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Alianças partidárias regionais desenham palanques presidenciais para 2022
| Foto: Antonio Augusto/TSE

Além da busca por uma aliança forte para a disputa presidencial do ano que vem, as principais legendas começam a desenhar o xadrez para as próximas eleições de acordo com os interesses regionais. Com o cenário de polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa pelo Palácio do Planalto, os partidos se articulam a partir dos governos estaduais.

Com isso, lideres do PSB, DEM, MDB, PSD e até o PSDB estão se articulando em seus redutos eleitorais. A principal movimentação ocorre nos estados do Nordeste, onde a popularidade de Lula se sobrepõe à do presidente Bolsonaro.

Na Bahia, por exemplo, estado que o PT governa há mais de 15 anos, o retorno de Lula ao jogo político reorganizou as forças na região. Com mandato de senador até 2027, Jacques Wagner (PT) já confirmou que será candidato ao governo baiano em 2022.

Nos bastidores, os petistas admitem que a estratégia de Jacques Wagner concorrer ao governo estadual passou por uma costura com o PSD baiano. A ideia é que a candidatura do petista sirva de palanque para que o senador Otto Alencar (PSD) busque sua reeleição.

"Sou (candidato), mas insisto em dizer para as pessoas que, para chegar em 2022, temos que estar trabalhando na angústia do povo, trabalhando por auxílio. Não dá para conversar sobre eleição agora", admitiu Jacques Wagner ao jornal Bahia no Ar. O petista governou o estado de 2007 a 2014.

No entanto, Jacques Wagner deverá enfrentar outro puxador de votos na região na disputa pelo governo, o ex-prefeito de Salvador e presidente do DEM, ACM Neto. O democrata deixou a prefeitura da capital com mais de 80% de aprovação no ano passado e recentemente um levantamento do instituto Paraná Pesquisas mostrou que atualmente ele lidera a corrida para governador com 49,3% das intenções de voto. O petista aparece em segundo lugar, com 21,4%.

Apesar dos acenos que chegou a fazer a Jair Bolsonaro após as eleições para as presidências da Câmara e do Senado no começo deste ano, ACM Neto deverá se manter como oposição ao atual presidente. Para a disputa pelo Palácio do Planalto, o presidente do DEM estuda uma aliança com o PDT, de Ciro Gomes. O pedetista vem tentando se viabilizar politicamente como candidato da chamada terceira via.

Agora, tanto Jacques Wagner quanto ACM Neto trabalham para atrair outras siglas como PL, Podemos e o PP.

Ex-aliado do PT, Ciro Nogueira será o candidato de Bolsonaro no Piauí

Depois de caminhar ao lado do PT nos últimos seis anos no Piauí, o senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, pretende disputar o governo estadual em 2022 como candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro na região. O PP é hoje o principal partido da base governista e Ciro tem trabalhado internamente para que o grupo não se divida, mesmo com os desgastes do governo federal em relação à pandemia.

Logo após a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que tornou Lula elegível, Nogueira admitiu que o retorno do petista seria benéfico para Bolsonaro. Além disso, o senador defendeu que o “lulismo” já não tinha a mesma força no Nordeste.

Do outro lado, o atual governador do Piauí, Wellington Dias (PT), trabalha para que o seu secretário de Fazenda, Rafael Fonteles, seja o candidato petista na região. A disputa entre o PP e o PT agora se dá em torno de quem irá conquistar o apoio dos demais partidos que compõe a aliança, entre eles o MDB, PL, PTB, PCdoB, Solidariedade, Republicanos e PSD.

Lula faz PSB de Pernambuco deixar PDT à espera

Principal reduto eleitoral do PSB, o estado de Pernambuco será decisivo na definição da aliança nacional que será composta pelo partido no ano que vem. A sigla, que chegou a tentar uma candidatura “outsider” para o Palácio do Planalto em 2022, se aproximou de Ciro Gomes, mas agora já faz acenos ao PT de Lula.

Atualmente, o PSB governa o estado e a prefeitura da capital. O prefeito de Recife, João Campos, chegou a se aproximar do apresentador de TV Luciano Huck, mas os diálogos ficaram nos bastidores. Na outra ponta, Ciro Gomes articula para que a aliança entre o PDT e o PSB construída em outros 13 estados seja mantida para a disputa presidencial.

“As alianças regionais criam o ambiente. Se você está junto com outro partido em dez estados, a (direção) nacional precisa observar essa realidade. Caso contrário, existiria, na prática, uma aliança nacional e outra regional, o que cria dificuldade”, defendeu o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, ao jornal O Estado de São Paulo.

Apesar disso, dirigentes do PSB já falam abertamente que uma possível composição com o PT não está descartada. Essa movimentação ocorre um ano depois da disputa municipal onde João Campos derrotou a candidata do PT Marília Arraes com o discurso do antipetismo. Mesmo assim, na avaliação desse grupo, a alta popularidade de Lula em Pernambuco facilitaria o caminho para manutenção da hegemonia do PSB no estado, que já dura 14 anos.

“É natural que as coisas se influenciem, mas o PSB vai apoiar aquele que se apresentar como a pessoa mais capaz de agregar forças políticas para vencer Bolsonaro e fazer um governo de união nacional. Não descartamos apoiar ninguém”, defendeu o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira ao Estadão.

Apesar disso, Ciro Gomes pretende avançar nas articulações no centro-sul do país na busca de chegar com fôlego no segundo turno contra o PT ou Bolsonaro. O pedetista pretende ter alianças em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná e em Minas Gerais.

Em São Paulo, por exemplo, o pedetista mantém diálogo com o governador João Doria (PSDB), que também tenta se viabilizar ao Palácio do Planalto, mas já admitiu que poderia abrir mão de sua candidatura para ser candidato à reeleição. Caso a aliança com os tucanos são seja viabilizada, Ciro também busca acordo com Márcio França (PSB), que é pré-candidato ao governo estadual.

Possível volta de Bolsonaro ao PSL estremece aliança no Espírito Santo

Sem partido desde 2019, o presidente Jair Bolsonaro não descarta um retorno ao PSL, partido pelo qual se elegeu em 2018, para sua reeleição em 2022. A sigla, que terá a segunda maior fatia do fundo eleitoral e do tempo de propaganda em TV, é vista por aliados de Bolsonaro como a alternativa viável por conta da estrutura.

No entanto, essa reaproximação do presidente com a Executiva Nacional do PSL pode acabar rachando a aliança que vinha sendo construída entre o governador do Espírito Santo, Renato Casa Grande (PSB) e o diretório estadual do PSL. Segundo o jornal A Gazeta, caso Bolsonaro retorne ao partido ele deverá ter o controle das executivas estaduais, e com isso, a aliança com o PSB seria revista.

Apesar de ser um partido de direita, o PSL no Espírito Santo vinha se aproximando de siglas de centro-esquerda na região nos últimos anos. Além do PSB no governo estadual, no ano passado o partido disputou a prefeitura da capital Vitória em uma aliança com o Cidadania.

PT deve ficar sem palanque no Distrito Federal

No Distrito Federal, o candidato do PT à presidência não deverá ter um palanque forte na capital do país. O partido sofre um desgaste na região e na disputa do governo em 2018 o candidato petista Júlio Miragaya ficou na nona colocação ao receber apenas 4% dos votos.

Tentando viabilizar sua candidatura à reeleição, o governador Ibaneis Rocha (MDB) já sinalizou que não pretende romper com Bolsonaro, no intuito de viabilizar o apoio do presidente no DF. Como a Gazeta do Povo mostrou, o MDB está no focado em reforçar sua bancada no Legislativo, o que deverá abrir caminho para os governadores formarem suas alianças regionais.

Do outro lado, o atual senador Reguffe (Podemos) articula sua candidatura ao Palácio do Buriti. O parlamentar se reaproximou do ex-governador do DF Rodrigo Rollemberg (PSB), que pretende disputar a cadeira do Senado na capital. A aliança deve garantir palanque presidencial para Ciro Gomes na capital. O pedetista é próximo de Rollemberg e dos lídres do PSB na capital.

Metodologia

Na Bahia, o instituto Paraná Pesquisas ouviu 2002 eleitores em 186 municípios do estado entre os dias 20 e 24 de março de 2021. A margem de erro é de 2% e o levantamento foi realizado por telefone com baianos com mais de 16 anos.

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