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 | José Cruz    /    Agência Brasil
| Foto: José Cruz / Agência Brasil

Deputado federal em sexto mandato e integrante do Conselho de Ética da Câmara desde 2009, Mauro Lopes (MDB-MG) foi escolhido relator do caso do colega Nelson Meurer (PP-PR) no colegiado. Lopes tem histórico no conselho de não punir seus pares. Meurer foi condenado em maio por uma turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a 13 anos e 9 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. É o primeiro réu da Lava Jato condenado na corte.

Levantamento feito pela Gazeta do Povo mostra que nos 24 casos que Lopes participou do julgamento no órgão ele se posicionou contra a cassação de mandatos e foi favorável ao arquivamento de todos os processos. Dos mais aos menos graves. 

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Mauro Lopes foi contrário às perdas de mandatos dos deputados Eduardo Cunha (cassado por 11 a 9); Luiz Argôlo (cassado por 13 a 4); Jaqueline Roriz (cassada por 11 a 3), entre outros. No caso de Natan Donadon, que cumpriu pena na cadeia, ele não compareceu. Donadon teve a perda de seu mandato declarada no conselho por 13 a 0. 

Cunha foi cassado, também pelo plenário, em 2016, acusado de mentir sobre conta no exterior. Argôlo foi acusado de receber recursos ilícitos de Alberto Youssef, em 2014. Jaqueline teve a cassação aprovada no conselho, mas não no plenário - que a absolveu, em 2013, por ter receber dinheiro ilícito, gravado num vídeo, fato ocorrido em 2006. Donadon teve seu mandato cassado em 2014 e cumpriu pena na Papuda, acusado de desvios de recursos da Assembleia Legislativa de Rondônia. 

A favor dos deputados-presidiários

Na semana passada, Lopes votou a favor de outros dois deputados presidiários: João Rodrigues (PSD-SC) e Celso Jacob (MDB-RJ). Mauro Lopes ajudou a arquivar casos de parlamentares de vários partidos. Foram três só contra Wladimir Costa (SD-PA). Numa delas, Costa foi acusado de postar numa rede de whatsapp fotos em trajes íntimos da filha da deputada Maria do Rosário (PT-RS). O conselho arquivou por 9 a 4. Ele votou a favor de arquivamento de processos ainda contra Valdemar Costa Neto (PR-SP), Alberto Fraga (DEM-DF), Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) e Laerte Bessa (PR-DF). 

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O deputado mineiro votou a favor também de deputados petistas. Em 2014, o conselho arquivou acusação contra três parlamentares do PT baiano: Nelson Pellegrino, Afonso Florence e Rui Costa (que se elegeu governador), acusados de desvios de recursos de uma organização não-governamental. Nesses casos, o placar foi um só, de 11 a 0 pelo improcedimento da acusação. 

Lopes também votou pela improcedência de uma acusação de quebra de decoro parlamentar do deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), acusado pelo PSC de fazer críticas a integrantes do partido em redes sociais. O caso foi arquivado por 11 a 0. Alguns desses casos que foram parar no Conselho de Ética nos últimos anos não envolvem casos de corrupção, mas denúncias de troca de insultos, brigas  e publicações ofensivas contra adversários. 

Deputado diz que ‘só vota contra injustiças’ 

 O deputado Mauro Lopes disse à Gazeta do Povo ser injusto classificá-lo como um deputado que protege seus colegas na Casa. E reage quando confrontado com seus votos no conselho. 

“Não, senhor! Voto é contra injustiças. Não gosto de injustiças”, disse Lopes, que continua defendendo sua posição a favor da não cassação de Cunha. Ele votou contra a perda de mandato do ex-presidente da Câmara, que hoje está preso, no conselho e no plenário foi um dos nove que se abstiveram. 

“Falaram, falaram e falaram dessa tal conta do Cunha no exterior. E cadê ela? Não mostraram. Voto sempre dentro da legalidade.” 

Ele criticou os parlamentares, sem citar nomes, que denunciam os outros no Conselho de Ética. 

“Tem pessoas ali dentro que parecem ter o sangue escorrendo na língua. É um problema sério. Não pode ser assim não. Tem que ter bom senso.” 

O parlamentar voltou a negar que protege colegas. 

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“Isso é conversa fiada. É até maldade pensar isso de mim. Se eu notar qualquer coisa que evidencie culpa de alguém, voto de acordo.” 

Ele justificou seu voto a favor de Jaqueline Roriz. 

“Quando o fato aconteceu (gravada recebendo dinheiro) ela nem candidata era ainda.” 

Para Lopes, os deputados estão extrapolando na apresentação de denúncias. De novo sem citar nomes, insinuou críticas ao PSOL e à Rede, partidos que representam com frequência contra deputados acusados de quebra de decoro. 

“Ali tem também uma briga de partidos nanicos de oposição. São danados para fazer denúncias sem fundamento. Ficam é dando trabalho para o Conselho de Ética. Qualquer briguinha de plenário querem levar para o conselho . Assim não dá. Temos mais o que fazer!”

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