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Avaliação do governo Jair Bolsonaro caiu por causa da pandemia do coronavírus: presidente é o principal fiador do Aliança pelo Brasil.
Avaliação do governo Jair Bolsonaro caiu por causa da pandemia do coronavírus: presidente é o principal fiador do Aliança pelo Brasil.| Foto: Marcos Corrêa/PR

A pandemia do coronavírus e o desgaste sofrido pelo presidente Jair Bolsonaro na demissão de ministros populares, como Sergio Moro, trazem incertezas quanto ao futuro do Aliança pelo Brasil. As crises política e sanitária em nada ajudam na mobilização de novos apoiadores para a legenda. Nem mesmo a possibilidade de participar das eleições para prefeitos e vereadores caso a data do pleito seja transferida por causa da Covid-19 anima o partido.

"A posição é de não participar, mesmo que haja adiamento", afirmou o advogado Luís Felipe Belmonte, segundo vice-presidente da executiva nacional provisória do Aliança. "Se a mudança for para apenas um mês depois, não há como. O Aliança só vai ficar em condição de disputar uma eleição a partir de 2022", disse o deputado federal Bibo Nunes (PSL-RS), que migrará para o Aliança.

A modificação da data da eleição passou a ser discutida no meio político em virtude da crise sanitária. Lideranças políticas falam na transferência da disputa para novembro ou dezembro ou mesmo para 2022, condição em que o pleito municipal coincidiria com as eleições para presidente, governadores, senadores e deputados.

O partido Aliança Pelo Brasil foi anunciado por Bolsonaro em novembro do ano passado e, para que pudesse participar da eleição de 2020, precisaria estar integralmente regularizado junto à Justiça Eleitoral até o dia 4 de abril, o que não aconteceu. Ainda em março, membros da legenda já reconheciam a impossibilidade de cumprimento do prazo.

"A Aliança Pelo Brasil não ficará pronta a tempo para disputar as eleições de 2020. Apesar de todo o suporte técnico que o Tribunal Superior Eleitoral [TSE] tem dado na criação do partido, ele infelizmente não vai se viabilizar a tempo", afirmou na ocasião o senador Flávio Bolsonaro (RJ), que é o primeiro vice-presidente da executiva provisória do Aliança.

Com o atraso na oficialização do partido, ele recentemente se filiou ao Republicanos. "É melhor a formação do partido acontecer com bastante calma, nós queremos um partido para o resto da vida", acrescentou Flávio, também no vídeo.

Com a possibilidade de modificação na data da eleição, e uma consequente readequação dos prazos, o Aliança poderia reconsiderar a ideia de concorrer ainda em 2020. Mas isso é descartado pelos seus dirigentes.

Mobilização pela criação da Aliança Pelo Brasil esfriou

O reconhecimento de que o Aliança não conseguiria disputar a eleição municipal levou a um enfraquecimento da mobilização que havia sido gerada, entre o fim do ano passado e o começo do atual, em torno da criação do partido.

As redes sociais, tradicional campo de mobilização bolsonarista, têm concentrado menos menções ao Aliança. "Os movimentos conservadores continuam ativos nas pautas de interesse do país. Também no apoio ao presidente, na defesa das instituições. Já em relação ao partido, estão aguardando oficialização. Afinal, o que tinha que ser feito, já está feito", declarou Belmonte.

O algo "que tinha que ser feito" mencionado pelo advogado é a coleta de assinaturas. Para que um partido seja registrado, precisa apresentar à Justiça Eleitoral 492 mil assinaturas, distribuídas por ao menos nove estados. O Aliança alega ter coletado mais de um milhão de assinaturas, obtidas durante mutirões que envolveram ações em diferentes cidades. O problema, segundo Belmonte, se deu na segunda parte do processo, que foi o processamento dos apoios por parte do Judiciário.

No último dia 25 de abril, após uma longa pausa sem publicações, o perfil oficial da Aliança pelo Brasil no Facebook convocou os apoiadores a intensificar os trabalhos de captação de assinaturas. E, diante da realidade do coronavírus, dispensou a necessidade de reconhecimento de firma das assinaturas em cartório.

Independentemente do processo eleitoral de 2020, o partido espera concluir sua formalização ainda neste ano. "É a nossa intenção. Mas, na verdade, tudo vai depender de quando a Justiça Eleitoral retomar os trabalhos", disse Belmonte. "Quando acabar a pandemia, voltaremos a mil. Estamos com faixas, camisetas, bonés, tudo para divulgar o partido", acrescentou Nunes.

Integrantes do futuro partido estão dispersos

A confirmação, ainda em março, de que o Aliança estaria fora da disputa de 2020 não levou o partido a escolher um "hospedeiro" para as eleições — isto é, um partido que abrigaria provisoriamente seus filiados. O expediente foi adotado em 2013 pela Rede, partido fundado pela ex-senadora Marina Silva.

Na ocasião, após perceber que não conseguiria oficializar seu partido, ela firmou uma parceria com o PSB para a disputa das eleições do ano seguinte. Pouco após o pleito de 2014, Marina e seu grupo deixaram o PSB e ingressaram em definitivo na Rede, pela qual disputaram a eleição de 2018.

"Nenhum partido pode dizer que tem a preferência do Aliança pelo Brasil", declarou Bibo Nunes. Os integrantes do partido de Bolsonaro acabaram se distribuindo por diferentes legendas, como Patriota, DC, PRTB (partido do vice-presidente Hamilton Mourão) e Republicanos, que abrigou dois filhos do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro e o senador Flávio.

O PSL, partido pelo qual Bolsonaro disputou a eleição de 2018, ainda reúne grande parte dos boslonaristas, em especial a bancada de deputados federais.

Principal fiador do Aliança, Bolsonaro sofre desgaste público

A crise do coronavírus no país causou um desgaste na imagem do presidente Jair Bolsonaro, principal fiador do Aliança pelo Brasil. É o que revelam pesquisas de opinião.

Segundo pesquisa Datafolha feita entre os dias 1º e 3 de abril, somente 35% dos brasileiros aprovam a conduta do chefe do Executivo na emergência nacional causada pela pandemia. Outros 39% desaprovam, enquanto 29% avaliam que a conduta de Bolsonaro é irregular. O levantamento ouviu 1.511 pessoas, por telefone, e tem margem de erro de três pontos percentuais para mais ou menos.

Outra pesquisa, da XP/Ipespe, feita no mesmo período, revelou que 42% dos entrevistados consideram a gestão de Jair Bolsonaro como ruim ou péssima. Apenas 28% consideram o governo ótimo ou bom. Foram ouvidas 1.000 pessoas, por telefone, e tem margem de erro de 3,2 pontos porcentuais.

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