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Com tantos políticos tradicionais envolvidos em esquemas de corrupção e inquéritos criminais crescem as chances de candidatos “outsiders” se elegerem nas próximas eleições, em 2018. São nomes como o do atual prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), que se apresentam como não-políticos. Empresário bem sucedido, Doria era apresentador de tevê antes de entrar na política.

Bastante populares, os apresentadores Luciano Huck e Roberto Justus, por exemplo, despontam como possíveis candidatos, inclusive para Presidência da República. Mas nem todo “outsider” é artista. Há também outros perfis, como policiais e juízes – o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa é um que está cotado para entrar na disputa eleitoral.

A candidatura de famosos não é fenômeno novo, ou uma jaboticaba, que só existe no Brasil. Nas eleições para deputado, os partidos costumam lançar figuras de projeção para atrair votos e garantir mais cadeiras na Câmara. E alguns deles já tiveram sucesso nas urnas. Relembre dez famosos “outsiders” que foram eleitos no Brasil:

Tiririca

Wenderson Araújo/Gazeta do Povo

O mais votado deputado federal brasileiro, em 2010, Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca (PR-SP), teve expressiva votação – mais de 1,35 milhão de eleitores apostaram no palhaço. Suas duas campanhas eleitorais foram marcadas por polêmicas.

Nas vinhetas apresentadas no horário eleitoral, aparecia o personagem em sua roupa colorida e chapéu, chamando o eleitor de “abestado” e entoando bordões debochados como “pior do que tá não fica, vote Tiririca”.

Sua atuação parlamentar não tem destaque, em geral defendendo projetos da arte circense. Tiririca chama mais atenção por ser um dos deputados mais assíduos na Câmara. Em seu segundo mandato, é um deputado que não discursa e já declarou que não quer se candidatar novamente. Sua única manifestação no plenário foi para proferir o voto a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em abril de 2016.

Jean Wyllys

Divulgação/TV Globo

O deputado federal atua principalmente em prol dos direitos do movimento LGBT. Escritor e professor universitário, Wyllys (PSOL-RJ) chegou ao Congresso após vencer a edição do reality show Big Brother Brasil, em 2005. Em seu segundo mandato, foi reeleito com 144.770 votos, número dez vezes maior do que a votação obtida por ele quatro anos antes.

Em 2015, o deputado foi uma das 50 personalidades incluídas na “Lista Global da Diversidade”, divulgada pela revista britânica The Economist. No ano passado, em meio ao debate sobre o impeachment de Dilma, Wyllys cuspiu no deputado Jair Bolsonaro no plenário (PSC-RJ). O caso foi levado ao Conselho de Ética da Câmara, onde ele foi absolvido e escapou com uma advertência por escrito.

Sérgio Reis

Gualter Naves/Light Press

O cantor sertanejo se elegeu em 2014. Ficou conhecido na década de 1960 com a música “Coração de Papel”, da Jovem Guarda e por seus sucessos “Menino da Porteira” e “Pinga ni Mim”, além de atuar em novelas na TV Manchete e na Globo.

Eleito em 2015, com 45.330 votos, o cantor teve sua prestação de contas eleitorais reprovada pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), sendo obrigado a restituir valores aos cofres públicos.

Com 76 anos, é o deputado mais velho da bancada do PRB. Na Câmara, participa de comissões ligadas ao agronegócio e ao mundo rural, e defende algumas posições conservadoras, mas sem atuação de relevo. Um de seus projetos pedia a realização de audiência pública para instituir o Dia Nacional da Música e da Viola Caipira.

Romário

Cezar Loureiro

O ex-jogador já é veterano no Congresso Nacional. Foi eleito senador em 2014, após cumprir mandato de deputado federal. O “Baixinho”, apelido que ganhou no mundo do futebol, ajudou o Brasil a conquistar o tetracampeonato da Copa do Mundo e foi considerado o melhor jogador do ano em 1994.

O sucesso em campo garantiu a cadeira no Senado com 4.683.963 votos (63,43% dos votos válidos), para a legislatura 2015-2023. Sua atuação parlamentar tem relevo, em especial para a pauta dos direitos dos portadores de necessidades especiais. Romário (PSB-RJ) é pai de de Ivy, de 11 anos, que tem síndrome de Down, o que motivou o parlamentar a abraçar a causa.

Danrlei

Valterci Santos/Gazeta do Povo

Ex-goleiro do Grêmio, Danrlei (PSD-RS) ajudou o time a conquistar títulos da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro na década de 1990. Pendurou as chuteiras em 2009. Pouco depois de confirmar sua aposentadoria, o goleiro optou por se candidatar a uma vaga de deputado federal nas eleições de 2010 pelo PTB. Foi eleito com mais de 170 mil votos, tendo sido, no Rio Grande do Sul, o quarto candidato mais votado. Em seguida deixou o PTB para ingressar no PSD, criado em 2011.

Nas eleições de 2014, foi reeleito para a Câmara Federal, obtendo pouco mais de 158 mil votos, sendo o segundo deputado federal mais votado no seu estado. Como parlamentar defende matérias sobre esporte, principalmente das que tratam de futebol.

Juruna

Arnaldo Alves/Arquivo/Gazeta do Povo

Índio xavante nascido no Mato Grosso, ganhou projeção nacional ao lutar, nos anos 1970, por demarcações de terras para seu povo. As manifestações em Brasília tornaram Juruna famoso. Ao falar com autoridades e políticos, o indígena carregava um gravador para registrar as promessas feitas e depois cobrá-las.

Em 1982, Juruna foi eleito deputado federal pelo PDT do Rio de Janeiro com 31 mil votos. Sua atuação parlamentar ficou restrita aos direitos dos indígenas. Em 1986, se candidatou novamente à Câmara Federal, mas não conseguiu se eleger. Sua história foi registrada no livro O Gravador do Juruna. Ele faleceu em 2002.

Clodovil

Ivaldo Cavalcante/Hoje em Dia

O estilista mais popular do Brasil nos anos 1970 e 1980 e apresentador de televisão foi, em 2006, o terceiro deputado federal mais votado do país, com 493.951 votos ou 2,43% dos votos válidos, atuando na Legislatura de 2007-2011. Marcado por suas declarações polêmicas e alfinetadas, Clodovil (PR-SP) chegou a responder por processo sobre declaração racista ao chamar uma vereadora de “macaca”.

Em 2008, ele propôs a convocação de um plebiscito sobre a redução do número de deputados federais, assunto que retomou em outros projetos. Também foi de autoria dele projeto que propunha a restrição à exibição de “imagens e notícias violentas pelas emissoras de televisão durante os horários das refeições”. Clodovil também atuou em propostas de projetos sobre o combate ao fumo e a prevenção do câncer de próstata. Ele faleceu em 2009.

Frank Aguiar

Elton Bonfin/ Agência Câmara

Conhecido como “Cãozinho dos Teclados” por seu grito estridente usado como assinatura musical, Frank Aguiar (PTB-SP) foi eleito deputado federal em 2006, mas não terminou seu mandato. No período que esteve na Câmara, propôs projetos como o que ampliava para 6% o percentual de dedução do Imposto de Renda da empresa que oferece incentivo à cultura; a criação do Dia Nacional do Profissional da Limpeza; e ainda legislou em favor da classe artística, com a proposta de acabar com a proibição da realização de showmício para promoção de candidatos e permitindo a apresentação, remunerada ou não, de artistas com a finalidade de animar comício e reunião eleitoral.

Em 2008, Aguiar disputou a prefeitura de São Bernardo do Campo (SP) como vice-prefeito na chapa de Luiz Marinho (PT), pleito que venceram. Em 2012, a chapa foi reeleita. Frank Aguiar tentou voltar ao Legislativo Federal, candidatando-se em 2014 pelo PTB, mas sofreu sua primeira derrota nas urnas.

Netinho de Paula

Divulgação/Record

O pagodeiro teve uma carreira política com diversas disputas eleitorais e várias polêmicas, concorrendo com nomes tradicionais da polícia paulista, como José Serra (PSDB) e Marta Suplicy (PT e PMDB). Em 2008, ele foi eleito vereador na cidade de São Paulo. Logo no ano seguinte, o PCdoB apostou na candidatura de Netinho para o Senado, disputando contra Marta, que saiu vencedora.

Durante a corrida eleitoral, surgiram rumores de que Netinho teria agredido sua ex-mulher, o que o fez perder pontos com o eleitorado. Em 2011, o PCdoB lançou a candidatura do pagodeiro a prefeitura de São Paulo. Mas, na reta final da pré-candidatura, ele abriu mão da disputa e apoiou Fernando Haddad (PT) que, quando eleito, escolheu Netinho seu secretário de Promoção da Igualdade Racial.

Coronel Telhada

Divulgação

Não só de artistas é composto o grupo dos outsiders. Sem atuação na política partidária, o coronel da PM paulista Paulo Adriano Lopes Lucinda Telhada se aposentou em 2011, sendo promovido ao mais alto posto da Polícia Militar. Foi eleito em 2012 vereador na Câmara Municipal de São Paulo pelo PSDB. Em 2014, candidatou-se a deputado estadual e se elegeu com 254.074 votos.

Telhada tem uma postura forte sobre a repressão ao crime, com defesa de grupos como a Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota). Telhada defende a posse de armas para os cidadãos e saúda seus seguidores nas redes sociais com publicações como “Bandido aqui não tem vez. Ótimo dia a todos os cidadãos de bem!”.

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