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As primeiras entrevistas do general Mourão aconteceram  uma semana após a eleição, e foram concedidas ao canal americano Fox News e à estatal britânica BBC. | Nelson Almeida/AFP
As primeiras entrevistas do general Mourão aconteceram uma semana após a eleição, e foram concedidas ao canal americano Fox News e à estatal britânica BBC.| Foto: Nelson Almeida/AFP

Durante essa etapa de transição, o vice-presidente eleito, o general Hamilton Mourão, tem se portado como porta-voz do futuro governo Jair Bolsonaro no exterior. Ele deu uma série de entrevistas a canais de comunicação estrangeiros e também já participou de conferência com investidores lotados em Nova York, nos Estados Unidos. Nas ocasiões, buscou passar uma imagem de otimismo em relação ao novo governo e, principalmente, rebater críticas feitas ao presidente eleito: “vamos governar para todos no Brasil”, disse, em mais de uma oportunidade.

A agenda de Mourão com estrangeiros é divulgada pelo próprio general em seu perfil oficial no Twitter. As primeiras entrevistas aconteceram no início deste mês, uma semana após a eleição, e foram concedidas ao canal americano Fox News e à estatal britânica BBC. Depois, ele ainda falou com o canal de TV português CMTV e com a estatal China Global Television, antes CCTV, o canal internacional de notícias em chinês.

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Mourão explicou que tem “procurado passar à imprensa internacional a importância da eleição da Jair Bolsonaro para o Brasil” e levar quais são as ideias, objetivos e propostas do futuro governo para o maior número de países. A sua missão é tranquilizar o mundo.

Mourão tenta ‘limpar’ a imagem de Bolsonaro no exterior

Nas entrevistas, Mourão é questionado se a chegada de Bolsonaro ao poder representa um risco à democracia. Durante a campanha, a revista britânica The Economist, por exemplo, chegou a publicar um editorial classificando Bolsonaro como a ameaça latino-americana à democracia e o comparando a Donald Trump, presidente dos EUA.

À BBC, Mourão disse que o Brasil não vai voltar para o tempo da ditadura e que o governo vai atacar a corrupção. Também afirmou: “acreditamos na democracia, na Justiça para todos e respeitamos a Constituição e as instituições e vamos governar para todos no Brasil”. Sobre os ataques de Bolsonaro à esquerda, disse ser “retórica de campanha”.

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À Fox News, assegurou que Bolsonaro é um “democrata”. “Ele tem um espírito de patriotismo”, completou. O general também repetiu que o presidente eleito “vai governar para todos no Brasil, independente de raça e gênero”. Mourão ainda defendeu a relação entre Brasil e Estados Unidos. “Para os americanos, eu quero assegurar que nós vivemos um novo tempo aqui no Brasil.”

Todas essas entrevistas estão sendo concedidas em inglês e são gravadas daqui do Brasil.

Conversa com investidores e empresários

Além de veículos de comunicação, Mourão falou com investidores estrangeiros. Por videoconferência do Brasil, o general conversou com mais de 350 investidores dos Estados Unidos, Europa e Ásia e executivos de mais de 100 empresas brasileiras com presença no exterior. O evento aconteceu em Nova York e foi organizado pelo Bradesco.

A fala de Mourão a investidores e empresários fez as ações da BR Distribuidora dispararem. O general afirmou que a distribuidora poderia ser totalmente privatizada no governo Bolsonaro. As ações chegaram a ter alta de 8% no mesmo dia da palestra, em 13 de novembro.

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No dia seguinte, Mourão usou o Twitter para não deixar dúvidas de que falava da privatização da BR Distribuidora, uma subsidiária, e não da Petrobras, a empresa-mãe. “Em videoconferência com investidores reunidos ontem nos EUA informei que o futuro governo estuda a possibilidade de privatizar a BR Distribuidora. Considero a PETROBRAS empresa patrimônio do Brasil”, escreveu o vice-presidente eleito.

Mourão vai continuar como porta-voz?

Procurada, a assessoria de imprensa do vice-presidente eleito informou que não há nada oficial sobre Mourão ser o porta-voz do Brasil no exterior. “Mourão é o vice, fala inglês e gosta de dar entrevistas”, explicou a assessoria. A equipe do vice-presidente também explicou que a agenda de entrevistas pode continuar, se necessário, durante a transição.

O novo governo ainda não anunciou quem será o porta-voz oficial da Presidência a partir do ano que vem. Na terça-feira (27), Bolsonaro afirmou que pretende nomear alguém para a função e que já está em contato com uma pessoa. “Estamos em contato com uma pessoa, ela ainda não deu sinal verde”, afirmou o presidente eleito após reuniões na transição. A senadora Ana Amélia (PP-PR), que foi vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB-SP) à Presidência, é uma das cotadas. Ela é jornalista e terminará seu mandato em fevereiro próximo.

Normalmente, o porta-voz do governo tende a ser um diplomata. Já quem assume a função de interlocução com o exterior é o ministro das Relações Exteriores. O ministro da Defesa é outro que tem a função de zelar pela imagem do Brasil fora do país.

O novo chanceler brasileiro será o diplomata Ernesto Araújo e o ministro da Defesa, o general Fernando Azevedo e Silva.

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