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O líder do partido Novo na Câmara, deputado Marcel Van Hattem (RS) | Divulgação/Câmara dos Deputados
O líder do partido Novo na Câmara, deputado Marcel Van Hattem (RS)| Foto: Divulgação/Câmara dos Deputados

No último dia 8, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) postou em seu perfil no Twitter um vídeo sobre a reforma da previdência. A peça, de quatro minutos, rebatia críticas comumente apresentadas à reforma (assista aqui). O autor da obra não foi o governo, nem alguma liderança do partido do presidente da República. Foi Vinícius Poit, deputado federal do Novo-SP.

A divulgação de um vídeo do Novo sobre a previdência em plena mídia social do presidente da República traduz o desempenho do partido até aqui. Estreante no Congresso Nacional, o Novo conta com oito deputados e tem defendido a reforma com mais convicção do que a maior parte dos líderes governistas.

“A reforma é algo que defendíamos ainda antes do começo da gestão Bolsonaro. O equilíbrio das contas públicas é uma das principais bandeiras do partido. Combatemos o deficit da previdência porque ele mostra um profundo desequilíbrio, uma distorção entre os brasileiros. Além de ser transferência de renda dos pobres para os ricos”, afirmou o líder do partido na Câmara, Marcel Van Hattem (RS).

Holofotes

Logo no primeiro dia do Congresso Nacional em 2019, o Novo ganhou uma visibilidade desproporcional ao tamanho da bancada do partido. Lançado candidato à Presidência da Câmara, Van Hattem recebeu 23 votos - 15 a mais do que o número de deputados do Novo.

O partido também garantiu presença nas principais comissões da Câmara. Gilson Marques (SC) estará na de Constituição e Justiça, e Paulo Ganime (RJ) foi escolhido um dos integrantes de Finanças e Tributação. O deputado fluminense já havia conquistado notoriedade nas redes sociais após indicar que a agenda das pessoas com deficiência não figurará entre suas principais bandeiras no Congresso - ele sofre de escoliose e de uma má formação nos membros inferiores.

Veja também:  Governo envia projeto para ‘apertar o cerco’ a devedores da Previdência 

O lançamento da Frente Parlamentar Mista Ética contra a Corrupção, na última terça-feira (19), foi outro momento de destaque para o Novo. O grupo é presidido pela deputada Adriana Ventura (SP).

“O início de trabalho está sendo muito bom. Conseguimos obter destaque logo em nossos primeiros projetos, estamos em comissões de relevo e nossa atuação tem sido elogiada por membros de outros partidos”, celebrou Van Hattem.

Adversários políticos do partido Novo

A postura do Novo, entretanto, é questionada por membros de diferentes partidos - da direita à esquerda.

Na quarta-feira (20), durante votação sobre a possibilidade de ampliar a participação estrangeira em companhias aéreas nacionais, o deputado Coronel Tadeu (PSL-SP) disse que o Novo estava cometendo um “grande equívoco” ao valorizar o projeto e, na sua avaliação, dificultaria a geração de empregos no Brasil.

A divergência entre Novo e PSL no Congresso Nacional reflete quadros identificados também nos âmbitos estaduais. Em São Paulo, o Novo lançou a candidatura de Daniel José à presidência da Assembleia Legislativa - o que contrariou a também candidata Janaína Paschoal (PSL), que esperava apoio do partido. No Rio Grande do Sul, uma das principais lideranças do partido é o deputado federal Fábio Ostermann, que deixou o PSL quando Bolsonaro chegou ao partido.

Até o presidenciável derrotado da sigla, João Amoedo, entrou em rota de colisão com Bolsonaro, ao contestar o vídeo do “golden shower” divulgado pelo presidente durante o carnaval.

Já para lideranças da esquerda, o Novo utiliza uma roupagem ‘disfarçada’ para defender ideias há muito presentes no cenário político. “O que eles pregam é uma agenda ultraliberal. Nada que o DEM, por exemplo, não faça. Não é um discurso novo e nem uma forma nova de fazer política”, contestou o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP).

Para outro deputado, este integrante do PT, os holofotes que o Novo tem recebido no início de legislatura não se sustentarão: “Eles vão permanecer entre os nanicos. Não têm bancada e nem projetos para permanecerem em relevância”.

O deputado petista e Ivan Valente reiteram ainda outra crítica comum ao Novo: a de que a legenda seria “o partido dos ricos”. “Eles defendem a agenda dos ricos. E o discurso deles de rejeição do fundo partidário e do fundo eleitoral não passa de falso moralismo”, declarou o parlamentar do PSOL

Outra crítica recorrente ao Novo é a da inexperiência dos seus parlamentares. Entre os oito deputados federais, apenas Von Hattem já havia exercido um cargo público.

“Podemos ser estreantes, mas não somos inexperientes. Porque somos todos profissionais capacitados, e passamos por um processo seletivo extenso, em que nos foi exigida muita coisa. Alguém pode dizer que o Tiririca é mais experiente do que eu?”, questionou Gilson Marques.

Mão no bolso

A temática de contestar o fundo partidário e outras verbas públicas também figura entre os principais discursos do Novo no início de legislatura.

“Nós conseguimos formar uma bancada completa sem nenhum centavo de dinheiro público na campanha. Além disso, estamos renunciando a auxílio mudança, auxílio moradia e apartamento funcional. Isso já gera uma economia gigante. E quando falamos disso em público, acabamos motivando membros de outros partidos a fazer a mesma coisa”, disse Marques.

O deputado destacou também o processo seletivo que o Novo fez para a contratação de funcionários para seus gabinetes. “Fizemos um processo profissional, em que exigimos currículo de ponta e analisamos vida pregressa, entre outros pontos. Acabamos formando um corpo funcional de excelente qualificação”, declarou.

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