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Aécio Neves voltará à Câmara dos Deputados, que presidiu entre 2001 e 2002, após oito anos como governador e outros oito como senador – e com uma eleição presidencial no meio do caminho. | Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Aécio Neves voltará à Câmara dos Deputados, que presidiu entre 2001 e 2002, após oito anos como governador e outros oito como senador – e com uma eleição presidencial no meio do caminho.| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) viveu mais um capítulo de seu inferno astral nesta terça-feira (11), quando a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em imóveis de sua propriedade e também em outros de sua irmã e braço-direito, a jornalista Andrea Neves, no âmbito da Operação Ross. O episódio soma-se ao ciclo de más notícias que envolvem o tucano desde a divulgação, em maio do ano passado, de seu mais do que controverso diálogo com o empresário Joesley Batista, em que foi flagrado pedindo R$ 2 milhões ao dono da JBS.

A série de problemas, no entanto, não impediu Aécio de sobreviver ao tsunami que atingiu muitos políticos tradicionais nas eleições de outubro último. Ele recebeu mais de 106 mil votos dos mineiros e garantiu mais um mandato como deputado federal. Voltará à Câmara, que presidiu entre 2001 e 2002, após oito anos como governador e outros oito como senador – e com uma eleição presidencial no meio do caminho.

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Mas o papel que Aécio exercerá na Câmara, e mesmo dentro da bancada do PSDB, é uma incógnita. É bem pouco provável que ele desfrute do prestígio de antes da crise, quando era cortejado por tucanos e aliados – ao contrário, ele hoje é uma figura tóxica dentro do PSDB.

“Defendemos o direito de defesa e esperamos a conclusão das investigações, mas é claro que todas essas circunstâncias são um grande desgaste ao PSDB”, disse um deputado tucano à Gazeta do Povo.

Outro parlamentar, próximo de Aécio, contemporiza; para ele, os efeitos das más notícias que envolvem o ex-presidenciável “já estão precificadas” pelo partido. Ele aponta ainda que, apesar dos inegáveis efeitos sobre a imagem de Aécio, a capacidade articulatória do atual senador e futuro deputado é algo que deve garantir a ele um protagonismo, ainda que de bastidores, em 2019. “Isso é o tipo de coisa que jamais se perde”, apontou.

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Ex-presidente do PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE) acredita que Aécio Neves já “prejudicou muito” a imagem dos tucanos e que é preciso “dar um jeito nesse problema”.

“Eu acho que o Aécio já prejudicou muito o partido. E, se isso for comprovado (mesada para Aécio), é um negócio muito sério. Se essa mesada for realmente verdadeira, é uma questão séria”, afirmou. Em seguida, Tasso foi perguntado se o caso era relevante até para expulsão de Aécio Neves da legenda. “Não estou mais na direção do Partido, a gente tem que dar um jeito nesse problema. A imagem do partido não pode mais ficar ligada a isso para o resto da vida. Tem que dar um jeito”, complementou.

Retorno

Aécio decidiu não concorrer à reeleição ao Senado e se candidatar a deputado federal no início de agosto. À época, disse que a decisão se devia à intenção de “ampliar o campo de apoio à candidatura do senador Antonio Anastasia”, seu correligionário, que buscava voltar ao governo de Minas. Anastasia acabou derrotado no segundo turno por Romeu Zema (Novo). Membro da chapa, Rodrigo Pacheco (DEM) foi o candidato mais votado ao Senado no estado.

Quando tomar posse novamente como deputado federal, Aécio terá prioridade na hora de escolher seu gabinete. O regimento da Câmara dos Deputados assegura que os ex-presidentes da Casa não precisam participar do sorteio que define os espaços – e que “pune” os menos sortudos com salas consideradas desconfortáveis.

Entenda a Operação Ross

A Polícia Federal aponta que o senador Aécio Neves liderou uma associação criminosa que tinha como finalidade comprar apoio político para sua campanha presidencial nas eleições de 2014. De acordo com a PF, o Grupo J&F, dos irmãos Batista, pagou propina, a pedido de Aécio, de R$ 109,3 milhões ao senador, seu partido e outras legendas, como PTB, DEM e Solidariedade.

A operação, um desdobramento da Operação Patmos, deflagrada pela PF em maio de 2017, investiga ao todo um suposto pagamento direto e indireto de propina de R$ 128 milhões da J&F ao senador tucano e seu grupo político entre os anos de 2014 e 2017.

A investigação alcança ainda mais cinco parlamentares: três deputados e dois senadores.Ao todo, 24 mandados de busca em endereços ligados aos suspeitos foram visitados pela PF nesta terça.

O que disse Aécio

À imprensa nesta terça, o senador Aécio Neves disse que a ação da PF foi desnecessária porque ele é o maior interessado em esclarecer os fatos apurados.

“A verdade é que não podemos mais aceitar que delações de criminosos confessos e suas versões se sobreponham aos fatos. O fato concreto é um só. Do que estamos tratando neste inquérito? De doações a campanha eleitoral, doações feitas em 2014 de forma legal, registradas na Justiça Eleitoral, aprovadas por esta mesma Justiça Eleitoral sem qualquer contrapartida”, defendeu-se.

O deputado federal eleito disse que o empresário Joesley Batista tenta manter sua “incrível imunidade penal”.

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