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| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

O futuro ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, afirmou na segunda-feira (19) que o nome a ser indicado para comandar a Polícia Federal no governo Jair Bolsonaro (PSL) poderá ser conhecido ainda nesta semana.

Cumprindo agenda de reuniões internas no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde está reunida a equipe de transição, Moro confirmou que trouxe para o grupo dois nomes ligados à Lava Jato, o delegado aposentado Rosalvo Ferreira Franco e a delegada Erika Marena. Foi ela quem batizou a operação que descobriu o petrolão de Lava Jato. Eles almoçaram no restaurante que fica no CCBB, alimentando especulações sobre quem será o novo chefão da Polícia Federal.

Conheça os nomes mais cotados:

O favorito

Maurício Valeixo

André Rodrigues/Gazeta do Povo

Atual superintendente da PF no Paraná e amigo de longa data do ex-juiz Sergio Moro, o delegado Maurício Valeixo está na Polícia Federal há 22 anos. Natural de Mandaguaçu (PR), é formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Foi delegado da Polícia Civil do Paraná, tendo integrado o Tigre, grupo de elite da corporação especializado em sequestros. Em 1996, ingressou na Polícia Federal por meio de concurso público.

Valeixo foi coordenador de ensino da Academia Nacional da Polícia Federal, em Brasília, antes de assumir pela primeira vez a chefia da PF no Paraná, entre 2009 e 2011. Foi também adido da PF em Washington (EUA), entre 2013 e 2015.

Depois disso, colecionou atuações nos quase dois anos que esteve à frente da Diretoria de Combate ao Crime Organizado (Dicor). O posto é considerado o terceiro na hierarquia da Polícia Federal. Ele coordenou equipes que atuaram em operações de repercussão política e econômica, como a Zelotes e a Acrônimo, fases da Lava Jato que miraram em empreiteiros e políticos dos mais variados partidos.

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Atuou também na Operação Catilinárias, que teve como alvos parte do núcleo político do antigo PMDB (hoje MDB), como os ex-presidentes da Câmara, Eduardo Cunha e Henrique Alves, e na Operação Sépsis, que igualmente mirou peemedebistas ao prender o operador financeiro Lúcio Funaro.

Depois disso, reassumiu a Superintendência da PF no Paraná, já famosa pelos desdobramentos da Operação Lava Jato, em dezembro de 2017. Em julho último, Valeixo se envolveu na polêmica da quase soltura do ex-presidente Lula, que cumpre pena em uma sala especial na sede da PF, em Curitiba. O delegado resistiu a cumprir o habeas corpus expedido pelo desembargador do TRF-4 Rogério Favreto. Valeixo informou Moro, que estava em férias, do ocorrido e aguardou uma nova decisão judicial que cassasse o primeiro despacho.

Correm por fora

Érika Marena

Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Natural de Apucarana (PR), a delegada Érika Mialik Marena, de 43 anos, fez parte do primeiro time de policiais federais do Paraná que deflagrou a Operação Lava Jato. Ela é apontada, inclusive, como responsável por batizar a investigação que ficou mundialmente conhecida por desvendar um amplo esquema de corrupção na Petrobras. O caso, que começou com uma denúncia de lavagem de dinheiro em um posto de combustíveis de Brasília, levou à prisão do doleiro Alberto Yousseff, em 2014.

Érika atuou ainda em outra operação, que teve a participação do então juiz Sergio Moro e do próprio Yousseff, sobre remessas ilegais de dinheiro ao exterior via contas CC-5 do Banco do Estado do Paraná, o Banestado, no fim da década de 1990 e início dos anos 2000. Ela é tida como uma das maiores especialistas em crimes financeiros e lavagem de dinheiro dos quadros da PF. 

Em maio de 2016, após dois anos de Lava Jato, a delegada deixou a força-tarefa para chefiar o departamento de combate à corrupção e desvios de verbas públicas na Superintendência da PF em Santa Catarina. Lá, se envolveu em uma polêmica ao comandar, em 2017, a Operação Ouvidos Moucos, que apurou denúncia de desvios de dinheiro no programa de educação a distância da Universidade Federal de Santa Catarina.

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A ação policial resultou no afastamento e na prisão provisória do reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier. O pedido de Érika foi corroborado pelo Ministério Público Federal e autorizado pela Justiça Federal. Dias após ser solto, Cancellier cometeu suicídio em um shopping de Florianópolis.

A Corregedoria da PF chegou a abrir um procedimento interno para verificar a conduta da delegada no caso, mas a apuração concluiu que ela não cometeu irregularidade no inquérito. Ela foi então promovida para o cargo de superintendente regional da PF no Sergipe, posição que ocupa desde fevereiro deste ano.

Pesa a favor da indicação de Érika ao principal posto da PF o fato de ela ter vencido uma eleição interna, em maio de 2016. Com 1.065 votos, a delegada foi a mais votada na lista tríplice montada pela Associação dos Delegados da Polícia Federal para ocupar a direção-geral da PF. A relação não foi acolhida pelo presidente Michel Temer (MDB), que preferiu escolher o delegado Fernando Segóvia para o cargo.

Márcio Anselmo

André Rodrigues/Gazeta do Povo

Ex-coordenador da força-tarefa da PF no Paraná, Márcio Adriano Anselmo é outro que participou desde o início da Operação Lava Jato, em 2014, tendo presidido os primeiros inquéritos. Paranaense de Londrina, está na PF há 15 anos, sendo delegado desde 2004. Possui graduação em Direito e especialização em Direito do Estado com área de concentração em Direito Tributário pela Universidade Estadual de Londrina (2002). Tem experiência em Direito Penal, Processo Penal e Internacional, atuando principalmente nos seguintes temas: segurança internacional, cooperação jurídica internacional, lavagem de dinheiro e crimes financeiros.

É mestre em Direito Internacional Econômico pela Universidade Católica de Brasília e doutor em Direito Internacional pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Sua tese de doutorado, sobre normas internacionais no combate à lavagem de dinheiro, foi aprovada por uma banca formada, entre outros, pelo então juiz Sergio Moro, em maio de 2015, quando a Lava Jato já estava em curso.

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Um mês depois se notabilizou pela prisão de vários empresários ligados à construção civil, como Marcelo Odebrecht, dono da maior empreiteira do país, acusada de participar do esquema de corrupção na Petrobras. Anselmo conduziu ainda inquéritos contra o ex-presidente Lula, como o tríplex do Guarujá, que resultou na condenação do petista, em 2017.

Neste ano, pediu para sair da força-tarefa da Lava Jato, alegando cansaço, e assumiu o comando da Corregedoria da PF no Espírito Santo. Ficou pouco tempo. Atualmente está na Delegacia de Repressão ao Crime Organizado, em Brasília, e é líder do grupo de pesquisa “O crime organizado e atividade financeira ilícita transnacional” na Escola Superior de Polícia.

Azarão

Rosalvo Franco

Albari Rosa/Gazeta do Povo

O delegado Rosalvo Ferreira Franco foi superintendente da PF no Paraná por quatro anos e oito meses, entre abril de 2013 e dezembro de 2017, portanto durante o início e a consolidação da Operação Lava Jato. Foi o chefe direto da força-tarefa liderada pelos delegados Márcio Anselmo e Érika Marena que desvendou o esquema de corrupção na Petrobras.

De perfil conciliador e negociador, Franco é pessoa de muita confiança do futuro ministro Sergio Moro, com quem trabalhou de perto durante o período em que esteve na PF do Paraná.

Rosalvo Franco é natural de São Paulo (SP) e ingressou na Polícia Federal em 1985. Em seu currículo constam passagens pela PF de Rondônia e do Rio Grande do Sul, onde assumiu a direção-geral por dois anos, entre 2008 e 2009, antes de vir ao Paraná para chefiar as delegacias de Repressão a Entorpecentes e de Combate ao Crime Organizado e, posteriormente, assumir a superintendência da PF no estado.

Pesa contra a indicação dele um aspecto importante: Franco se aposentou da carreira, em dezembro de 2017, após 32 anos de serviços prestados à PF. Mas, por estar na equipe de transição de Moro em Brasília, ele naturalmente passa a ser um nome cotado como possível integrante do grupo do futuro ministro da Justiça.

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