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11 mortes foram confirmadas até as 16 horas de sábado, mas ainda há quase 300 desaparecidos. | Douglas Magno/AFP
11 mortes foram confirmadas até as 16 horas de sábado, mas ainda há quase 300 desaparecidos.| Foto: Douglas Magno/AFP

O corpo da médica do trabalho Marcelle Porto Cangussu foi o primeiro a ser reconhecido após a tragédia do rompimento da barragem da mineradora Vale, em Brumadinho (MG). A informação foi confirmada por telefone pela irmã da vítima, Juliane Porto, que estava chorando no momento da ligação. Muito abalada, ela não quis dar entrevista. Marcelle se formou pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e trabalhava desde 2015 na Vale.

Outras três mortes já confirmadas são a de Márcio Mascarenhas, dono da Pousada Nova Estância, sua mulher e seu filho. O empresário também era criador da rede de ensino de idiomas NumberOne, mas se afastou da escola há dois anos para comandar a pousada. Em meio às montanhas de Brumadinho, a pousada era um refúgio com gastronomia requintada. Aos fins de semana, o local recebia casais que aproveitavam a vista privilegiada da Mata Atlântica. O cantor Caetano Veloso foi um dos hóspedes.

“Os funcionários são inesquecíveis para a gente. O rapaz que vinha com a chave do quarto e a bandeja de chocolate assim que a gente chegava da rua. A senhora do café da manhã. O garçom que sabia indicar o que Inhotim tinha de melhor. O casal de proprietários. E hoje [sexta-feira] todas essas pessoas foram assassinadas”, disse, nas mídias sociais, uma antiga hóspede.

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Ela desconhecia a proximidade entre a barragem e a pousada. “Na época, não fazíamos ideia disso, do risco. Dava para saber que a mineradora da Vale estava nas redondezas pelos caminhões que encontrávamos pelo caminho e pela informação de que [a pousada] era a preferida de executivos da empresa [e também de vários artistas]. Na pousada, olhando ao redor, apenas a calmaria da vegetação verdinha. Hoje, ela também foi morta”, lamentou.

Ônibus soterrado

O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais informou, na manhã de sábado, que um ônibus com funcionários da Vale foi encontrado na barragem da Mina Córrego do Feijão. A corporação não quis confirmar o número de pessoas que havia no veículo, que estava soterrado, mas disse que todos os passageiros estavam sem vida.

O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, afirmou que o dano ambiental em Brumadinho será muito menor que o de Mariana, em 2015, mas a tragédia humana deverá ser maior. O rompimento da barragem liberou 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos, que entraram no Rio Paraopeba. A estimativa é a de que esse volume represente um quarto do que foi liberado no acidente com a barragem de Fundão, em Mariana, que pertencia à Samarco, empresa controlada pela Vale e pela BHP Billiton. Naquela ocasião, 19 pessoas morreram, e milhares foram atingidas pelos estragos do rastro de lama, que contaminou o Rio Doce e chegou até o litoral do Espírito Santo, matando animais e prejudicando o abastecimento de água.

Até as 16 horas de sábado, as autoridades confirmam 11 mortes, mas ainda há 299 desaparecidos, segundo boletim divulgado pouco antes das 15 horas de sábado. Fernanda de Oliveira Borges, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), considera pouco provável o resgate da maior parte dos corpos. Segundo ela, depois do consolo aos familiares, esse será o maior desafio do movimento. “A grande briga, depois desse momento, será pelo direito das pessoas enterraram seus familiares”, diz.

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