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Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, em entrevista ao SBT. | Reprodução/SBT
Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, em entrevista ao SBT.| Foto: Reprodução/SBT

O motorista Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), afirmou em entrevista ao jornal “SBT Brasil” nesta quarta-feira (26) que parte da movimentação atípica de R$ 1,2 milhão feita por ele entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017 veio da compra e venda de carros: “Eu sou um cara de negócios. Eu faço dinheiro”. Mas disse que só dará mais detalhes em depoimento ao Ministério Público (MP).

Foram as primeiras declarações do ex-assessor desde que veio à tona o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), em 6 de dezembro. O documento trazia informações sobre movimentações de assessores de deputados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Fabrício Queiroz é amigo de Jair Bolsonaro há 30 anos. Foi o presidente eleito quem indicou o policial militar para atuar como motorista de Flávio na Alerj. Queiroz foi nomeado em 2007 e deixou o gabinete no dia 15 de outubro deste ano.

Queiroz negou ter repassado parte do salário para o parlamentar: “É covardia atribuir a Flávio o que está acontecendo. Não sou laranja, sou homem trabalhador, eu tenho uma despesa imensa por mês”. E afirmou que explicará ao MP por que recebeu dinheiro de outros assessores do gabinete, bem como os depósitos que recebeu de uma das filhas, da esposa e dele próprio.

Funcionários do gabinete de Flávio chegaram a depositar 99% do que receberam no período na conta de Queiroz, e que a maioria das transferências foram feitas no dia ou em datas próximas ao pagamento na Alerj.

“Eu morava, no meu primeiro casamento, num apartamento arrumadinho, tinha piscina, tinha a coisa toda. Me separei, vim morar numa comunidadezinha, comunidade só de trabalhadores, no Rio de Janeiro. Esse mérito de dinheiro eu queria explicar ao MP”, disse.

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Na entrevista, Queiroz afirmou que ganhava cerca de R$ 10 mil mensais no gabinete de Flávio Bolsonaro, de onde foi exonerado em outubro, e em torno de R$ 10 mil a R$ 11 mil de aposentadoria da Polícia Militar. Ao todo, seus rendimentos mensais somavam de R$ 23 mil a R$ 24 mil, disse Queiroz, incluindo os negócios com compra e revenda de carros.

“Eu sou um cara de negócios. Eu faço dinheiro. Compro, revendo, compro, revendo. Compro carro, revendo carro. Sempre fui assim. Sempre. Gosto muito de comprar carro em seguradora, na minha época lá atrás, comprava um carrinho, mandava arrumar, vendia, tenho uma segurança.”, disse.

No dia 7 de dezembro, Flávio Bolsonaro disse ter conversado com Queiroz, e afirmou que ele teria lhe dado “explicações convincentes” para o episódio, mas não disse quais seriam elas. O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) informou que também pedirá para que Flávio Bolsonaro preste esclarecimentos sobre o caso, no dia 10 de janeiro.

O ex-assessor faltou a dois depoimentos ao MPRJ para explicar a movimentação atípica em sua conta. Na entrevista ao SBT, ele justificou as faltas por estar com diversos problemas de saúde, incluindo dores no ombro e um tumor maligno no intestino. Segundo ele, será necessário fazer uma cirurgia para tratar do câncer. “Eu vou ser submetido, hoje ou amanhã, a outros exames. Mas vai ser preciso operar o mais rápido possível”, declarou.

“Em respeito ao MP, porque faltei às audiências por problema de saúde, vou prestar esses esclarecimentos ao MP. Vou esclarecer, confio na Justiça”, disse. Ele negou que estivesse fugindo. “Me refugiei porque não queria dar entrevista. Eu tenho é que dar declarações ao MP. Como está esse mundo atrás de mim parecendo que sou fugitivo, não queria virar o ano com essa coisa chata que está em cima de mim.”

Queiroz disse ainda que pediu a Flávio Bolsonaro que contratasse a filha e a mulher, mas que ambas são “eficientes”. “Eu pedi para empregá-las. É mérito, não é porque é filha do Queiroz”, afirmou.

Cheques para Michelle Bolsonaro

Um relatório produzido pelo Coaf em desdobramento da Operação Lava Jato no Rio indicou a movimentação financeira atípica de Queiroz quando trabalhou com o então deputado estadual Flávio Bolsonaro. O documento identificou também o pagamento de R$ 24 mil em cheque à futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro – que segundo o presidente eleito, se referem ao pagamento de uma dívida. Queiroz reiterou essa versão na entrevista ao SBT, dizendo – como Jair Bolsonaro – que ao todo deu dez cheques de R$ 4 mil a Michelle, para saldar uma dívida de R$ 40 mil.

Sobre a movimentação de R$ 1,2 milhão reportada pelo Coaf, o advogado de Queiroz, Paulo Klein, afirmou ao SBT que na verdade trata-se de uma renda de R$ 600 mil, mas que, ao se somarem depósitos e saques, o valor movimentado dobrou. “A fotografia mostra um valor alto. Mas o filme mostra que aquilo [o valor de R$ 1,2 milhão] não faz sentido.”

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