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| Foto: Agência Petrobras/Agência Petrobras

Em um ano e meio de governo Michel Temer, a Petrobras passou por uma virada de gestão – somente possível pela redução do intervencionismo estatal. Após a empresa sair de um prejuízo de R$ 1,2 bilhão (ao final do governo Dilma Rousseff) para um lucro de R$ 4,5 bilhões, o governo começa a colocar no debate público o futuro da empresa e sua privatização, o que deverá se intensificar durante o período da eleição 2018. 

A fórmula para virar o resultado da Petrobras não tem segredos: gestão, liberdade de administração com foco no resultado, transparência e redução das áreas de atuação para focar no que a empresa faz de melhor. No mesmo sentido, o governo federal também fez sua parte, sinalizando que deixaria a empresa escolher seu caminho, com menor interferência política e sem interferência nos preços e planos de negócios. 

Abaixo, listamos cinco estratégias que foram fundamentais para a virada da Petrobras: 

Redução da dívida 

A dívida da empresa explodiu ao longo dos governos do PT. A dívida bruta da empresa passou de US$ 21 bilhões em 2006 para US$ 132 bilhões em 2014. A relação entre a dívida líquida da empresa e sua capacidade de gerar receitas chegou a proporções muito altas. Em 2006 essa relação era de 0,4 vez (ou seja, a empresa tinha uma dívida menor do que as suas receitas) e em 2015 essa relação era de 5,3 vezes. No mercado financeiro, esse indicador está em campo confortável quando a dívida líquida é até 2 vezes a geração de lucro operacional. 

A atual gestão já reduziu a dívida líquida da Petrobras a 3,23 vezes, ante 3,24 vezes no fim de março, ou US$ 89,263 bilhões.  A meta é chegar em 2018 com uma dívida líquida/ EBITDA de 2,5 vezes, dentro do que o mercado considera saudável. 

Desinvestimento 

A Petrobras tem como meta vender US$ 19,5 bilhões de ativos até 2018. Mas, além de enfrentar resistências das associações e dos sindicatos, ainda teve de superar questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU).  De acordo com o Plano de Negócios 2017-2012, o programa de parcerias e investimentos da empresa estima alavancar investimentos adicionais que podem superar US$ 40 bilhões nos próximos 10 anos. 

Nesse programa, a Petrobras pode vender sua área de transporte de gás e distribuição de combustíveis. O objetivo da empresa será, cada vez mais, focar na exploração e produção de petróleo e gás, se desfazendo de ativos em outras áreas (indo em sentido contrário ao que a gestão de Dilma havia definido para a Petrobras, com abertura do leque de atuação da empresa). 

“Outra iniciativa importante no nosso processo de recuperação financeira são os desinvestimentos. Temos três objetivos: nos desfazer de ativos que não produzem os resultados esperados, buscar nos concentrar em projetos onde o risco é menor e o retorno é maior e também implementar mudanças estratégicas no nosso negócio, como é o caso da abertura de capital da Petrobras Distribuidora”, afirma a empresa, em relatório. 

Redução de custos e demissões 

A empresa vem cortando custos e enxugando seus gastos operacionais gerenciáveis. No governo anterior, a gestão da Petrobras estimava gastar com sua operação US$ 135 bilhões, de 2017 a 2012. A atual gestão corrigiu essa previsão para US$ 126 bilhões. 

As demissões e planos de desligamento voluntário também são importante ferramenta de corte de custos. Desde dezembro de 2014, quando foi criado um plano de incentivo às demissões, 114 mil prestadores de serviços deixaram a empresa. Nos PDVs, mais de 9 mil servidores se desligaram da empresa. 

Governança 

Os casos de desvios de recursos e uso de contratos da Petrobras para favorecer partidos políticos ficaram famosos na operação Lava Jato. A atual gestão também tentou criar controles para evitar esse tipo de desvios. Junto com a publicação da Lei das Estatais, de julho de 2016, que impõe regras para evitar a nomeação de indicados políticos para as estatais, a Petrobras adotou diversas medidas para fortalecer os controles internos, transparência e governança, como criação de canais de denúncia e auditorias internas. 

Para a escolha de executivos e conselheiros, foram adotados critérios como a verificação de integridade e seleção por “critérios exclusivamente técnicos”. 

Preços alinhados com o mercado 

A política econômica do governo petista tinha como uma das bases a intervenção às estatais, impondo perdas para as empresas em detrimento de redução de tarifas ou do preço dos produtos. Na Petrobras, especialistas estimam que a política de utilização dos preços da gasolina e do diesel em benefício do governo pode ter gerado perdas de US$ 40 bilhões para a empresa e seus acionistas. 

A gestão de Pedro Parente, com apoio do Palácio do Planalto, afirma adotar “uma nova política de preços para a gasolina e o diesel comercializados em nossas refinarias, acompanhando a tendência de preços no mercado internacional. Com base em estudos de mercado e avaliações periódicas, fazemos ajustes, para mais ou para menos, nos valores dos combustíveis”, segundo informe no site da empresa.

Com isso, a Petrobras vem fazendo ajustes constantes do preço dos combustíveis nos postos e do gás de cozinha, a depender do preço do petróleo no exterior. Um exemplo disso foi a revisão para cima do valor cobrado pela gasolina como reflexo da tempestade Harvey, em agosto, que atingiu o estado do Texas (Estados Unidos), prejudicando a produção de combustíveis. Naquela ocasião, a Petrobras anunciou aumento de 4,2% na gasolina. 

Pedro Parente 

A escolha de Parente como presidente da empresa deve ser vista como fator chave para a virada. O executivo tem espírito prático e voltado para o resultado. Tão prático que não gosta de ser chamado de “doutor” ou presidente. Pede a seus interlocutores que usem apenas “Pedro”, não importando o cargo ou nível hierárquico desses interlocutores, sejam autoridades do governo federal ou funcionários da Petrobras. 

Servidor de carreira do Banco do Brasil e depois do Banco Central, desde o começo dos anos 1980 ele trabalha em cargos do governo federal, chegando a chefiar ministérios como a Casa Civil. Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, Parente encabeçou negociações que levaram à privatização de bancos públicos, parte do processo de renegociação das dívidas dos estados. Em 2001, coube a Parente assumir o comando das ações de governo durante a crise energética, na Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica, com racionamento e aumento dos preços da energia. 

Com uma gestão calcada na meritocracia, a escolha de Pedro Parente para a virada da Petrobras ajudou a sinalizar para o mercado que a empresa teria liberdade para realizar o que fosse melhor para ela e seus acionistas, sem influências políticas.

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