• Carregando...
 | Celso Júnior/Estadão Conteúdo
| Foto: Celso Júnior/Estadão Conteúdo

Compadre do ex-presidente Luiz Inácio Lula Silva, o advogado Roberto Teixeira foi interrogado nesta terça-feira (19) pelo juiz federal Sergio Moro e negou irregularidades na compra de um terreno para o Instituto Lula e no aluguel de um apartamento em São Bernardo do Campo (SP). Quando perguntado pelo magistrado se sabia algo a respeito do pagamento do aluguel do imóvel, Teixeira foi categórico.

“Se constou no Imposto de Renda é porque existe. Porque o contador quando vai montar o Imposto de Renda recolhe todas as informações que são importantes para a declaração”, disse.

Leia mais: Veja todos os vídeos do 2º depoimento de Lula para Sergio Moro

Durante o depoimento, Teixeira, que é réu no processo ao lado de Lula, fez questão de frisar que todo o seu envolvimento em relação aos imóveis alvos da ação penal foi profissional, como advogado. Teixeira foi advogado de Glaucos da Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai.

“Enquanto advogado eu posso me responsabilizar pelos documentos que eu fiz. Outros documentos, outras mídias e outras informações que os senhores podem ter adquirido de outra forma, não sou responsável. Atuei apenas e tão somente enquanto advogado”, disse.

Instituto Lula

Segundo a denúncia, Glaucos teria vendido o terreno em São Paulo para a DAG Construtora, que por sua vez teria atuado como “laranja” da empresa Odebrecht. O terreno teria sido adquirido para a instalação de uma sede do Instituto Lula. A construção, porém, não ocorreu.

Leia mais: ‘Terreno da discórdia’: quem são os personagens do 2º julgamento de Lula em Curitiba

Durante o interrogatório, Teixeira destacou que atuou apenas como advogado de Glaucos na transação e que nunca discutiu nada referente ao terreno com Lula, Marisa, o ex-ministro Antônio Palocci ou com o executivo Marcelo Odebrecht.

“Quando Paulo Melo [executivo da Odebreccht, também réu no processo] conversou comigo ele havia aventado essa hipótese, de que poderia ser para isso, e dito que seria feito um pool de empresas que iriam fazer um fundo e cuidariam da implantação do Instituto Lula e do acervo presidencial”, disse Teixeira. Segundo o advogado, ele soube pela imprensa que o terreno havia sido recusado.

Apartamento

O MPF também acusa o ex-presidente de ser o real proprietário de um apartamento em São Bernardo do Campo. Segundo a acusação, a família de Lula teria feito um contrato de locação fictício com Glaucos – proprietário formal do imóvel. Glaucos disse, porém, que nunca recebeu o aluguel pelo apartamento.

Leia mais: Muito esperneio e pouca explicação: as pontas soltas do depoimento de Lula

“Eu sou advogado, eu tenho orgulho de ser advogado. Eu não sou imobiliário, eu não vou ficar cobrando ou deixar de cobrar qualquer outra coisa pelo cumprimento do contrato de locação. Isso não cabe a mim e não era de meu interesse”, respondeu Teixeira.

Ele afirmou, ainda, que tratou do contrato de locação com Glaucos e com a ex-primeira dama Marisa Letícia. Segundo o advogado, se o aluguel do imóvel consta no Imposto de Renda do ex-presidente, é porque os valores foram pagos. “Se constou é porque existe, porque passou pela mão do contador”, confirmou.

Interrogatório

Teixeira foi o último réu a ser interrogado no processo. Inicialmente seu depoimento estava marcado para a última quarta-feira (13), mas depois de ser hospitalizado, o advogado pediu para ser ouvido nesta terça-feira (19), por videoconferência. O pedido foi aceito por Moro.

Ao final da audiência, Moro abriu o prazo de cinco dias para apresentação de novos documentos no processo. O magistrado também determinou uma perícia no sistema operacional do Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht – o departamento responsável pelo gerenciamento do pagamento de propina.

Apenas depois do resultado da perícia Moro deve abrir os prazos para a entrega das alegações finais de todos os envolvidos no processo – acusação e defesa. Com os documentos em mãos, o juiz pode proferir uma sentença.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]