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Youssef (de terno), em uma das saídas da sede da PF para prestar depoimento à Justiça enquanto esteve preso. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Youssef (de terno), em uma das saídas da sede da PF para prestar depoimento à Justiça enquanto esteve preso.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Beneficiado pelo regime aberto desde março, após passar três anos preso, o doleiro Alberto Youssef orgulha-se de ter cumprido o que prometeu nos primórdios da Operação Lava Jato. “Eu disse que derrubaria a República. E derrubei.”

Em entrevista publicada pela revista Veja na edição deste fim de semana, Youssef é taxativo ao afirmar que a investigação não vai mudar os costumes políticos no país. “Essa fase de Lava Jato vai passar, e vai continuar tudo como está. O sistema vai continuar. O Brasil não vai mudar”, projeta. Isso porque, segundo ele, continuará valendo a regra de que “só se faz obra [no país] se pagar”. “Se não pagar, não faz. Esses caras [empreiteiros] não querem pagar a ninguém. Pagam porque são obrigados. Tem de mudar o sistema.”

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O principal delator do maior esquema de corrupção já descoberto no Brasil diz que entrou e saiu da prisão pela porta da frente e que, ao colaborar com a Justiça, deixou a cadeia “de cabeça erguida”. Afirma ainda que, além dele próprio, somente outro envolvido na Lava Jato não roubou: João Vaccari, ex-tesoureiro do PT. “No esquema da Petrobras eu, como operador, tirei a minha comissão e mandei o dinheiro roubado para quem devia. O Vaccari fez a mesma coisa. O dinheiro roubado entrava e ele mandava para o PT. Não ficou com um centavo para ele. Não roubamos. Éramos prestadores de serviço. O dinheiro era dos outros.”

Rotina na prisão

À Veja, o doleiro relatou a maior dificuldade que os presos da Lava Jato enfrentam na carceragem da Polícia Federal, onde estão detidos em Curitiba: o frio. “Todo mundo fica de chinelo de dedo na cela. No frio, o cara colocava aquele Crocs com uma meia e pronto.”

Ele também revelou curiosidades dos outros presos famosos da operação. Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, roncava muito; Renato Duque, ex-diretor da Petrobras, não deixava ninguém descansar, por almoçar e roncar a tarde toda; enquanto Marcelo Odebrecht, dono da empreiteira Odebrecht, faz oito horas de ginástica e come 5 mil calorias por dia. “A cela dele é cheia de comida”, conta.

O único com quem Youssef e os demais presos praticamente não mantêm contato é Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados. De acordo com o doleiro, o ex-deputado fica isolado em outra cela “para evitar problemas”. Ele, porém, nega ter qualquer “bronca” com o ex-parlamentar. Mas reclama de Cunha ter colocado a Kroll – uma empresa de investigação internacional contratada pela Câmara para auxiliar nos trabalhos da CPI da Petrobras – para vasculhar a vida dele e da família.

“Eu nunca deixei que a minha esposa e as minhas filhas chegassem perto dos meus negócios. Eu nem sequer depositava dinheiro na conta corrente delas. Zero. Nunca participaram ou souberam de nada. E o cara vem querer ferrar as minhas filhas?”

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