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Nicolás Maduro: presidente da Venezuela com as Força Militares venezuelanaS. | Twitter Nicolas Maduro / 
 / Fotos Públicas
Nicolás Maduro: presidente da Venezuela com as Força Militares venezuelanaS.| Foto: Twitter Nicolas Maduro / / Fotos Públicas

Caso a Venezuela corte totalmente o fornecimento de energia para Roraima, o governo Jair Bolsonaro (PSL) já tem um plano emergencial. Isso aconteceu porque o governo trabalha com a hipótese  de uma interrupção integral da energia que chega ao Brasil proveniente da hidrelétrica de Guri, no estado venezuelano de Bolívar.

Como o estado é o único que não está conectado ao SIN (Sistema Interligado Nacional), o tema está sendo acompanhado de perto. O plano foi tratado pelo Ministério de Minas e Energia no 30 dia de janeiro, numa reunião entre o governador de Roraima, Antônio Denarium (PSL), o secretário de Energia Elétrica da pasta, Ricardo Cyrino, o diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia elétrica), André Pepitone, e os diretores da Roraima Energia, que faz a distribuição de eletricidade no Estado.

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Quando a reunião foi convocada, o Ministério de Minas e Energia temia que o ditador Nicolás Maduro interrompesse o fornecimento de eletricidade em retaliação ao Brasil, que poucos dias antes reconheceu o líder opositor Juan Guaidó como presidente legítimo da Venezuela.

Pontes rompidas

Ao fazer esse gesto, Bolsonaro rompeu basicamente todas as pontes com Maduro. Embora isolado internacionalmente e pressionado a deixar o poder, o líder chavista mantém a fidelidade do exército e controla o território do país.

No entanto, a avaliação entre pessoas envolvidas nas tratativas é que o risco de uma retaliação diminuiu nos últimos dias. Na opinião desses interlocutores, caso Maduro quisesse enviar uma mensagem política contra Bolsonaro, o corte na energia enviada de Guri já teria acontecido.

Apesar disso, o plano emergencial na hipótese de uma queda brusca de fornecimento continua pronto para ser ativado. Hoje, o governo considera que as ações emergenciais podem ser desencadeadas inclusive pelas constantes falhas técnicas registradas na linha que transporta a energia do estado de Bolívar para o Brasil.

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Roraima é abastecida por eletricidade da Venezuela desde 2001. Com o agravamento da crise no país vizinho, a transmissão da eletricidade vem sofrendo com falta de manutenção, o que leva a constantes apagões em Boa Vista.

Só no ano passado foram 83 cortes no fornecimento de energia que levaram a blecautes, segundo a Roraima Energia. Desde o início do ano, já foram registrados nove incidentes do tipo.

De acordo com o diretor de relações institucionais da Roraima Energia, Anselmo Santana Brasil, hoje Roraima opera com pouco mais da metade da sua energia originária da Venezuela.

A proporção varia constantemente, de acordo com o nível de falhas apresentado pela energia venezuelana. Nesta semana, por exemplo, Boa Vista voltou a reduzir o uso de eletricidade de Guri entre 7h e 18h, quando a demanda é mais intensa. A estratégia foi utilizada para reduzir o risco de apagões.  

Como foi a reunião

De acordo com Santana, as autoridades em Brasília perguntaram, na reunião do dia 30 de janeiro, qual era a capacidade da Roraima Energia caso o fornecimento de eletricidade venezuelana fosse interrompido, uma vez que a empresa também administra as usinas térmicas no estado que complementam a energia enviada do país vizinho.

“Fomos chamados pelo governo federal com a preocupação de uma saída definitiva da Venezuela [do fornecimento de energia]”, afirmou Anselmo à reportagem. “O governo está preocupado com o assunto. Conversamos todas as necessidades, para caso haja uma operação contínua do parque térmico no estado.”

O diretor diz que a empresa mantém um estoque de óleo diesel que pode suprir as necessidades de Boa Vista durante oito dias, a partir do momento em que a eletricidade da Venezuela deixe de chegar.

Mas, nesse cenário de uso exclusivo das térmicas, a Roraima Energia precisaria de apoio do governo para fazer chegar a Boa Vista caminhões de Manaus com o combustível.

Segundo Santana, a empresa calcula que seria necessário um fluxo de caminhões três vezes maior do que o atual.

Os diretores da empresa também disseram na reunião que, caso o plano emergencial seja ativado, o governo precisa garantir à companhia agilidade nos repasses da conta da Aneel que compensa as geradoras pelo uso intensivo de combustíveis fósseis.

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Uma operação prolongada das térmicas também representaria um gasto bastante mais elevado, uma vez que a energia gerada por combustíveis tem um custo maior do que a de Guri, de matriz hidrelétrica.

Interlocutores no governo afirmaram que o Ministério de Minas e Energia sinalizou aos executivos que o Planalto, na hipótese de ativação do plano emergencial, atuará para fazer chegar o óleo diesel a Boa Vista.

No longo prazo, o governo Bolsonaro espera reduzir a dependência de Roraima com a energia venezuelana. O Planalto tenta destravar a construção do linhão de Tucuruí, para conectar o estado ao Sistema Interligado Nacional.

Embora a previsão inicial fosse para que o linhão começasse a ser construído em 2011, o projeto sofreu sucessivos atrasos em razão de uma contenda com os índios que vivem na terra Waimiri-Atroari. O trajeto da linha atravessa o território indígena.

O governo também quer realizar leilões para a geração de energia de diferentes matrizes para tentar aumentar a capacidade do parque instalado em Roraima.

No entanto, interlocutores no governo avaliam que esses empreendimentos só estarão prontos para operar plenamente daqui a dois anos.

Procurado, o Ministério de Minas e Energia afirmou que o “governo está atento para o crescente aumento das interrupções por conta das falhas de natureza técnica, que tem provocado blecautes parciais em Boa Vista.”

“O governo tem tomado iniciativas de buscar soluções de caráter estrutural e conjuntural”, acrescentou a pasta.

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