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Governador João Doria durante a posse de Rodrigo Maia na Secretaria de Projetos e Ações Estratégicas de São Paulo.
Governador João Doria durante a posse de Rodrigo Maia na Secretaria de Projetos e Ações Estratégicas de São Paulo.| Foto: Sergio Andrade/ Governo do Estado de São Paulo

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), empossou na sexta-feira passada (20) o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (RJ) como secretário estadual de Projetos e Ações Estratégicas. A pasta, criada especificamente para abrigar Maia, terá como objetivo ampliar o programa de privatizações do estado. Mas, por trás disso, há uma estratégia eleitoral de Doria para viabilizar sua candidatura a presidente nas eleições de 2022.

“A composição desse governo sempre foi pela eficiência e capacidade de entrega à população. Rodrigo Maia terá como prioridade a aceleração dos programas de desestatizações. São Paulo foi nove vezes à bolsa de valores e tem dois grandes leilões ainda para este ano. Governo liberal promete e cumpre", disse Doria.

Contudo, a ida do deputado do Rio de Janeiro ao governo paulista terá como pano de fundo a articulação política pela candidatura de João Doria ao Palácio do Planalto no ano que vem. O tucano irá disputar as prévias internas de seu partido em novembro. No entanto, já tem buscado compor alianças caso se consagre vitorioso na disputa interna do PSDB.

"Nada mais importante na política do que aquilo que é natural. E o natural, neste momento, é o fortalecimento não apenas do seu nome [Doria], mas daquilo que São Paulo representa para o Brasil", disse Rodrigo Maia ao tomar posse.

Maia fará a interlocução política de Doria

Rodrigo Maia será responsável por promover a interlocução de Doria com diversas lideranças partidárias na busca de uma composição para 2022. O ex-presidente da Câmara vinha articulando uma candidatura da chamada terceira via há pelo menos um ano, e agora deverá estreitar os laços entre partidos de centro com o PSDB.

“Está na hora de todos aqueles que falam em independência ao governo federal, da necessidade de mudar, todos tenham a responsabilidade de deixar claro que precisamos construir um caminho. Não teremos cinco caminhos, teremos um caminho. As nossas vaidades pessoais não podem estar acima do interesse da sociedade", disse Maia.

"Com cinco projetos, nós correremos o risco de reeleger um projeto autoritário. Talvez eu tenha sido o primeiro a alertar e enfrentar o extremismo autoritarismo do presidente da República", completou o novo secretário do governo de São Paulo.

Atualmente, lideranças do próprio PSDB e de partidos como DEM, MDB, Cidadania, Podemos, PV e Novo se articulam na busca de uma alternativa para evitar a polarização entre Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a disputa do ano que vem. No entanto, esses partidos não chegaram a um consenso sobre uma única candidatura.

Doria e Maia tentam atrair apoio do mercado com imagem liberal 

Na esteira das negociações, João Doria tenta atrair o apoio do mercado financeiro ao passar a imagem de que ele será o candidato liberal das eleições de 2022. O entorno do tucano admite que setores do mercado, descontentes com a gestão de Paulo Guedes no Ministério da Economia, podem ser atraídos pelas políticas adotadas no governo de São Paulo.

Rodrigo Maia irá atuar também para atrair esse grupo. Ao tomar posse, o ex-presidente da Câmara fez sinalizações para o mercado ao lembrar sua articulação para aprovação das reformas trabalhista e da Previdência, além do marco regulatório do saneamento básico.

Em seu discurso, ele elencou sua atuação nesse sentido: “A qualidade que fizemos à frente da reforma da Previdência com o Rogério Marinho [ex-secretário de Previdência e atual ministro do Desenvolvimento], antes de ele ser capturado pelo vírus bolsonarista. A aprovação do marco do saneamento, a PEC da Guerra, que deu as condições para o auxílio [emergencial] de R$ 600. Essa é a vontade de ouvir aqueles que de fato entendem de cada área. Quero trazer essa experiência do diálogo, de ouvir e discutir com toda a sociedade para que a gente possa fazer mais pelo governo de São Paulo”.

De acordo com o deputado, a prioridade da sua gestão na Secretaria Estadual de Projetos e Ações Estratégicas será organizar a concessão ou privatização da Sabesp, companhia de abastecimento do estado de São Paulo. “Acho que é uma coisa simbólica. Organizar a privatização, a concessão, deixar isso organizado até o final da minha gestão”, afirmou.

Na mesma linha, Doria afirmou que experiência de Rodrigo Maia foi formada pela sua “vocação” liberal. “O deputado Rodrigo Maia acumulou, ao longo dos anos, uma extraordinária experiência na interpretação de legislação, na vocação liberal, que sempre o moveu em seus mandatos, nos seus pronunciamentos e na sua interlocução com os setores econômicos no Brasil e no exterior”, disse o governador.

Governador reestrutura secretariado para atrair diversos partidos

A movimentação de João Doria na busca de ampliar sua capilaridade com partidos políticos já vem ocorrendo há alguns meses.

Além de Rodrigo Maia, Doria empossou o deputado estadual Itamar Borges (MDB) na Secretaria de Agricultura. Os emedebistas já eram representados no governo pelo secretário de Fazenda Herinque Meirelles, que comandou a economia no governo Michel Temer. Outros ex-ministros já ocupavam postos no governo de São Paulo, como Alexandre Baldy (Transportes Metropolitanos) e Sérgio Sá Leitão (Cultura).

Já a liderança do governo na Assembleia Legislativa passou a ser exercida pelo deputado estadual Vinicius Camarinha (PSB).

Sem partido político, desde que foi expulso do DEM, Rodrigo Maia está com a filiação encaminhada para o PSD.

Deputado pelo Rio de Janeiro, Maia afirmou que seguirá a estratégia política adotada pelo prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes.  Apesar de ter se elegido no ano passado pelo DEM, Paes deixou o ninho democrata para se filiar ao PSD no começo deste ano. Presidido nacionalmente pelo ex-ministro Gilberto Kassab, o PSD cogita ter candidatura própria à Presidência em 2022. E a articulação seria para filiar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para disputar o Planalto.

No entanto, integrantes do PSD admitem que a chegada de Rodrigo Maia ao governo de São Paulo e a atuação de Eduardo Paes no Rio de Janeiro deve ter força para levar a legenda para apoiar João Doria em 2022. “Serei candidato a deputado pelo Rio e o meu projeto é 100% vinculado ao prefeito Eduardo Paes. A minha decisão de filiação será sempre vinculada a movimentação política do prefeito do Rio”, afirmou Rodrigo Maia.

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