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Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Senado (à direita), com Fernando Bezerra Coelho, cotado para liderança de Bolsonaro. | Marcos Oliveira/Agência Senado/Marcos Oliveira/Agência Senado
Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Senado (à direita), com Fernando Bezerra Coelho, cotado para liderança de Bolsonaro.| Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado/Marcos Oliveira/Agência Senado

O senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) é o favorito para ser o líder do governo de Jair Bolsonaro (PSL) no Senado. O nome do parlamentar ganhou força nos últimos dias e a expectativa é que ele seja oficializado após Bolsonaro receber alta do hospital em que está internado.

O cargo está vago desde o início dos trabalhos do Congresso Nacional, no começo de fevereiro. Bezerra é próximo do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, o que tem reforçado as especulações em torno de sua nomeação para a liderança.

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A possível indicação de Bezerra tende a trazer dois efeitos positivos ao governo Bolsonaro. O primeiro é que o parlamentar é uma figura experiente no Congresso, e portanto com peso para liderar as votações que o Planalto precisa - cenário diferente do registrado na Câmara, em que Bolsonaro indicou para a liderança o iniciante Major Vitor Hugo (PSL-GO), que tem sido contestado até mesmo por colegas do partido.

Já o segundo provável benefício se dará pela adesão do MDB - ou ao menos de parte significativa do partido - ao governo. Embora a legenda tenha perdido força, segue sendo expressiva dentro do Congresso. Tem a maior bancada do Senado e reúne parlamentares experientes, como Renan Calheiros (AL), Jáder Barbalho (PA), Simone Tebet (MS) e Eduardo Braga (AM).

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“Se for ele o escolhido do presidente Bolsonaro, é um gesto de aproximação [do governo] com o MDB. É natural que, se ele escolher um dos nossos quadros para poder liderar o governo no Senado, é um movimento importante”, disse o líder do MDB na Câmara, deputado Baleia Rossi (SP).

Quem é “FBC”?

Fernando Bezerra Coelho é conhecido em Pernambuco como FBC. Apesar de estar em seu primeiro mandato como senador, tem longa trajetória política: foi deputado estadual, prefeito de Petrolina, sua cidade natal, e também deputado federal, quando participou da elaboração da Constituição em 1988.

Foi também secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco na gestão de Eduardo Campos, ex-governador do estado, morto em 2014. A passagem de Bezerra Coelho pela gestão estadual rendeu a ele uma dor de cabeça que tem efeitos até os dias atuais. Ele foi acusado pelo Ministério Público, no âmbito da operação Lava Jato, de ter pedido propina às empreiteiras Queiroz Galvão, OAS e Camargo Corrêa. Segundo o MP, as empresas queriam facilidades para operar na refinaria de Abreu e Lima, da Petrobras. A denúncia acabou rejeitada pela segunda turma do Supremo Tribunal Federal (STF), por três votos a dois - Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Gilmar Mendes votaram pelo arquivamento, enquanto Edson Fachin e Celso de Mello pediram o recebimento.

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O senador é pai do deputado federal Fernando Coelho Filho (DEM-PE), que iniciou em 2019 seu quarto mandato na Câmara. Coelho Filho foi ministro das Minas e Energia do governo Temer. Assumiu o posto na primeira formação ministerial composta por Temer, após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, e permaneceu na função até o primeiro semestre de 2018, quando se desincompatibilizou para poder disputar as eleições.

O governista

O cargo que deu projeção nacional a Fernando Bezerra Coelho foi o de ministro da Integração Nacional, que exerceu entre 2011 e 2013. Fez parte do primeiro time de ministros de Dilma, no primeiro mandato da petista. Logo nos dias iniciais de cargo teve um dos seus maiores desafios no Ministério, a tragédia causada pelas chuvas na Região Serrana do Rio de Janeiro em janeiro de 2011, que ocasionou mais de 900 mortes.

Ele deixou o Ministério quando o PSB, seu partido na ocasião, desembarcou do governo Dilma para empreender o projeto presidencial de Eduardo Campos - que vigorou até a morte do ex-governador, em agosto de 2014.

Naquele ano, Bezerra Coelho foi eleito senador, com mais de 2,6 milhões de votos. Foi favorável ao impeachment da sua “ex-chefe” Dilma em 2016. Disse à época que “o governo se isolou, abandonou o caminho da concórdia, preferiu o caminho do enfrentamento e perdeu o apoio que precisava”.

Após o impeachment, com o filho no Ministério das Minas e Energia, foi um ferrenho defensor do governo de Michel Temer. A ponto de deixar o PSB em setembro de 2017, porque o partido decidira fazer oposição ao agora ex-presidente. Está, desde então, no MDB, partido ao qual fora filiado na época da Assembleia Constituinte. Foi líder do governo Temer em caráter interino no ano passado, após o agora ex-senador Romero Jucá (RR) deixar o posto.

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“A verdade é que ele nasceu para ser governista”, disse um ex-senador, que conviveu com Bezerra Coelho no Congresso. “É muito competente no que faz. Se realmente o Bolsonaro escolhê-lo como líder, a liderança estará em boas mãos”, ressaltou o antigo parlamentar.

Senado

Bezerra Coelho teve algum protagonismo no meio da turbulência que foi a recente eleição para a presidência do Senado. Seu nome chegou a ser especulado como candidato do MDB, quando o partido ainda estava indefinido entre Renan Calheiros e Simone Tebet.

Na escolha interna do partido entre Renan e Tebet, Bezerra ficou com o alagoano. Ele esteve na mesa do Senado em um dos momentos mais controversos da eleição, a votação com uma cédula a mais. Recentemente, pediu investigação do caso.

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