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Imagem do depoimento de Rocha Loures à Justiça. | Reprodução
Imagem do depoimento de Rocha Loures à Justiça.| Foto: Reprodução

O ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (MDB-PR), que era assessor do presidente Michel Temer quando foi flagrado pela Polícia Federal (PF) em 2017 recebendo R$ 500 mil de propina do grupo J&F, disse em depoimento à Justiça que só pegou a mala pela qual ficou conhecido porque “entrou em pânico” logo após ouvir que iria perder um voo. Ele deu a entender, no depoimento, que acreditou por um momento que aquela era a sua mala de viagem.

Trecho do depoimento de Rocha Loures, em vídeo, foi revelado por reportagem do jornal O Globo publicada neste sábado (10). O depoimento, segundo o jornal, foi dado pelo ex-deputado ao juiz da 15.ª Vara Federal de Brasília, Jaime Travassos, na última quarta-feira (7).

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“Olha, sua mala! Pega que você vai perder o avião”

O ex-assessor de Temer afirmou que só procurou o então executivo da J&F Ricardo Saud, delator da Lava Jato, para “encerrar aquela história”, recusando a proposta de propina do grupo do qual faz parte a empresa JBS. O encontro foi marcado numa pizzaria de São Paulo.

Rocha Loures relata que entrou na pizzaria, mas que não encontrou Saud. Quando saiu, o executivo da J&F, que estava dentro de um carro estacionado ali perto, teria chamado o ex-deputado. “Ele [Saud] diz: ‘Rodrigo! Rodrigo!’ (...) Eu vou até ele. Ele, com essa mala [de propina], diz: ‘Olha, sua mala! Pega que você vai perder o avião. Corre que você vai perder o avião”, disse Rocha Loures.

Com a voz embargada durante esse trecho do depoimento, o ex-assessor de Temer então explicou por que pegou a mala que não era sua. “Naquele momento, excelência, eu entrei em pânico no meio da rua. Eu saí correndo. As imagens... Eu não sabia o que fazer. E eu fugi. Eu corri. Eu não consegui, eventualmente, agredi-los se fosse o caso e me desfazer daquilo ali, se fosse o caso. Eu pego essa mala, deixo na casa dos meus pais [em São Paulo], (...) coloco dentro de um armário. Eu não sabia o que fazer.”

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No depoimento, Rocha Loures admite que a sua própria mala de viagem, que estava na apartamento de seus pais, era diferente da que recebeu de Saud. Segundo o ex-deputado, o taxista que o levou para a casa de seus pais, e posteriormente ao aeroporto, não mentiu ao dizer na investigação que ele subiu com uma mala e desceu com outra.

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O ex-assessor de Temer também disse no depoimento que não abriu a mala para ver o conteúdo e que sua família não tinha nenhum conhecimento do que havia ocorrido.

O trecho do depoimento mostrado pelo jornal O Globo não traz detalhes se Rocha Loures explicou por que, se não havia aberto a mala, a devolveu à Polícia Federal com R$ 465 mil e não com os R$ 500 mil originais. O valor de R$ 35 mil foi devolvido pelo ex-deputado posteriormente. Também não fica claro se ele explicou porque, anteriormente, havia argumentado que não sabia do conteúdo da mala quando a pegou – o que, no depoimento da quarta-feira, ele deixa claro intuir que se tratava de propina.

Entenda o caso

Rocha Loures foi flagrado recebendo a propina numa “operação controlada” da PF, que investigava denúncias da delação premiada dos donos e diretores da J&F. O grupo empresarial estaria interessado em que Rocha Loures interferisse num processo de interesse da J&F no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), um órgão do governo.

O ex-deputado foi preso na ocasião. Hoje, cumpre medidas restritivas impostas pela Justiça, mas não está encarcerado. Ele é réu no processo acusado de corrupção.

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