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| Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que sairá do governo se sentir que perdeu o apoio do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o Congresso demonstrar que não apoiará as medidas econômicas propostas pelo governo. “Estou aqui para servir, se ninguém quiser meu serviço, vai ser um prazer ter tentado", disse o ministro, nesta quarta-feira (27), em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.

Guedes foi questionado pela senadora Eliziane Gama (PPS-MA) se sairia do governo caso a reforma da Previdência não passe no Congresso. Ao responder, ele disse que não vai sair na primeira derrota.  Somente se perder o apoio do Bolsonaro e do Congresso. 

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“Não tenho inconsequência e irresponsabilidade de sair na primeira derrota”, afirmou. Mas completou: “Se ninguém me quiser aqui, eu que não vou desestabilizar o trabalho dos senhores. Ou vocês acham que eu vou ficar brigando para ficar aqui”, afirmou, ressaltando que não tem “apego ao cargo”.

Ele garantiu, porém, que acredita que todos os poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário – vão fazer a sua parte. E que a reforma da Previdência deve ser aprovada para que depois a equipe econômica possa lançar sua agenda positiva para economia, o que inclui privatizações e reforma tributária.

Guedes está sem entender posição do governo na PEC do Orçamento impositivo

Questionado pelo senador Major Olímpio (PSL-SP) sobre a aprovação da PEC do Orçamento impositivo - em que até a base do governo votou a favor na Câmara, Guedes disse que ficou sem entender. O ministro é contra a medida, pois ela obrigada a execução de emendas de bancadas estaduais, engessando ainda mais o Orçamento.

“Eu tomei um susto também”, afirmou o ministro. “O principal opositor do governo é ele mesmo? Evidentemente, entre nós, está falhando alguma coisa”, completou. A PEC foi colocada em votação na terça-feira (26), de surpresa, e foi considerada uma retaliação de Rodrigo Maia (DEM-RJ) ao governo. Ela foi aprovada por mais de 450 votos.

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Guedes disse que a votação foi uma demonstração de força da Câmara. “O que eu acho que aconteceu ontem foi a demonstração de poder de uma Casa. Foi um movimento de poder político.” O ministro recomendou que os senadores votem contra o projeto.

Major Olímpio, por outro lado, cobrou que a equipe econômica oriente mais rapidamente a base nas votações de projetos econômicos. “Nós estamos junto na guerra, mas sem a logística, sem a orientação”, diz o senador que é do partido do presidente Bolsonaro.

Clima tenso

Durante as perguntas, o clima entre o ministro e os senadores esquentou. Ao ser questionado pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE), que afirmou que as propostas do governo são “pura” ideologia, o ministro ficou evidentemente incomodado e começou a defender a lógica de suas reformas. 

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A senadora Kátia Abreu (PDT-TO) tentou interromper o ministro para questioná-lo da Previdência, mas Guedes afirmou à senadora: “a senhora terá o seu horário". A frase do ministro gerou reações nos senadores, que o acusaram de mandar Kátia Abreu “calar a boca”. O ministro negou e se defendeu: “é a minha vez de falar”. Ao final da audiência, o ministro pediu desculpas a senadora Kátia Abreu.

Guedes garante que vai à Câmara na próxima semana

O ministro afirmou que vai comparecer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados na próxima quarta-feira (3). Ele desmarcou a ida à comissão, prevista para terça-feira (26), em cima da hora, justificando, em nota, que não seria proveitoso sua ida pela falta de relator.

Nesta quarta, o ministro explicou que, na verdade, foi aconselhado a não ir pelo clima político hostil, inclusive da própria base do governo. “[Falaram]: o seu partido vai atirar em você, a oposição vai tirar em você, além disso não tem relator. Então eu fui aconselhado a não ir.” Ele não disse quem o aconselhou a não ir.

Com a ausência de Guedes, a CCJ refez um novo convite para o ministro a ir na próxima quarta-feira à comissão. O assunto será a reforma da Previdência, que está parada na comissão a espera de um relator. O nome do relator está previsto para sair até o fim desta semana.

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