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Pedro Parente, o agora ex-presidente da Petrobras | Tânia Rêgo/Agência Brasil/Arquivo
Pedro Parente, o agora ex-presidente da Petrobras| Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil/Arquivo

A saída de Pedro Parente do comando da Petrobras foi motivada pela movimentação do Palácio do Planalto e de lideranças do Congresso para reduzir os preços da gasolina e do gás, depois da redução e congelamento do preço do diesel, e pelo interesse do governo e de parlamentares nos R$ 100 bilhões do leilão dos barris de petróleo excedentes do pré-sal para bancar novos subsídios.

Parente sabia que a crise não estava no fim e sem solução à frente, apesar do pacote de medidas do governo para acalmar os caminhoneiros, que até agora já custou R$ 13,5 bilhões de recursos do Orçamento.

Além do diesel, o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, passou a defender publicamente um “colchão” para amortecer os preços de outros combustíveis, como a gasolina, ao consumidor. Pré-candidato ao Planalto, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), elegeu como prioridade subsidiar o preço do gás de cozinha.

O sinal de que governo buscava alternativas fiscais rápidas para bancar novas medidas - com o temor de que a greve terminasse num processo de convulsão social - ficou evidente para Parente nos últimos dias.

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Na quarta-feira (31), ele conversou com Maia por telefone. Uma semana antes, em meio à paralisação dos caminhoneiros, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), em entrevista, disse que entre Parente e os consumidores, ficaria com os últimos. No feriado de Corpus Christi, numa conversa reservada com o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, em São Paulo, expôs as dificuldades e o caminho que seguiria. Era a prévia do que apresentaria na sexta-feira (1º) ao presidente Michel Temer (MDB), em reunião que durou 20 minutos.

Segundo informações obtidas pela reportagem, Parente percebeu o movimento político e decidiu entregar o cargo. Não tomou a decisão de última hora nem pegou Temer de surpresa. Sob pressão, ele avaliou que sua permanência seria contraditória com tudo o que sempre defendeu.

O agora ex-presidente da Petrobras já tinha enviado sinais ao Planalto, durante a negociação para pôr fim à greve dos caminhoneiros, de que não faria mais concessões. Dois anos depois de ter assumido uma empresa que virou alvo da Operação Lava Jato, com seu último presidente, Aldemir Bendine, preso, Parente deixou o governo convencido de que suas decisões na Petrobras não foram uma “escolha caprichosa”, como afirmou em vídeo postado na rede interna da estatal. As tentativas de culpá-lo pela crise dos caminhoneiros o incomodavam.

O interesse de todos sobre os recursos que podem reforçar os cofres públicos com a revisão do acordo da União e Petrobras pela exploração do pré-sal foi o fato novo a reforçar a percepção de Parente de que, sem espaço para elevar tributos, além da resistência para manter a política de preços, a nova batalha seria a cessão onerosa.

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A equipe de Michel Temer está preocupada com o “efeito rebote” das manifestações dos caminhoneiros, algo que poderia prejudicar ainda mais a já desgastada imagem do presidente, perto das eleições.

O núcleo político do governo e a cúpula do MDB pressionam Temer por medidas de maior impacto para a crise. O cuidado, porém, é para que possíveis novos anúncios sejam embalados como propostas para reduzir a volatilidade dos preços dos combustíveis ao consumidor, sem interferência na Petrobrás.

Como fonte para os novos subsídios passaram a ser cobiçados s até R$ 100 bilhões que podem sair do leilão do excedente do pré-sal. A área política quer agilizar o processo de acordo da cessão onerosa para que o leilão aconteça ainda em setembro a tempo de garantir nova injeção de recursos para a economia “na ponta”, como afirmou um líder político, sob a condição de anonimato. Em meio à constatação do Planalto de que o subsídio ao diesel não era suficiente para acalmar a insatisfação popular, Parente recebeu um telefonema de Brasília que o questionou sobre quando seria possível colocar o leilão do excedente do pré-sal na rua.

Desgastado, Parente preferiu sair. Na avaliação do executivo, sua demissão evitaria um desgaste maior para a empresa, servindo de obstáculo à escolha de um nome político para comandá-la, o que se confirmou.

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