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| Foto: DOUGLAS MAGNO/AFP

O governo federal debate a conveniência do uso das Forças Armadas para liberar estradas bloqueadas por caminhoneiros caso não haja um refluxo no movimento, que entrou no quinto dia nesta sexta (25).

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A medida, considerada extrema e indesejada, já vinha sendo avaliada pela área de inteligência e segurança do governo. Na noite de quinta, a Casa Civil havia anunciado uma trégua com as principais entidades do setor, congelando o preço do diesel que move os caminhões por 30 dias e pedindo duas semanas para retomar a negociação.

Até o fim desta manhã, contudo, não havia sinais de arrefecimento daquilo que os caminhoneiros chamam de greve, mas que o governo já identifica majoritariamente como um locaute quando empresários incentivam a disrupção de um setor econômico para tentar auferir vantagens, o que é ilegal. Ainda assim, há também um fator de espontaneidade na paralisação que intriga e preocupa o governo, temeroso de uma repetição nas estradas do cenário urbano dos protestos de junho de 2013.

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O ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) disse nesta manhã que era preciso esperar para que o acordado com as associações na quinta chegasse à base, mas convocou uma reunião de emergência no Planalto para avaliar o contexto. Enquanto isso, em alguns pontos do país, o estrangulamento causado pela ausência de transporte de combustível chegou a níveis drásticos. O aeroporto de Brasília, terceiro mais movimentado e maior centro de distribuição de conexões do país, está sem querosene de aviação, por exemplo.

O governo hesita em usar o Exército, numa semana marcada por inação política e diversos movimentos contraditórios e desastrosos por parte de seus aliados na chefia do Legislativo. O agravamento exponencial da crise na quinta levou àquilo que, no Ministério da Defesa, se chama de recurso ao “posto Ipiranga”: referência, irônica no contexto atual, à propaganda da distribuidora de combustíveis que promete resolver todos os problemas do cliente em uma visita. No caso, o “posto Ipiranga” são os militares.

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Inicialmente, o Ministério da Segurança Pública defendia que um desbloqueio fosse feito com forças regulares, das PMs estaduais e da Polícia Rodoviária Federal. Durante a quinta, monitoramento feito pelo Exército indicou que os bloqueios estavam sendo feitos de forma ordeira, embora aqui e ali fossem registrados incidentes. Com a demora na solução negociada, há uma crescente leitura de que a medida mais drástica poderá ser mais efetiva. Não será algo inédito, se ocorrer. Em 1999, o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) chegou a convocar o Exército para a mesma missão, e a mera ameaça debelou o movimento.

O perigo mora, para o governo, no exato contrário: se a medida, a exemplo da repressão policial que incendiou os protestos de 2013, acabe por radicalizar o movimento. O fato de a gestão do presidente Michel Temer (MDB), significativamente ausente das discussões, ter virado um para-raios de insatisfação popular em praticamente qualquer decisão que tome também pesa na equação.

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