência de estímulo a investimentos no estado, e entregou sua carta de demissão em reunião.

Aloysio diz ser inocente da acusação de que teria recebido um cartão de crédito de Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, apontado como operador do PSDB e que teria negociado propinas da construtora Odebrecht.

Em sua carta de demissão, o político tucano afirma que “foi surpreendido” com a ação da PF, que fez busca e apreensão em sua casa em São José do Rio Preto (SP). Disse não ter tido acesso ao inquérito e que está com a consciência tranquila.

Mas afirma que “fato incontornável é a repercussão negativa desse incidente, que me mortifica a mim e à minha família, e que também pode atingir o governo de Vossa Excelência”. Considerando que o processo poderá ter “duração imprevisível”, ele pede para deixar o cargo, ao qual agradece a Doria.

Protocolo Kassab

Politicamente, sua situação era desconfortável para Doria. O governador se elegeu com um forte discurso em favor da moralidade, e a Lava Jato é o símbolo máximo da onda de revolta com a corrupção que desaguou na eleição de diversos nomes que encamparam essa bandeira -a começar pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Aliados do governador tucano defendiam a aplicação do “protocolo Kassab” para lidar com acusações graves contra subordinados na gestão estadual. Ele se refere à licença combinada entre Doria e o aliado Gilberto Kassab, manda-chuva do PSD que foi um de seus principais aliados na disputa estadual do ano passado.

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No fim do ano, Kassab foi alvo de uma operação da Polícia Federal e perdeu as condições políticas de assumir a Casa Civil de Doria, para a qual havia sido indicado. Pediu para se licenciar enquanto durarem as investigações, o que na prática o afasta praticamente de forma definitiva do governo.

O “protocolo Kassab” é uma reedição da chamada solução Hargreaves, usada pelo então presidente Itamar Franco quando surgiram denúncias contra o seu também chefe da Casa Civil, Henrique Hargreaves, que havia sido acusado de irregularidades, se afastou, mas acabou voltando ao cargo inocentado.

Incompatibilidade

O próprio Aloysio admitiu que não poderia ficar no governo. Politicamente, sua saída é menos danosa para os planos políticos de Doria do que a de Kassab, que estruturou seu secretariado visando uma articulação robusta para 2022, quando ou irá buscar a reeleição ou, a depender do cenário político, a Presidência.

O ex-chanceler era um dos dez antigos membros de primeiro escalão do governo Temer a ocupar cargos na gestão Doria. Sua indicação visava agradar a velha guarda do PSDB paulista, que perdeu controle do partido com a desastrosa campanha de Geraldo Alckmin à Presidência em 2018. Doria emergiu como líder de uma nova safra de nomes do partido, o que desagrada essa ala do tucanato.

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