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CPI da Covid
Senadores da oposição abandonaram os trabalhos da CPI da Covid desta sexta-feira (18).| Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Os trabalhos da CPI da Covid na manhã desta sexta-feira (18) foram esvaziados após um bate boca entre os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Luis Carlos Heinze (PP-RS). A discussão entre os parlamentares começou depois que o relator da comissão afirmou que não iria fazer perguntas aos médicos Francisco Cardoso Alves e Ricardo Ariel Zimerman, que defendem tratamentos iniciais contra a Covid-19. Além de Calheiros, os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Humberto Costa (PT) também deixaram a sessão. A atitude foi bastante questionada pelos senadores governistas, que questionaram dispersão e afirmaram que a ação evidenciava a parcialidade da Comissão Parlamentar de Inquérito.

Senadores contra as lives de Bolsonaro

As discussões começaram logo depois que o vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmar que iria protocolar um requerimento para que os responsáveis pelas plataformas Facebook e Youtube fossem à comissão para explicar as lives transmitidas tradicionalmente todas as quintas-feiras pelo presidente Jair Bolsonaro. Ele argumentou que as transmissões são prejudiciais e propagam a desinformação, sem nenhum tipo de restrição por parte das redes sociais.

“O senhor presidente da República, ontem, em mais uma de suas lives, transmitida pelas redes sociais, voltou a falar que 'se contaminar pelo vírus é mais eficaz que a vacina'. Não é a primeira vez. O senhor presidente da República pode falar a besteira que quiser, ele só não tem o direito de produzir o aumento desses números (das mortes)”, afirmou o senador. “Por muito menos o Twitter e Facebook baniram o ex-presidente Donald Trump. Não se trata de censura”, garantiu o parlamentar.

Recusa por perguntas causa discussão

Em seguida, o relator Renan Calheiros (MDB-AL) também criticou as atitudes do presidente da República, afirmando que em função disso, ele se recusaria a fazer perguntas aos convidados. “Essa irresponsabilidade não pode continuar. Isso é a reiteração do crime. Um presidente da República não pode chegar a tamanha irresponsabilidade. Os brasileiros estão morrendo”, disse.

A atitude foi questionada pelo senador Luis Carlos Heinze (PP-RS). “Eu quero lamentar a atitude do senador em não ouvir os depoentes. São dois pesos e duas medidas.”  Aqui tem cientistas. Médicos, que trataram paciente. Foram 16 milhões de vida que esses médicos salvaram, afirmou Heinze, iniciando um bate-boca com Calheiros, que afirmou que o papel que o papel que o senador gaúcho estava fazendo era deprimente. “Deprimente é vossa excelência, relator da matéria, parcial. Vossa excelência faz o que quer. O senhor não é um promotor para condenar o tratamento ou as pessoas no Brasil. Senador, eu quero que o senhor questione os médicos sobre as pesquisas. Na sequência, Renan levantou e se retirou da sessão, acompanhado pelos senadores Randolfe Rodrigues e Humberto Costa.

CPI da Covid é parcial, dizem governistas

A atitude dos parlamentares da oposição foi bastante criticada pelos governistas, que questionaram a parcialidade dos trabalhos da comissão parlamentar de inquérito e tomaram grande parte do seu tempo durante a sessão para condenar a atitude dos demais colegas.

O senador Marcos Rogério (DEM-RO) fez um pedido ao presidente da comissão Omar Aziz (PSD-AM) para designar outro relator para a sessão e questionar os médicos convidados, o que foi negado. “O senador Renan, como relator, não quis fazer perguntas e ninguém vai fazer por ele”, disse.

A atitude foi contestada por Rogério, que voltou a indagar a parcialidade da CPI. “O relator abandona a CPI. Vai embora hoje porque realmente não interessa a busca pela verdade. Apenas uma parte da verdade. A gente tem dito isso desde o início da CPI e hoje isso está claro. Explícito para a Brasil inteiro”, disse. “O que ficou claro aqui é que o relator já tem uma sentença embaixo do braço. Hoje está evidente isso. Lamentável.”

Médicos defendem tratamento contra Covid

A sessão prossegue com o depoimento Francisco Cardoso Alves e Ricardo Ariel Zimerman. No decorrer da sessão, os profissionais estão sendo indagados pelos parlamentares sobre o uso de tratamentos alternativos contra a Covid-19 e questionados sobre estudos iniciais que indicavam e contraindicavam o chamado tratamento precoce contra a doença. Para Cardoso Alves, a ciência é dinâmica e todos os lados precisam ser ouvidos. “A ciência é dinâmica. Ela muda. Temos que ter sempre abertura para ouvir todos os lados. Nem sempre aquilo que parece é verdade.”

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