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 | Nilson Bastian/Câmara dos Deputados
| Foto: Nilson Bastian/Câmara dos Deputados

Futuro ministro da Saúde do governo Jair Bolsonaro, o deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), é um inimigo de primeira hora do programa Mais Médicos. Deputado de segundo mandato, Mandetta tornou-se próximo de Bolsonaro nesta legislatura (2015-2019). Ambos estiveram juntos na oposição ao governo Dilma Rousseff (PT).

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De comportamento e atuação discretas, Mandetta se dedicou a atuar na Comissão de Seguridade Social e Família, que trata dos temas ligados à área de saúde. Foi secretário municipal de Saúde de Campo Grande, durante cinco anos, e tem ligações com os planos de saúde. Na cidade, presidiu a Unimed local durante três anos. Mandetta teve um papel importante em outra frente dentro do Congresso, que foi a da regulamentação da profissão do agente de saúde e de condições e salários melhores para essa categoria.

O futuro ministro se posicionou contra o Mais Médicos desde o início do programa, em 2013. Classificou a proposta como um “ato tirano” e de um “estado de exceção”.  Para ele, os médicos brasileiros não vão trabalhar em  áreas mais distantes do país porque o vínculo de trabalho é precário e também porque os prefeitos, quem os contratam, dão calote. 

“Os médicos cansaram de calote de prefeito porcaria. Tenho inúmeros colegas que foram para cidades do interior. O município oferece R$ 30 mil, mas ninguém vai porque o vínculo é precário. Não tem concurso público. Tem contrato quase verbal. É descartável”, discursou, durante uma discussão na Câmara sobre a medida provisória que criou o programa, em 2013. 

Mandetta disse que, com a presença dos cubanos, o Brasil entraria numa área de sombra.

“Os corpos que os médicos de Cuba produzirem vão ficar com as lápides em frente ao Palácio do Planalto e na conta de cada deputado que votar a favor. Essa é a MP da Morte”, disse Mandetta à época. 

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Ele defendeu o Revalida para os médicos estrangeiros, mas os cubanos, e outros, foram dispensados da prova no primeiro momento dada a urgência da contratação pelo governo. Sempre em defesa dos médicos brasileiros, Mandetta disse uma vez que era da época que se estudava muito para fazer medicina. 

“Os nerds eram do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) e do IME (Instituto Militar de Engenharia). A turma inteligente, que estudava, fazia medicina. A turma do fundão, que não queria nada, fazia direito. Minha mãe nunca deixava eu sentar no fundão. Hoje, a turma do direito consegue ser promotor, tem concurso público e ganha salário inicial de R$ 29 mil. E querem mandar os médicos para esses lugares com uma mão na frente e outra atrás.” 

O deputado defendeu que todo médico que desejasse trabalhar no Brasil deveria passar por uma prova, no caso, o Revalida, para mostrar capacidade para trabalhar. 

“Qualquer médico de qualquer parte do mundo, da Índia, da China, da Coreia, de Cuba, que desejar vir trabalhar no Brasil pode vir. Desde que se submeta a uma prova. Sem prova, esse programa tem um erro de batismo. É o Maus Médicos. É o que vai atrair. Sempre fui acostumado a fazer provas. Passei numa faculdade particular. Meu pai pagou. Fiz prova de residência. Você tem que ser submetido a provas porque o que está em jogo é a vida das pessoas. Esses médicos (do Mais Médicos) vão ficar tutorados provavelmente à distância”, disse Mandetta.

“Sem carreira de Estado e sem concurso digo que é um ato de resistência os brasileiros se inscreverem. Esse programa é um ato tirano provocado por esse governo para atingir objetivos políticos.” 

Para ele, os médicos brasileiros foram vítimas dos Sistema Único de Saúde (SUS) desde a sua criação, há quase 30 anos, e não poderiam ser, no Mais Médicos, alvos de exploração novamente. 

"Defendo a carreira de Estado. Isso (o Mais Médicos) é estado de exceção. Não se constrói com improvisação. Não há proposta de medicina de brasileiros para brasileiros. Os médicos brasileiros têm carregado o sistema nas costas e vêm agora dizer que os médicos cubanos são os melhores do Universo.” 

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