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O ex-presidente Lula em visita a quartel do Exército na Amazônia, em 2005: relação com as Forças Armadas sempre foi amistosa. | Ricardo Stuckert/PR
O ex-presidente Lula em visita a quartel do Exército na Amazônia, em 2005: relação com as Forças Armadas sempre foi amistosa.| Foto: Ricardo Stuckert/PR

Com o capitão Jair Bolsonaro e o general Hamilton Mourão – e uma tropa de oficiais da reserva no primeiro escalão –, os militares voltam ao poder pelo voto direto. A chapa vencedora do pleito de 2018 é alvo de críticas da oposição petista e de aliados da esquerda. Mas a relação entre os militares e os governos petistas sempre foi de bastante aproximação e sem sobressaltos.

Militares e esquerdistas guardam suas semelhanças. A principal delas é a defesa da soberania e o discurso nacionalista. Não à toa Bolsonaro, durante seus 27 anos como deputado federal, votou junto com o PT em matérias que envolviam risco a empresas estatais. Privatizar, para ambos, sempre foi palavrão. Mesmo eleito presidente da República, o capitão ainda tem resistência a esse discurso liberal. 

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Nos 13 anos de PT na Esplanada, nos governos Lula e Dilma Rousseff, o Ministério da Defesa foi ocupado por civis. E três deles tiveram problemas com o regime militar. Nem por isso a relação foi ruidosa. Ao contrário. 

Waldir Pires foi ministro da Defesa de Lula por um ano e três meses. Perseguido pelo regime, Pires viveu no exílio. O senador eleito Jaques Wagner foi ministro da Defesa no governo Dilma por nove meses. Foi do movimento estudantil nos anos 1970 e teve que abandonar o curso de Engenharia após sofrer perseguições. Aldo Rebelo, na época do PCdoB, foi o último ministro da Defesa de Dilma. Saiu com ela do governo após o impeachment de 2016. Aldo atuou no grupo Ação Popular (AP) contra o governo militar, foi secretário-geral da União Nacional dos Estudantes (UNE) e ingressou no PCdoB na década de 1970, quando o partido comunista estava ainda na clandestinidade. 

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Outro petista que manteve convivência amistosa com os militares da Defesa foi o ex-guerrilheiro José Genoino, que atuou na Guerrilha do Araguaia nos anos 1960 e 1970. Ele foi deputado federal e ainda na Câmara mantinha boas relações com a caserna. Genoino, entre 2011 e 2012, foi assessor especial do então ministro da Defesa Nelson Jobim. Em 2011,  o governo Dilma instalou a Comissão Nacional da Verdade, que incomodou os setores militares. Coube ao petista fazer a interlocução. Ele foi obrigado a deixar o ministério após sua condenação no mensalão. 

"Esses anos todos foram marcados por  uma relação muito tranquila. Nunca houve essa história de resquícios do passado ou acerto de contas, seja de que lado for", disse um general da ativa, com cargo no Ministério da Defesa, que preferiu não se identificar. 

Outro elo de ligação é a relação no Congresso. Os militares levaram petistas, e outros, para viagens às unidades do Exército na fronteira do país. No Congresso, o encontro entre militares e civis se dá na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.

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