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Palocci quando foi preso pela Lava Jato, em setembro de 2016. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Palocci quando foi preso pela Lava Jato, em setembro de 2016.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

O ex-ministro Antonio Palocci enviou nesta terça-feira (26) uma carta à presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, pedindo sua desfiliação do partido por entender que o processo disciplinar interno aberto contra ele vai punir “quem fala a verdade” e varrer “para debaixo do tapete” os “erros e ilegalidades”. No documento, Palocci reafirma as declarações feitas ao juiz Sergio Moro, segundo as quais o ex-presidente Lula firmou um “pacto de sangue” com a empreiteira Odebrecht para receber R$ 300 milhões em propina. Palocci diz ainda ter ficado chocado ao ver que Lula sucumbiu “ao pior da política” e faz uma emblemática indagação: "Afinal, somos um partido político sob a liderança de pessoas de carne e osso ou somos uma seita guiada por uma pretensa divindade?"

VEJA TAMBÉM: Leia na íntegra a carta de Palocci

O ex-ministro diz ainda ter discutido com Lula e o ex-presidente do PT Rui Falcão a possibilidade de o partido reconhecer as ilegalidades que cometeu para firmar um acordo de leniência com o Ministério Público Federal (MPF) – uma espécie de delação premiada da sigla. Segundo Palocci, quem teve esse ideia foi o ex-tesoureiro do PT Antonio Vaccari Neto, preso pela Lava Jato.

Sem cerimônia com a propina

Ele afirma ainda que um dia a ex-presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente da Petrobras vão admitir a “perplexidade que tomou conta de nós após a fatídica reunião no Palácio do Alvorada, onde Lula encomendou as sondas e as propinas no mesmo tom, sem cerimônias”. 

No texto, Palocci diz que tentou trabalhar pelo partido e por Lula, sabendo que seria difícil não cometer “desvios éticos”.  “Sei dos erros e ilegalidades que cometi. E assumo minhas responsabilidades. Mas não posso deixar de destacar o choque de ter visto Lula sucumbir ao pior da política no melhor dos momentos de seu governo”, escreveu o ex-ministro. 

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Dois pesos e duas medidas

Na carta, Palocci diz ter visto com estranheza o fato de o PT ter aberto um procedimento interno após sua decisão de buscar um acordo de delação premiada, mas não ter feito o mesmo para apurar as razões pelas quais estava detido pela Operação Lava Jato. 

Na sexta-feira passada (22), o PT decidiu suspender Palocci por 60 dias das atividades partidárias. A resolução do partido ainda acusa Palocci de ter mentido e de ter se colocado “deliberadamente a serviço da perseguição político-eleitoral que é movida contra a liderança popular de Lula e o PT”

O ex- ministro encerra a carta afirmando que aceitaria qualquer penalidade do partido. “Mas ressalto que não posso fazê-lo neste momento e neste formato proposto pelo partido, onde quem fala a verdade é punido e os erros e ilegalidades são varridos para debaixo do tapete”. Por essa razão, ele pediu desfiliação do PT.

Palocci foi preso pela Lava Jato em setembro do ano passado. O ex-ministro já foi condenado pelo juiz Sergio Moro a 12 anos de prisão.

Leia a carta de Palocci na íntegra:

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