• Carregando...
 | NELSON ALMEIDA/AFP
| Foto: NELSON ALMEIDA/AFP

Em um post nas redes sociais intitulado “Cultura de golpe”, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), fez críticas ao vice-presidente Hamilton Mourão e insinuou que mercado financeiro e Fiesp – a Federação das Indústrias de São Paulo – têm interesse no impeachment do presidente Jair Bolsonaro.

Na avaliação da petista, “os banqueiros e seus amigos na política, que apostaram tudo em Bolsonaro, já começam a mostrar impaciência com sua incapacidade de aprovar essa trágica reforma da previdência”. Por isso, segundo ela, “já falam abertamente em impeachment e no vice Mourão”. Em seguida, a deputada relembrou declarações dele sobre 13.º salário, adicional de férias e salário mínimo.

“O vice, que a cada dia, parece mandar mais que o presidente, já incorporou o discurso e os interesses do Sistema – não importa se por ignorância, por ideologia ou por oportunismo”, disse Gleisi. “Para os poderosos, Mourão seria a solução para aprovar essa reforma da previdência que vai acabar com a aposentadoria do povo.”

A avaliação que Gleisi faz de Mourão, no entanto, não é unânime em seu partido. Nesta quinta (28), em entrevista ao jornal “Valor” na qual criticou Jair Bolsonaro pelo “clima de guerra” de campanha eleitoral e o ministro da Economia, Paulo Guedes, pela postura tida como arrogante, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), elogiou o vice-presidente. Para Costa, Mourão é “mais moderado”, tem “senso de responsabilidade” e “postura madura”.

“Mourão tem feito pronunciamentos muito mais moderados, tem postura mais madura do que muitos representantes do governo. Estive com ele para discutir o fechamento de uma fábrica na Bahia, e ele foi muito gentil, me atendeu de forma republicana. Todos que estiveram com ele, independentemente do partido, falam que ele tem demonstrado senso de responsabilidade. Está distribuindo cartão de visita para todo mundo”, disse o governador da Bahia.

Gleisi se alinha a aliados de Bolsonaro e Olavo de Carvalho na crítica a Mourão

Ao criticar Mourão, Gleisi se alinha a aliados de Bolsonaro e ao escritor Olavo de Carvalho, espécie de mentor da família presidencial, que têm criticado a agenda de compromissos e declarações de Mourão. Na avaliação desses críticos, o vice busca desestabilizar o presidente e o próprio governo. Entre os diversos fatores que incomodaram tais aliados está o fato de Mourão ter recebido representantes da CUT, central sindical historicamente ligada ao PT.

A fala de Gleisi sobre o vínculo de Mourão com empresários remete à visita do vice à Fiesp, na terça (26). O evento ultrapassou a capacidade do auditório do Sesi, na avenida Paulista. Chegaram mais de 700 representantes da empresas para ocupar os 456 lugares do teatro, levando a organização a instalar telões em salas anexas e até no 15.º andar, no espaço reservado para as reuniões da diretoria.

LEIA TAMBÉM:Mourão causa mal-estar no governo e cria dúvida: ele é amigo ou inimigo de Bolsonaro?

Mourão discursou defendendo a reforma da Previdência e ressaltou o valor do diálogo com o setor privado. Conforme um empresário presente, Mourão chegou acompanhado de vários generais, fez um “excelente” discurso e passou uma ótima impressão.

Defendeu as reformas tributária e previdenciária e assumiu compromisso com a liberdade, citando três exemplos: expressão, religião e escolha. E em um afago a Bolsonaro afirmou que o presidente é um democrata. As palavras “preparado”, “articulado” e “ponderado” foram as mais usadas para descrever o vice-presidente.

Mais tarde, o vice-presidente seguiu para um jantar informal na casa do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, para o qual foram convidados 30 empresários e executivos de peso, como André Gerdau (Grupo Gerdau), Flavio Rocha (Riachuelo), Josué Gomes da Silva (Coteminas) e David Feffer (Suzano).

A lista abrange uma série de chefes de grandes empresas como Marcelo Melchior (Nestlé), Fabio Coelho (Google Brasil), Frederico Curado (Ultra), Paulo Cesar de Souza e Silva (Embraer), entre outros.

O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim e o maestro João Carlos Martins, da orquestra do Sesi-SP, também foram chamados por Skaf, que bancou o jantar como pessoa física.

À mesa de Mourão sentaram-se, de um lado, o ex-ministro e hoje secretário da Fazenda paulista, Henrique Meirelles, e do outro, o empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, fundador das concessionárias Caoa.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]