• Carregando...
 | Fabio Rodrigues Pozzebom
/ Agência Brasil
| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

Os perfis opostos de Cármen Lúcia e Dias Toffoli transpõem as paredes do Supremo Tribunal Federal (STF). A ex e o atual presidentes da Corte maior do país se diferenciam no ritmo e nos temas que priorizam, mas também no contato público e nos bastidores. "Somos parceiros no compromisso e no dever de construir, no Brasil, uma sociedade mais livre, justa e solidária", afirmou o ministro ao tomar posse na presidência do STF.

Toffoli tem dito a interlocutores repetidas vezes que vai negociar com Legislativo e Executivo. A expectativa com isso é ver reduzido o clima de tensão que só fez crescer na gestão Cármen Lúcia. Ela só buscava interagir com o meio político em momentos de crise. O novo presidente, porém, é o oposto disso. 

LEIA TAMBÉM: Democracia aprofundada, com uma política moralmente exemplar

“A harmonia e o respeito mútuo entre os poderes da República são mandamentos constitucionais", falou na posse, diante dos presidente da República, Michel Temer, da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE). E ainda completou: "Não somos mais nem menos que os outros poderes. Com eles e ao lado deles".

Tamanho o contato que ele pretende manter com os demais poderes que quer criar um canal para discutir obras paradas. Ele, contudo, diz não se "importar com quem terá de falar". Justifica que o país precisa de estabilidade. "Afirma a necessidade de discutir e alinhar temas de interesse, linhas de raciocínio, debater assuntos do momento". 

LEIA TAMBÉM: FHC teme agravamento da crise e prega união contra ‘candidatos radicais’

"Não importa quem são essas pessoas?", questionou a Gazeta do Povo em conversa com uma pessoa próxima do novo presidente do STF. "Não".

"Mas, no Congresso, no Executivo, há nomes envolvidos em escândalos, na própria Lava Jato, que muitas vezes serão julgados pelo Supremo. Por exemplo, o presidente Temer, ou Renan Calheiros, que articula retomar a presidência do Senado", retrucou a reportagem, ao que foi respondida: "uma coisa não tem relação com a outra. Ser mencionado, citado ou até julgado na Lava Jato não impede de tratar de temas de interesse do país", destacou a fonte.

Ex-advogado do PT, Toffoli tem perfil mais político

Toffoli tem um perfil que se aproxima da política. Ele já advogou para o PT antes de assumir o STF e se acostumou ao contato com o meio. No tribunal, adotou um tom mais formal, professoral e técnico aos discursos e aos votos para tentar separar de si a pecha de "petista". 

Mas nunca fez questão de se distanciar do contato político. Se aproximou de Gilmar Mendes, o ministro mais conhecido por esse perfil – e mais criticado também. É insinuado, inclusive, que ele tenha influenciado Toffoli por essa opção de dialogar com os demais poderes. 

LEIA TAMBÉM: Qual a chance de Toffoli pautar ações no STF para libertar Lula antes da eleição?

Como se darão as negociações de Toffoli, fica a conferir. Mas as conversas já tiveram início. Antes mesmo de tomar posse, esteve com Eunício, Maia e Temer, em ocasiões distintas, para discutir o reajuste do Judiciário. Lá mesmo já havia afirmado a intenção de fazer isso mais vezes. Como nem sequer estava à frente do tribunal ainda e Cármen não tem esse costume, não chegou a ser levado a sério. 

Para o início da gestão, Dias Toffoli tem dito que adotará um tom amistoso, discreto e sem polêmicas. Pretende reinstalar na Corte a animosidade e harmonia que, para muitos, a gestão de Cármen Lúcia abalou. 

Afirmou que, independentemente do que houver, não pautará nada sobre o ex-presidente Lula neste ano. Reafirma, também para este caso, a necessidade de garantir estabilidade para o país.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]