• Carregando...
 | Paulo Lisboa/ Brazil Photo Press/ Folhapress
| Foto: Paulo Lisboa/ Brazil Photo Press/ Folhapress

O ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, preso em Curitiba pela Operação Lava Jato, disse em delação premiada que pagou propina e também repassou dinheiro em caixa 2 de campanha para José Ticiano Dias Toffoli, ex-prefeito de Marília (SP) pelo PT. Ticiano é irmão do ministro José Antonio Dias Toffoli, atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), que não é citado por Léo Pinheiro no termo da delação a que o jornal Folha de S. Paulo teve acesso.

Além de Ticiano Toffoli, o empreiteiro disse que o sucessor dele na Prefeitura de Marília, o atual deputado estadual paulista eleito Vinicius Camarinha (PSB), também exigiu propina para a OAS e passou a receber as vantagens indevidas assim que assumiu o cargo.

LEIA TAMBÉM: Escolha de novo promotor para investigar filho de Bolsonaro causa mal estar no MP

Léo Pinheiro assinou acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR) em janeiro deste ano. O documento agora precisa ser homologado pelo ministro Edson Fachin, responsável pela Lava Jato no STF.

O empreiteiro disse aos procuradores que, em 2012, pagou R$ 1 milhão ao então prefeito de Marília, Mário Bulgareli (PDT), para que ele renunciasse e abrisse caminho para Ticiano Toffoli assumir. Em troca, recebeu a promessa do então presidente do DAEM (Departamento de Água e Esgoto de Marília), Antonio Carlos Guilherme de Souza Vieira, conhecido como Sojinha, de que a OAS poderia tocar uma obra milionário no setor de saneamento.

LEIA TAMBÉM: Como é o combate ao crime e à corrupção hoje e o que muda com o pacote de Moro

Ticiano Dias Toffoli concorreu à reeleição e novamente a OAS teve que desembolsar R$ 1,5 milhão para ajudá-lo, via caixa 2, segundo a delação. Segundo Pinheiro, embora Ticiano não tenha sido eleito, Sojinha procurou representantes da empresa após a eleição para solicitar a importância de R$ 1 milhão para custear dívidas de campanha.

A implantação do novo sistema sanitário foi orçado, em 2004, por R$ 52 milhões – quando a OAS ganhou a nova licitação, em 2013, o contrato havia chegado a R$ 106 milhões.

Outro lado

A reportagem da Folha fez contato com o advogado de José Ticiano Tofolli, Samuel Castanheira, mas ele não retornou a ligação. Já Sojinha disse desconhecer o assunto e que iria procurar seu advogado. Prometeu ligar de volta, mas também não retornou.

A defesa do ex-prefeito Mário Bulgareli disse que seu cliente não vai se manifestar antes de tomar conhecimento do caso oficialmente. O deputado Vinícius Camarinha disse, em nota, que não responde “a nenhum processo ou acusação desta ordem”.

LEIA TAMBÉM: Lava Jato terá ano do ‘fim do foro privilegiado’ e as maiores operações já realizadas

“Nunca estive com a pessoa de Léo Pinheiro e nunca houve qualquer vantagem indevida. Nossa administração à época não foi a responsável pela licitação da obra de tratamento de esgoto, portanto, tratativas relativas ao certame se deram em gestões passadas”, afirmou.

“Ressalto que a mencionada rescisão contratual com o município de Marília se deu pelo fato de se confirmar que a empresa OAS estaria na Operação Lava Jato, onde, por iniciativa nossa, rompemos contrato com a empresa”, completou.

A defesa de Léo Pinheiro não quis se manifestar. A OAS disse, em nota, que conta com uma nova gestão e tem contribuído com as autoridades competentes e com a Justiça, prestando todos os esclarecimentos que se façam necessários.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]