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Corpo de Marielle Franco foi sepultado no Cemitério do Caju, no Rio. A cerimônia ocorreu sob gritos e aplausos de políticos, amigos e familiares. | Mauro Pimentel/AFP
Corpo de Marielle Franco foi sepultado no Cemitério do Caju, no Rio. A cerimônia ocorreu sob gritos e aplausos de políticos, amigos e familiares.| Foto: Mauro Pimentel/AFP

O assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, que conduzia o carro que foi metralhado na noite de quarta-feira (14), no Rio de Janeiro, repercutiu fortemente nesta quinta-feira (15). Movimentos sociais, artistas, políticos e pessoas anônimas se manifestaram em luto pela morte da parlamentar, que repercutiu até fora do país. Atos públicos ocorreram em pelo menos 11 capitais do país, como Salvador, Brasília, Recife, Belém, Natal, Florianópolis, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba. Veja nove repercussões do crime:

1) Marielle chega ao 1º lugar nos trending topics do Twitter mundial

Quinze horas após a morte da vereadora do PSOL, o termo “Marielle” foi o assunto mais comentado do Twitter Mundial. Por volta das 12h30, a rede social registrava 289 mil tuítes sobre a parlamentar. Entre as principais hashtags utilizadas em referência ao crime, estavam #MariellePresente, #NãoFoiAssalto e #MarielleVive.

Diversos veículos de comunicação internacionais repercutiram o assassinato da vereadora. Jornais, como o The Guardian (Inglaterra) e o New York Times (Estados Unidos) reproduziram em seus sites informações sobre o crime. A agência espanhola EFE ainda lembrou da intervenção do Exército na segurança pública do Rio de Janeiro e destacou que o ataque aconteceu um dia depois da vereadora voltar a criticar a intervenção em mensagem nas redes sociais.

2) ONU e OEA pedem investigação “célere, minuciosa e transparente”

O escritório para Direitos Humanos da ONU chamou de “profundamente chocante” o assassinato de Marielle Franco e pediu investigação “minuciosa, transparente e independente” do episódio. “Os maiores esforços devem ser feitos para identificar os responsáveis e levá-los perante os tribunais”, informou a porta-voz Liz Throssell, em nota.

O crime foi repudiado também pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, ligada à Organização dos Estados Americanos (OEA), que pediu uma investigação “célere e efetiva para estabelecer as responsabilidades materiais” do assassinato.

Em nota, a Anistia Internacional informou que o assassinato é mais um exemplo dos perigos que os defensores de direitos humanos enfrentam no Brasil. “As autoridades não podem deixar que defensores e defensoras dos direitos humanos sejam mortos e seus assassinos fiquem impunes”, afirmou Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional no Brasil.

3) Esposa de Bernardinho cita morte para criticar eventual candidatura dele

A ex-jogadora de vôlei Fernanda Venturini, esposa do ex-técnico Bernardinho, citou o assassinato da vereadora do PSOL carioca para criticar uma eventual candidatura do marido ao governo do Rio de Janeiro. Filiado ao Partido Novo, Bernardinho é cotado para concorrer ao Palácio Guanabara este ano.

No Instagram, Fernanda disse que “só tem bandido” na política e, entre as hashtags escolhidas para acompanhar a publicação, estava #melhorsaídaGaleão, em referência ao Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio.

4) Presidente da OAB-RJ lembra caso Riocentro: “crime é reação de corruptos”

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio (OAB-RJ), Felipe Santa Cruz, disse que uma reação “dos setores corruptos” da segurança pública pode estar por trás do crime que tirou a vida da parlamentar. “É óbvio que quando se mexe em estruturas consolidadas da segurança pública pode se ter uma reação. Por que não aceitar que os setores prejudicados com as mudanças, os corruptos, estão reagindo e tentando colocar o Estado brasileiro em xeque?”, indagou ele, que citou o caso Riocentro como exemplo de sua tese.

“Cobramos uma resolução rápida da morte da Marielle. Mas precisamos ter fatos. Não é tempo para teorias. Mas vale lembrar que o atentado do Riocentro foi uma conta-ofensiva contra a democratização”, acrescentou Santa Cruz. O atentado realizado em 1981 matou um sargento do Exército no estacionamento do Riocentro, que abrigava um show em homenagem ao Dia do Trabalhador. Segundo a Comissão Nacional da Verdade, em 2014, o episódio foi classificado como um ato de “terrorismo de Estado contra a população”.

5) “Não há palavras para reagir à altura ao assassinato”, diz ministro do Supremo

“Não há palavras para reagir à altura ao assassinato da vereadora Marielle Franco. Aliás, tem faltado palavras para descrever o que está acontecendo com o Rio de Janeiro. Uma combinação medonha de desigualdade, corrupção e mediocridade. Um ciclo que tem conduzido à extrema violência que estamos enfrentando. É imensa a sensação de pesar e de desalento em momentos como esses, sobretudo para quem é do Rio, como meu caso. A única homenagem a quem luta por justiça e igualdade é continuar a luta por justiça e igualdade. Acho que esse é o papel que nos cabe”, disse o ministro Luís Roberto Barroso, em sessão plenária do Supremo Tribunal Federal (STF).

Os ministros Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Luiz Fux também tocaram no tema no plenário. Além disso, a assessoria de imprensa do Supremo publicou uma frase em nome de Cármen Lúcia. “Morre uma mulher. No caso de Marielle, morre um pouco cada uma de nós. Fica viva sua luta por Justiça e igualdade. E o nosso compromisso de continuar com ela. Assim, ela continua conosco. Para sempre Marielle!”, disse a presidente do STF.

6) Assassinato de Marielle é ‘tentativa chocante de calar a voz política’, diz Fux

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luiz Fux, fez uma manifestação de pesar pela morte da vereadora do PSOL, assassinada a tiros na noite da quarta-feira (14). Em nome dos integrantes da Corte, Fux falou em “tentativa chocante de calar a voz política”. A polícia trabalha com a suspeita de execução da vereadora.

“Nós também ficamos de certa forma chocados com essa notícia de que no mundo de hoje se tenta calar a voz política através de uma atitude que demonstra um baixíssimo déficit civilizatório nesse campo”, disse o ministro, que começou seu pronunciamento afirmando que o TSE, como tribunal que vela pela “higidez do processo democrático”, estava “extremamente consternado” pela morte de Marielle.

7) “Toda morte me mata um pouco”, diz Elza Soares em nome de artistas

Nas redes sociais, artistas repercutiram o crime contra Marielle e pediram por justiça. A cantora Elza Soares compartilhou uma mensagem dizendo que estava horrorizada com o ocorrido. “Toda morte me mata um pouco. Dessa forma me mata mais. Mulher, negra, lésbica, ativista, defensora dos direitos humanos. Marielle Franco, sua voz ecoará em nós. Gritemos”, escreveu.

A cantora Karol Conka, conhecida por se posicionar contra o racismo e o machismo em suas músicas, também se manifestou. “A vereadora Marielle Franco foi executada no Rio enquanto milhares de brasileiros sonham com a igualdade, segurança e empatia”, escreveu.

O rapper Emicida, o humorista Marcelo Tas e a jogadora de vôlei Fabi Alvim comentaram o crime em suas redes sociais. Preta Gil, Tatá Werneck e Astrid Fontenelle também compartilharam mensagens de luto. “Quiseram te calar, mas sua voz vai ecoar ainda mais”, escreveu Werneck.

8) Temer chama de “extrema covardia” morte de vereadora

O presidente Michel Temer (MDB) chamou de extrema covardia o assassinato de Marielle Franco. Em mensagem nas redes sociais, ele se solidarizou com os familiares e amigos da política e afirmou que o crime “não ficará impune”. “Lamento esse ato de extrema covardia contra a vereadora Marielle Franco. Solidarizo-me com familiares e amigos, e acompanho a apuração dos fatos para a punição dos autores desse crime”, escreveu.

O presidente informou ainda que pediu ao ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, que coloque a Polícia Federal à disposição do interventor Braga Netto para ajudar na investigação. “A morte dela é um verdadeiro atentado ao Estado de Direito e à Democracia”, disse.

9) Partido espanhol ataca governo brasileiro e pede suspensão de negociação com Mercosul

Com um duro discurso contra o governo brasileiro, o partido espanhol Podemos condenou o assassinato da vereadora Marielle e pediu que a União Europeia suspenda as negociações do acordo comercial com o Mercosul.

O porta-voz dessa sigla de esquerda, Miguel Urbán, discursou ao Parlamento Europeu em Estrasburgo, na França, diante de uma placa com o texto “Marielle presente”. Ele se referiu à vereadora morta a tiros no Rio como uma “anticapitalista assassinada em um clima de violência política pré-eleitoral”.

Apoiado por outros eurodeputados, Urbán pediu que a Comissão Europeia (o braço Executivo do bloco) condene publicamente a morte de Marielle e exigiu que o Brasil abra uma investigação “independente, rápida e exaustiva que permita haver justiça”. O Podemos enviou também uma carta para a representante europeia para as relações exteriores, Federica Mogherini, e para a representação diplomática brasileira na União Europeia.

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