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O jornalista Ricardo Boechat, de 66 anos, âncora da rádio Bandnews FM e do Jornal da Band, morreu nesta segunda-feira (11) na queda de um helicóptero, em São Paulo. A aeronave explodiu ao tentar fazer um pouso de emergência na pista do Rodoanel, que dá acesso à Rodovia Anhanguera, e bater em um caminhão.

O piloto do helicóptero Ronaldo Quattrucci, 56 anos, também perdeu a vida no acidente, segundo informações do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). Inicialmente, acreditou-se que a outra vítima era um copiloto, mas a informação de que se tratava de Boechat veio logo depois. O helicóptero era um modelo de 1975 utilizado como táxi aéreo.

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O motorista do caminhão João Francisco Tomanckeves, de 52 anos, morador de Caxias do Sul, sofreu ferimentos leves, segundo a Polícia Militar, foi socorrido.

Veja vídeos do local do acidente de helicóptero

A confirmação da morte foi dada ao vivo na Band News FM e em uma entrada ao vivo do programa Brasil Urgente, da TV Bandeirantes. Na rádio, a editora-executiva do programa Sheila Magalhães confirmou que Ricardo Boechat estava a bordo do helicóptero.

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Ele voltava de um evento para 2,7 mil pessoas em Campinas, a convite de um laboratório farmacêutico. Pegou a aeronave de volta a São Paulo por volta das 11h50 e pousaria nos estúdios do grupo Band por volta 12h15, mas isso não aconteceu. A programação da Band News chegou a ser interrompida e uma vinheta ficou no ar por alguns minutos.

Colega na TV Bandeirantes, o apresentador José Luiz Datena se emocionou ao noticiar, ao vivo, a morte de Boechat. Disse que ele era “uma pessoa especial” e um dos maiores jornalistas do país. “Até os inimigos respeitavam Boechat. Porque era muito difícil contestá-lo. De uma maneira ou de outra, ele tinha uma virtude. Era verdadeiro 24 horas por dia”, afirmou.

Destroços do helicoptero em que estava Boechat pegando fogo.

Boechat, um dos mais renomados jornalistas do país, deixa mulher e seis filhos. Coube ao diretor de jornalismo da Band, Fernando Mitre, a tarefa de contar para Veruska, que também trabalha na emissora, sobre a morte do marido. Em entrevista à TV Globo, ela mencionou que Boechat disse que “ele queria almoçar em casa”. Era casado com Veruska desde 2005, com quem tinha duas filhas, de 12 e 10 anos. O jornalista tem outros quatro filhos do casamento com Claudia Costa de Andrade: Bia, 40 anos; Rafael, 38; Paula, 36; e Patricia, 29.

Ricardo Boechat era filho do diplomata Ricardo Eugênio Boechat e nasceu no dia 13 de julho de 1952, em Buenos Aires. Na época, o pai estava a serviço do Ministério das Relações Exteriores na Argentina. Além do trabalho no Grupo Bandeirantes de Comunicação, Boechat também assinava uma coluna semanal na revista IstoÉ. Também trabalhou nos jornais O Globo, O Estado de S. Paulo e O Dia.

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Na sua carreira, ganhou três prêmios Esso – o mais importante do jornalismo brasileiro. E é o maior ganhador da história do Prêmio Comunique-se, um dos principais do ramo de comunicação. Também foi eleito o jornalista mais admirado do País na pesquisa do site Jornalistas&Cia em 2014.

Bolsonaro lamenta a morte

O presidente Jair Bolsonaro lamentou, pelo Twitter, a morte de Boechat. “É com pesar que recebo a triste notícia do falecimento do jornalista Ricardo Boechat, que estava no helicóptero que caiu hoje em SP. Minha solidariedade à família do profissional e colega que sempre tive muito respeito, bem como do piloto. Que Deus console a todos!”, escreveu Bolsonaro.

Colegas da imprensa também lamentaram a perda. Ex-colega de TV Globo, o jornalista Alexandre Garcia lamentou a perda em postagem no Twitter. “Boechat, um modelo de jornalismo corajoso. Tive a honra de substituí-lo no Bom dia Brasil, como comentarista, há duas décadas. Descanse em paz, amigo, com as glórias de ter bem cumprido sua missão.”

“Um profissional de dar inveja a outros profissionais, tal a capacidade dele, tanto no rádio quanto na TV”, resumiu Cid Moreira, ex-âncora do Jornal Nacional, da TV Globo. “Acabo de receber uma notícia que me abalou profundamente. Ricardo Boechat sofreu um acidente e nos deixou. Eu tive o privilégio de encontrar com ele no prêmio Comunique-se e, pelo menos uma vez por ano, abraçá-lo. A perda de um grande colega, um grande profissional”, completou.

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“Gênio que deixa a vida para entrar na história do jornalismo brasileiro. A tese “ninguém é insubstituível” não se aplica a ele”, afirmou o jornalista da Band Luiz Bacci, 34. “Um jornalista excepcional. Uma doce pessoa. Chocada, consternada, tristíssima com a morte do colega Boechat”, afirmou a também jornalista Renata Cappucci, 45, da Globo.

Como foi o acidente

O acidente ocorreu na altura do quilômetro 7 do Rodoanel, sentido Castelo Branco, próximo a um pedágio. Em entrevista dada a jornalistas no local do acidente, o capitão Augusto Paiva, da PM, disse que, testemunhas relataram que o helicóptero tentou fazer um pouso de emergência em uma alça de acesso do Rodoanel à Anhanguera, local das vias com menos fluxo de veículos. Não se sabe ainda qual o problema que a aeronave apresentou.

Na descida, ele se chocou com um caminhão que tinha acabado de sair do pedágio, na faixa do Sem Parar, pedágio expresso. Foi essa colisão que gerou o fogo na aeronave. Por volta do meio-dia os policiais e bombeiros foram informados de um acidente de aeronave com focos de fogo. O Corpo de Bombeiros atendeu a ocorrência com um helicóptero e 11 viaturas.

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Segundo informações do Cenipa, além de Boechat, o outro ocupante da aeronave é o piloto Ronaldo Quattrucci, que também morreu no local. Ele tinha dois filhos. O caso está sendo apresentado ao 46º Distrito Policial (Perus) e os corpos foram levados ao Núcleo de Antropologia do IML (Instituto Médico Legal) Centro.

Foram feitas interdições parciais nas pistas do Rodoanel sentido Perus e da Anhanguera sentido Jundiaí para atender a ocorrência.

Divulgação

O helicóptero, uma aeronave Bell Jet Ranger, prefixo PT-HPG, fabricada em 1975, não era da emissora de televisão. Tinha capacidade para cinco lugares, estava com a declaração anual de inspeção de aviação válida até maio deste ano e com o certificado de aeronavegabilidade válido até maio de 2023. Ele pertence a RQ Serviços Aéreos Especializados, cuja sede fica no Tatuapé, zona leste, empresa com uma frota de quatro aeronaves especializada em filmagens, fotografias e reportagem. O piloto Ronaldo Quattrucci era sócio-proprietário da empresa

Em nota, a A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que o helicóptero estava em situação regular, com o Certificado de Aeronavegabilidade (CA) válido até maio de 2023 e a Inspeção Anual de Manutenção (IAM) em dia até maio de 2019. As investigações sobre as causas da queda estão sendo conduzidas pelo 4.º Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA IV), órgão regional do Cenipa, do Comando da Aeronáutica.

Vídeos do local do acidente

A frente do caminhão atingido pelo helicóptero ficou destruída.

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