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Polícia Civil faz perícia no carro usado pelos atiradores: dono de estacionamento teria sido quem informou sobre a existência de um terceiro participante. | Rovena Rosa/Agência Brasil
Polícia Civil faz perícia no carro usado pelos atiradores: dono de estacionamento teria sido quem informou sobre a existência de um terceiro participante.| Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

O terceiro suspeito de participar do planejamento do ataque a tiros na Escola Estadual Raul Brasil, na quarta-feira (13), se apresentou ao Fórum de Suzano (SP), na manhã desta sexta-feira (15), foi ouvido e liberado. O Ministério Público não encontrou no depoimento indícios suficientes para apresentar denúncia contra o adolescente de 17 anos.

No dia anterior, o delegado-geral da Polícia Civil, Ruy Ferraz Fontes, havia pedido à Justiça que o adolescente fosse apreendido, por participação na instigação ao crime.

Ele é ex-aluno da escola e estudou na sala de Guilherme Taucci Monteiro, 17 anos, o líder do massacre que deixou oito mortos. Na casa do jovem, a polícia apreendeu, na manhã desta sexta, anotações e desenhos –material semelhante ao encontrado na residência dos atiradores.

NOSSA OPINIÃO: Não podemos fingir que a desagregação da família não tem relação alguma com o ataque em Suzano

Em virtude do Estatuto da Criança e do Adolescente, o processo que vai apurar a participação do jovem correrá em segredo de justiça. Entre os 11 telefones celulares apreendidos pela polícia na quarta-feira, um deles pertence ao jovem. Quase todos os outros aparelhos são relacionados a Guilherme Taucci.

O envolvimento do terceiro suspeito teria ocorrido no planejamento do crime, segundo o delegado Ruy Fontes. O dono do estacionamento onde Guilherme Taucci e Luiz Henrique de Castro, 25 anos, guardaram o carro usado no ataque teria informado à polícia a participação do adolescente.

Investigações

Colegas de classe da Raul Brasil também afirmaram que o adolescente e Guilherme eram muito próximos e, dias antes do massacre, o suspeito havia manifestado o desejo de entrar na escola atirando.

Os policiais acreditam que o plano seria executado pelos dois, mas, por motivos ainda desconhecidos, o adolescente acabou excluído da ação. Isso também revela que Guilherme seria o líder.

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Fontes disse que a investigação vai tentar descobrir, agora, porque o novo suspeito não participou do ataque. Os policiais acreditam que Guilherme, já sem o comparsa, teria procurado Luiz Henrique para que este pudesse financiar o plano. Como tinha emprego regular, ele teria recursos para comprar as armas e alugar o veículo usado no dia dos assassinatos.

A polícia também apura se Luiz, o mais velho do trio, tinha algum déficit cognitivo. “A gente entende que a personalidade dele não era tão firme a ponto de impedir ou deixar de ingressar na execução de um crime desse, principalmente liderado por uma pessoa que era pelo menos sete anos mais nova do que ele.”

Segundo o delegado, os assassinos se inspiraram no massacre de Columbine, ocorrido em 1999, nos Estados Unidos, mas queriam ser ainda mais cruéis. “Eles queriam demonstrar que podiam agir como aconteceu em Columbine, com crueldade e com caráter trágico, para que eles fossem mais reconhecidos do que aqueles”, disse Fontes.

A dupla usou um revólver, carregadores, uma besta (arma medieval), um machado, uma machadinha, coquetéis molotov e granadas de fumaça. As roupas usadas seriam inspiradas no jogo de videogame Call of Duty, episódio Ghosts, um jogo de tiro em primeira pessoa.

O crime ocorreu em meio ao debate sobre posse de armas e chama a atenção por ter sido cometido em dupla e longamente planejado.

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