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| Foto: Daniel Castellano /Arquivo Gazeta do Povo

O ministro de Minas e Energia (MME), Bento Albuquerque, informou nesta segunda-feira (1º), que a pasta encerrará na semana que vem um estudo sobre o horário de verão no Brasil. “O presidente (Jair) Bolsonaro mandou que eu estudasse e apresentasse a ele uma semana atrás essa questão, para ele poder decidir”, disse em Jerusalém.

Segundo o ministro, os estudos, que são permanentes no MME, estão em fase final de elaboração. A decisão, de acordo com ele, tem que ser feita neste momento e não leva em conta apenas dados econômicos com a mudança nos relógios, mas outros fatores, como sobrecarga, picos de consumo, por exemplo.

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Albuquerque não quis adiantar sua posição sobre o tema. “Minha opinião técnica, vou dar para o presidente. Ele tem muito interesse. Quando o presidente quiser, estarei pronto, a partir da próxima semana”, disse, acrescentando que também não poderia dizer se Jair Bolsonaro é contra ou a favor da mudança.

O estudo já estava em estágio avançado no governo de Michel Temer e havia um interesse do MME em terminar com as alterações de horário. Como se tratava de um tema muito polêmico em termos populares e já havia um clima de embate no país por causa das eleições, o governo decidiu deixar a decisão para a atual administração.

Na semana passada, o Parlamento Europeu votou pelo fim do horário de verão no continente a partir de 2021. Foram 410 deputados votando a favor, 192 contra e 51 abstenções. O plenário do Parlamento seguiu uma recomendação da Comissão de Transportes do órgão.

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Segundo o jornal Deutsche Welle, a mudança de hora duas vezes por ano é um assunto controverso há muito tempo, mas hoje existe um amplo consenso na União Europeia quanto ao seu fim. Desde 1996, os europeus mudam os relógios no último domingo de março (uma hora para frente) e no último domingo de outubro (uma hora para trás).

Originalmente, a intenção era poupar energia através de uma melhor utilização da luz do dia, mas os benefícios econômicos são extremamente controversos. Além disso, pesquisas científicas sugerem que a transição possa causar problemas de saúde física ou psicológica.

Mudanças no padrão de consumo mudam efetividade do horário especial

O mesmo acontece no Brasil. O padrão de consumo de energia elétrica dos brasileiros vem mudando ao longo dos anos. Antes, a adoção do horário de verão evitava uma sobrecarga no sistema no fim da tarde – as pessoas passavam mais tempo fora de casa e os setores produtivos (comércio e indústria) encerravam o expediente ou diminuíam o volume de produção. Com o tempo, o pico de consumo mudou de horário e é no meio da tarde em que os brasileiros “gastam” mais luz – o ar-condicionado é apontado como um dos fatores para esse boom de consumo.

Dados do Ministério de Minas e Energia e do Operador Nacional do Sistema (ONS) mostram que, embora haja um alívio aos cofres da União pela adoção do horário de verão, essa economia vem diminuindo. Em 2013, por exemplo, foram poupados R$ 405 milhões – o equivalente a 2.565 megawatts. A partir daí, a economia só diminuiu: no ano passado, esse número caiu para cerca de R$ 140 milhões.

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No Boletim Energético de outubro de 2018, da FGV Energia, os pesquisadores Gláucia Fernandes, Guilherme Pereira e Vanderlei Martins, mostraram que de 2000 para 2018 a folga obtida com a não sobreposição do consumo residencial e de iluminação com o consumo industrial e comercial passou a não ser significativa. Eles explicam que em 2000, “este descasamento das cargas, acabava por reduzir o horário de ponta, tornando a operação do sistema mais segura e barata e com menos riscos de apagões”.

Mas a situação mudou. O avanço tecnológico permitiu a adoção de produtos que economizam mais energia -- um exemplo é a troca das lâmpadas incandescentes por modelos mais eficientes. O horário de pico migrou do fim para o meio da tarde.

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