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Principal líder do Centrão, Arthur Lira é o candidato do Palácio do Planalto para substituir Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Principal líder do Centrão, Arthur Lira é o candidato do Palácio do Planalto para substituir Rodrigo Maia (DEM-RJ).| Foto: Wallace Martins/Estadão Conteúdo

O deputado federal Arthur Lira (PP-AL) lançou, nesta quarta-feira (9), sua candidatura à presidência da Câmara dos Deputados. Representantes de oito partidos, cujas bancadas somam 160 deputados, participaram da cerimônia. Lira é o primeiro nome a formalizar o interesse em participar da sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ), que deixa o comando da Câmara em fevereiro. Líder do Centrão, o parlamentar alagoano é o nome do presidente Jair Bolsonaro para a disputa.

Arthur Lira citou que sua candidatura é uma manifestação dos partidos de centro, que ele definiu como "a força moderadora que evita os extremos" dentro da Câmara. "Os partidos de centro sempre estiveram à disposição do Brasil", disse. O parlamentar mencionou que a resolução da questão sanitária que atinge o país será uma de suas prioridades no comando da Câmara e abordou que a definição do auxílio emergencial "precisa ser tratada com retidão".

O auxílio emergencial foi estabelecido pelo governo de Jair Bolsonaro como uma compensação em razão dos efeitos da pandemia de coronavírus, mas sua vigência expira ao fim de 2020 e não há sinalização de sua manutenção para o próximo ano.

O deputado Arthur Lira destinou parte de seu discurso na cerimônia de lançamento a promessas de "democratização" na gestão da Câmara. Disse que "as pautas serão socializadas" e que os líderes terão que conversar com a integridade das suas bancadas para a apresentação de temas para votação.

Outro aceno foi o de indicar que as relatorias serão distribuídas de acordo com a proporcionalidade partidária — as relatorias de projetos são cobiçadas pelos parlamentares por representarem um encaminhamento aos projetos que tramitam na Câmara, e sua definição é feita pelos presidentes de comissões, o que frequentemente gera descontentamento entre os deputados.

Lira falou também que se mobilizará para que a Mesa Diretora da Câmara tenha ao menos uma mulher em sua composição. Atualmente, há exatamente uma única mulher no comando da casa: Soraya Santos (PL-RJ), primeira-secretária da instituição. Ao fazer o aceno às mulheres, Lira citou a deputada Flávia Arruda (PL-DF) e disse que ela "já deveria ser a presidente" da Comissão de Orçamento.

A comissão ainda não foi instalada em 2020 e seu comando foi tema de uma disputa entre Lira e Elmar Nascimento (DEM-BA), que alega que um acordo firmado entre os parlamentares no começo do ano daria a ele a presidência do colegiado. Lira e outros deputados apontam que as circunstâncias da época da criação do acordo não estão mais mantidas e por isso a presidência não deveria mais caber a Nascimento. Arruda é a apoiada pelo grupo de Lira.

Lira, que é o líder do PP, não mencionou o nome do presidente Bolsonaro durante sua fala, mas sua candidatura é tida como a apoiada oficialmente pelo Palácio do Planalto. Mais cedo, o presidente atual da Câmara, Rodrigo Maia, havia dito em entrevista coletiva que o governo estava "desesperado" para assumir o comando da Câmara. Maia deve apoiar outro nome para a sua sucessão.

Lira é "cumpridor de acordos", dizem aliados

O lançamento da candidatura de Arthur Lira teve como "mestre de cerimônias" o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI) e contou com representantes de outros sete partidos: PL, PSD, Avante, Patriota, Solidariedade, Pros e PSC. Nogueira disse também que o PTB pode apoiar o projeto.

Apesar do endosso de Nogueira à candidatura de Lira, o PP pode ter outro nome na disputa pela presidência da Câmara: Aguinaldo Ribeiro (PB), que é alinhado a Rodrigo Maia.

Os líderes dos partidos que discursaram na cerimônia citaram, entre outros aspectos, o perfil "cumpridor de acordos" de Arthur Lira. André Ferreira (PSC-PE) declarou que Lira tem "lealdade aos amigos". Fred Costa (Patriota-MG) chamou Lira de "líder nato" e disse que o deputado "ouve, dialoga e é cumpridor". "Ele vai atuar na condição de magistrado", acrescentou.

Segundo Costa, as eleições municipais de novembro "transmitiram o recado de que a população quer equilíbrio" e Lira seria o nome indicado para entregar o quadro. Diego Andrade (PSD-MG) falou que Lira "está preparado para votar as reformas" e que "o povo brasileiro quer resposta, quer votação, pro sim ou pro não".

Já Wellington Roberto (PL-PB) disse que Lira mostrou "que não quer privatizar a Câmara". Em sua fala, o líder do PL também destacou o fato de que seu colega de partido, Marcelo Ramos (AM), desistiu da candidatura à presidência e passou a apoiar o nome de Lira. O slogan da campanha de Lira é "para toda a Câmara ter voz".

Arthur Lira é "neoaliado" de Bolsonaro

Arthur Lira é, além de líder do PP, líder de um bloco que reúne outros quatro partidos: Solidariedade, Avante, PL e PSD. O grupo contava, até julho, com MDB e DEM, e é a formalização do que se chama de Centrão da Câmara.

O parlamentar está em seu terceiro mandato como deputado federal e intensificou a aproximação com o presidente Bolsonaro a partir do primeiro semestre. Em abril, Lira e Bolsonaro gravaram um vídeo em tom amistoso no Palácio do Planalto que se tornou uma espécie de "marco" da conexão entre o deputado e o presidente.

Na eleição de 2018, o PP de Lira compôs a coligação de Geraldo Alckmin (PSDB). Já em 2014, o partido esteve na chapa de Dilma Rousseff (PT). Lira votou pelo afastamento de Dilma em 2016; em artigo publicado na Folha de S. Paulo na última segunda-feira (7), o parlamentar disse que a "democracia já estava em vertigem em 2016, no impeachment da presidenta Dilma".

Lira foi alvo de investigações da operação Lava Jato e é acusado de fazer parte do chamado "quadrilhão do PP", organização que, segundo o Ministério Público, teria poder sobre diretorias da Petrobras e conduziria de forma ilícita negociações da estatal.

Recentemente, Lira foi investigado por supostamente liderar um esquema de "rachadinhas" na Assembleia Legislativa de Alagoas, onde foi deputado estadual entre 2003 e 2010. Ele foi absolvido porque o juiz responsável pelo caso entendeu que as provas apresentadas pelo Ministério Público eram ilícitas.

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