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| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

O general Antonio Hamilton Martins Mourão, que aventou a possibilidade de uma intervenção militar no país em evento maçônico na sexta-feira (18), já causou mal-estar no Exército por posicionamentos pró-ditadura. Em 2015, ele foi removido do Comando Militar do Sul (CMS) após fazer homenagem póstuma ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, responsável pelo DOI-CODI entre 1970 e 1974 e reconhecido pela Justiça brasileira como torturador.

Na época, Mourão já era reconhecido por suas críticas à classe política brasileira e por insinuar a possibilidade de uma intervenção militar. A homenagem a Ustra foi apenas a “gota d’água”. Após deixar o CMS, comando do exército responsável pelos estados de Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, o general foi transferido para a Secretaria de Economia e Finanças do Exército.

Na sexta-feira, Mourão declarou, em palestra na Loja Maçônica Grande Oriente, em Brasília, que a intervenção militar é uma possibilidade caso a atual crise política no país não seja resolvida pelas instituições civis.

Questionado sobre a possibilidade de intervenção militar no país, Mourão declarou: “Ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós [Exército] teremos que impor isso”. “O que interessa é termos a consciência tranquila de que fizemos o melhor e que buscamos, de qualquer maneira, atingir esse objetivo. Então, se tiver que haver haverá”, complementou.

As declarações foram criticadas pelo comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, que disse em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que a instituição defende “a manutenção da democracia, a preservação da Constituição, além da proteção das instituições”. Por outro lado, o deputado federal e presidenciável Jair Bolsonaro (PSC-RJ) defendeu a fala do general.

Leia também: Ministro da Defesa pede providências ao comando do Exército contra general que falou em intervenção

Quem é

Nascido em 1953 em Porto Alegre, Mourão comandou o CMS por cerca de um ano e meio. Ele foi nomeado em 2014 para esta função, após deixar a vice-chefia do Departamento de Educação e Cultura do Exército. Além disso, ele comandou divisões do exército no Rio Grande do Sul e no Amazonas, participou da missão de paz em Angola, foi adido militar na Venezuela e instrutor na Academia Militar de Agulhas Negras.

Por suas opiniões em relação a intervenção militar, o general ganhou um séquito de fãs nas redes sociais. Em uma das páginas, chamada General Mourão – Eu Apoio, o administrador costuma publicar vídeos que defendem que as urnas eletrônicas sejam danificadas durante as eleições. Em todas elas, a defesa da “intervenção militar” é constante.

O próprio Mourão, entretanto, nega que defenda “uma tomada de poder” por parte dos militares. Em entrevista ao Estado de S. Paulo, ele disse ter sido mal compreendido. “Não existe nada disso. [A intervenção] é simplesmente alguém que coloque as coisas em ordem, e diga: atenção, minha gente vamos nos acertar aqui e deixar as coisas de forma que o país consiga andar e não como estamos. Foi isso que disse, mas as pessoas interpretam as coisas cada uma de sua forma. Os grupos que pedem intervenção é que estão fazendo essa onda em torno desse assunto”, disse.

Em entrevista à Gazeta do Povo, em 2015, Mourão disse algo parecido. “A gente deixa muito claro que o Exército, com as demais Forças Armadas, estará pronto para manter as instituições em funcionamento. O Exército não vai assumir o poder, não vai fazer nada disso. O que vai fazer é manter as instituições; garantir que o Executivo, Legislativo e o Judiciário funcionem. Isso é manter a democracia”, declarou.

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