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O relator Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) durante a votação do seu parecer na CCJ da Câmara: sugestão de arquivamento da denúncia foi aprovada. | Lula Marques/Agência PT
O relator Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) durante a votação do seu parecer na CCJ da Câmara: sugestão de arquivamento da denúncia foi aprovada.| Foto: Lula Marques/Agência PT

Michel Temer pode celebrar. Governará o país até o final de 2018. Exceto outro fator que não o impedimento via Congresso Nacional o tire do poder. A votação desta quarta-feira (18) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que rejeitou a admissibilidade da segunda denúncia contra ele, não sinalizou um cenário diferente, como parte da oposição bradou. E está no papel dela. Temer, na comissão, teve apenas dois votos a menos que a primeira denúncia, em agosto. Na margem de erro. Caiu de 41 para 39. E daí?

O caso, agora, vai a plenário na próxima quarta-feira (25). Aos números. Temer só sai se 342 deputados votarem contra ele. Na primeira denúncia 227 fizeram essa opção, o que não foi pouca coisa, ainda que insuficiente. A oposição precisa, então, de 115 votos a mais que no escrutínio passado. Muito difícil. Não há elementos que apontem para isso. 

A esperada colaboração premiada do operador do PMDB Lúcio Funaro apareceu. Os vídeos com as citações do delator a Temer e seu grupo pipocaram nos noticiários. Não parece ter sido suficiente para "sensibilizar" um movimento em massa contra o presidente. Longe disso. 

INFOGRÁFICO: Veja como cada um dos 66 deputados da CCJ votou no caso Temer

Somado às horas de Funaro nos horários nobres apareceu um fator que poderia tirar o sono de Temer: Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, e seus reiterados enfrentamentos com o ocupante principal do Palácio do Planalto. Maia dá seu recado de descontentamento com Temer. A frase  "não fiz com ele o que eles fizeram com a Dilma” é lapidar para entender a história do país nos últimos dois anos. Mas Maia não parece disposto a destronar Temer. Dar um susto, talvez. Na terça-feira (17), Maia anunciou ter feito as “pazes” com o presidente.

Outro fator pró-Temer foi a aprovação no Senado do retorno de Aécio Neves ao mandato de senador. Esse episódio foi muito lembrado pela oposição na CCJ. O PSDB é devedor do PMDB. Mas não só os tucanos. Há uma generalizada, ampla e irrestrita ojeriza dos grandes partidos investigados na Lava Jato com o comportamento do Ministério Público Federal e do Judiciário. Vide o relatório do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), relator do caso na comissão. Quase um panfleto contra procuradores e juízes. 

Temer trabalhou para Aécio, que vai trabalhar para Temer no plenário da Câmara. Nem é garantido que vire muitos votos no partido, mas o senador tem ainda certa influência na bancada mineira. Na CCJ, por exemplo, os tucanos continuaram a votar contra Temer – 5 a 3 para autorizar a Justiça a investigar o presidente –, com exceção da bancada do PSDB de Minas Gerais na comissão.

É possível que o governo esteja gastando até mais que gastou na primeira denúncia para salvar Temer. O que ele está fazendo pela bancada ruralista beira a irresponsabilidade. Os governistas se esconderam na votação da segunda denúncia na CCJ, que só lotou no final da tarde desta quarta, quando se aproximava o momento de votar e salvar Temer.

O líder do PSOL na Câmara, Glauber Braga (RJ), definiu assim a sessão: "Dá nojo!". Ou, bisando o velho guerreiro Chacrinha, o mandato de Temer “só acaba quando termina”. 

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